Com o plano de recuperação judicial homologado nesta segunda-feira, a Americanas prevê chamar uma assembleia geral extraordinária de acionistas para aprovar o aumento de capital em maio e concluir a operação em junho.
Segundo a diretora financeira da companhia, Camille Faria, a capitalização não depende da divulgação do balanço do quarto trimestre, que está prevista para 26 de março, e também não exige que a demonstração financeira tenha o parecer da auditoria externa. “Mesmo que a divulgação do quarto trimestre atrase, isso não afeta o aumento de capital”, diz a executiva.
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O plano de recuperação judicial da Americanas, aprovado em dezembro, prevê uma capitalização de R$ 24 bilhões, sendo R$ 12 bilhões de aporte dos acionistas de referência — Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira — e R$ 12 bilhões em conversão de dívida em equity por credores financeiros, majoritariamente bancos, que apoiaram o plano e devem passar a deter cerca de 48,2% da empresa após o aumento de capital, sem considerar o exercício do direito de preferência da base de acionistas.
O trio de acionistas de referência já aportou R$ 1,5 bilhão e se comprometeu a adiantar outros R$ 3,5 bilhões por meio de financiamentos na modalidade DIP (Debtor-in-Possession) com garantia em recebíveis até 15 de março, montantes que serão abatidos dos R$ 12 bilhões que cabem aos empresários no acordo. “Esses recursos do DIP de R$ 3,5 bilhões serão usados para pagar credor colaborador”, diz Faria.
Segundo ela, o aumento da despesa de 10,6% nos primeiros nove meses de 2023 teve apenas efeito contábil, com a contabilização dos juros, porque o plano de recuperação judicial ainda não tinha sido homologado, mas isso deve cair com o aumento de capital e homologação do plano.
Sobre as tentativas de venda dos negócios da rede Hortifruti e do grupo de franquias Uni.co, apesar de estar previsto no plano que as transações devem ocorrer em até dois anos, a empresa continua com esse processo paralisado. “Vamos retomar no momento que acharmos que for conveniente”, disse Faria.
Já em relação à Ame, braço financeiro da varejista, Faria diz que o negócio terá um papel importante no financiamento e fidelização dos clientes. “Queremos atingir o breakeven da Ame em 2024”, afirma.