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    Salgado conta que vibrou ao se tornar octogenário, em fevereiro. “Você não pode calcular o tamanho da minha felicidade. Eu cheguei lá, porra! Sobrevivi, mesmo me arriscando tanto. Não é fantástico?” Foto: Divulgação/Leila W. Salgado

vultos da fotografia

“Envelhecer não significa tirar fotos melhores”

Com 80 anos, Sebastião Salgado rejeita a aposentadoria, prepara uma exposição sobre fábricas soviéticas e conta que já trabalhou como cantor

Armando Antenore, do Rio de Janeiro | 17 jun 2024_08h53
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Há pelo menos quatro décadas, Sebastião Salgado cultiva o hábito de cantar enquanto fotografa. Ô Inácio, ô Inácio/ Tua mãe é minha tia/ Ô Inácio, ô Inácio/ Somos da mesma família. Às vezes, o canto irrompe baixinho, quase num sussurro. Outras vezes, sai mais audível, embora não o suficiente para afugentar os retratados. Ô Inácio, ô Inácio/ Muié parida não come/ Ô Inácio, ô Inácio/ Farinha do mesmo dia. Eclético, o repertório de Salgado mescla uma infinidade de composições brasileiras com algumas em inglês, espanhol e francês, idiomas que o fotógrafo conhece bem. Ô Inácio, ô Inácio/ Se ela comê, ela morre/ Ô Inácio, ô Inácio/ Ou a criança não se cria. “Sei todas as canções de memória. São dezenas ou, talvez, uma centena – desde clássicos do Chico, Gil, Caetano e Luiz Gonzaga até modas de viola e músicas folclóricas como a do Inácio, que escutei na roça”, diz o mineiro de Aimorés. Um mês atrás, Salgado inaugurou uma pequena, mas significativa mostra em São Paulo. Organizada pelo Museu da Imagem e do Som (MIS), a exposição – que termina no final de junho – reúne aproximadamente cinquenta fotos inéditas sobre os desdobramentos da Revolução dos Cravos. O levante cívico-militar estourou em 25 de abril de 1974 e derrubou a ditadura que assombrou Portugal durante 48 anos. A rebelião também contribuiu para a independência de Angola, Moçambique e outras colônias lusitanas na África. Muié danada, essa dona Maria/ Que dorme de noite, que acorda de dia/ Com a mão lá embaixo, coçando as virilha/ Se não fosse os homi, as muié não paria.

O costume de cantarolar no trabalho nasceu de uma necessidade. “O meu ofício exige concentração total. Preciso estar inteiramente conectado àquilo que pretendo registrar. Certas fotos demandam tamanha atenção que me deixam exausto. Tão logo as concluo, tenho que deitar no chão para relaxar”, explica o fotógrafo. Ele acredita que qualquer distração pode impedi-lo de fisgar o “instante decisivo” – o milésimo de segundo em que todos os elementos de uma cena se equilibram e revelam a essência daquela situação, como definiu Henri Cartier-Bresson, outro nome crucial da fotografia. “No início de minha carreira, usava câmeras analógicas com filmes de 36 poses. Era um problemaço”, continua Salgado. “Eu perdia a concentração sempre que o filme acabava. O simples ato de rebobinar a película, retirá-la da máquina, guardá-la e substituí-la já me roubava o foco. Com o tempo, notei que permaneceria concentrado se cantasse enquanto fotografava e prosseguisse cantando no momento de trocar o filme.” O mineiro preservou a cantoria mesmo depois de aderir às máquinas digitais.

Soltar a voz o remete invariavelmente à infância. “A Rádio Cultura, de Aimorés, transmitia um programa de calouros que me fascinava. Os candidatos se apresentavam ao vivo, no estúdio da própria emissora.” Apesar de criança, o fotógrafo participava frequentemente da atração. “Eu me saía bem, viu? Aos 8 anos, tirei até uma carteira profissional de cantor.”

Em fevereiro, quando se tornou octogenário, Salgado protagonizou uma reportagem no jornal The Guardian que repercutiu muito por aqui. De acordo com o diário britânico, o aniversariante iria “se aposentar do campo” (“retire from the field”) e devotar o resto da vida à edição das mais de 500 mil imagens que vem produzindo desde a década de 1970. Parte da imprensa brasileira entendeu – e noticiou – que o mineiro penduraria as lentes em definitivo para virar algo como um curador de si mesmo. “Não é bem assim”, esclarece Salgado. “Vou continuar exercendo a função de fotógrafo. Abdicarei somente dos projetos extensos – aqueles que requerem seis ou sete anos de dedicação. Me parece imprudente que um homem da minha idade assuma compromissos de longo prazo.” Os fãs, portanto, já não devem esperar dele ensaios tão ambiciosos quanto Êxodos, um retrato dos fluxos migratórios que marcaram o fim do século XX, ou Gênesis, sobre ecossistemas que resistem às ameaças da sociedade industrial e seguem intocados. “De agora em diante, priorizarei empreitadas menores”, anuncia. “Se depender de mim, nunca vou parar de fotografar.” Nem de cantar, obviamente.

 

Os 51 anos de profissão, que levaram o fotógrafo para mais de 130 países, lhe deixaram marcas no corpo. Em 1975, Salgado cobria a guerra civil angolana quando um estilhaço de granada o atingiu. “Foi à tardinha. Eu me encontrava em Luanda, perto de uma fortaleza antiga, a de São Pedro da Barra. Estava com uma tropa de guerrilheiros esquerdistas, que portavam fuzis russos, os célebres Kalashnikov. A gente descansava numa clareira, dentro da mata, onde os combatentes acharam uma bola de pano e começaram um joguinho de futebol. O barulho da pelada despertou a atenção do grupo inimigo, que ocupava a fortaleza. Os caras nos atacaram, e uma das granadas quase arrancou a perna de um guerrilheiro. ‘Não me abandones, pá!’, gritou o jovem para mim. Com a colaboração de outro rapaz, botei o ferido nas costas e fugi. O coitado sangrava à beça. A perna dele ficou presa só na pele. Um negócio tenebroso… Enquanto o pau quebrava, um pedaço de granada se alojou no meu peito. Mais tarde, ouvi do médico que me examinou: ‘Você deu muita sorte. Por um triz, o estilhaço não alcançou o coração.’”

Pouco antes, em 1974, o fotógrafo já havia driblado a morte. Ele reportava os conflitos anticoloniais que incendiavam Moçambique e, no Norte do país, descolou uma carona com o Exército português. “Às tantas, nosso caminhão passou sobre uma mina terrestre. Buuum! A explosão matou o pobre do chofer e machucou o oficial que o acompanhava na cabine. Eu viajava em cima da carroceria, totalmente aberta. Por isso, voei longe. Mal aterrissei, percebi uma fisgada na cervical. À época, um médico me avisou: ‘Você vai melhorar logo, mas terá sequelas quando envelhecer.’ Hoje preciso de fisioterapia duas vezes por semana. Do contrário, o meu pescoço reclama.”

Em fevereiro de 1999, na Turquia, houve mais um percalço. Salgado retratava o movimento nacionalista dos curdos – população que reivindica uma parcela dos territórios iraniano, sírio, iraquiano e turco com o intuito de fundar um Estado próprio. “A polícia de Istambul provavelmente me monitorava. Num domingo de manhã, uns sete agentes avançaram contra mim em plena rua. Os brutamontes chutaram um dos meus tendões de Aquiles até rompê-lo. Doeu horrores. Eu não conseguia erguer o pé, que inchou na hora. Só me recuperei após uma cirurgia.”

Por causa de quedas ou escorregões que sofreu durante outras missões, o fotógrafo também operou o joelho direito e os dois ombros. Não bastasse, em 2010, na Nova Guiné, contraiu uma variedade grave de malária, a transmitida pelo protozoário Plasmodium falciparum. A doença comprometeu severamente o sistema imunológico de Salgado. “Minha máquina de fabricar glóbulos brancos e plaquetas quebrou. Não funciona mais de maneira adequada.” Em decorrência, aumentam as chances de tromboses, hemorragias, infecções e leucemia. “Faço exames periódicos para controlar as taxas sanguíneas. De resto, estou saudável. Sou bom como um coco!” Ele afirma que vibrou intensamente quando completou 80 anos. “Você não pode calcular o tamanho da minha felicidade. Eu cheguei lá, porra! Sobrevivi, mesmo me arriscando tanto. Não é fantástico?”

Enquanto se defrontava com os perigos do ofício, o mineiro jamais deixou de sentir medo. “Que ninguém se iluda: não tenho nada de Super-Homem. Em situações tensas, minhas pernas bambeiam, a boca seca, e uma hesitação se insinua. Só que nenhum receio supera meu imenso desejo de ver o mundo.” Para o ensaio Gênesis, lançado em 2013, Salgado se embrenhou pelo Alasca e documentou a Cordilheira Brooks. “Fui no verão. Um aviãozinho me largou sobre uma vasta planície e me buscou depois de uma semana. Fiquei absolutamente sozinho ali, subindo e descendo aquelas montanhas. Eu sabia que corria três grandes riscos: deparar com um urso faminto, cair nas águas congelantes de algum rio ou tropeçar em meio às escaladas e fraturar uma perna. Claro que o medo me rondava incansavelmente. No entanto, o prazer de observar paisagens tão magníficas compensava tudo. Era genial! Alcançar o topo de uma montanha e me enxergar como parte do universo vegetal, do universo mineral… Nada me gratifica mais do que entrar em comunhão com o planeta.”

 

Embora não vá se aposentar do campo, o mineiro está, sim, dedicando um esforço maior à garimpagem do próprio acervo, conforme adiantou o Guardian. A designer, cenógrafa, produtora e ambientalista Lélia Wanick Salgado o auxilia na tarefa. A capixaba de Vitória e o fotógrafo se conheceram em 1964. Casaram três anos depois e tiveram dois filhos. Há mais de cinco décadas, moram em Paris, onde também ficam os arquivos do casal. Desde que se uniram, Tião e Lelinha – apelidos carinhosos que gostam de usar – trabalham juntos. A designer não apenas faz o projeto gráfico de todos os livros do parceiro como assina a curadoria das mostras dele.

A exposição no MIS paulistano já é resultado das incursões que a dupla anda empreendendo pelas milhares de imagens cuidadosamente guardadas. Em abril de 1974, quando a Revolução dos Cravos eclodiu, Salgado estava fora de Portugal. O fotógrafo só chegou à capital do país um mês após a insurreição, na companhia da mulher e do primogênito. “Percorremos de automóvel os quase 1,5 mil km que separavam nossa residência parisiense de Lisboa. Eu dividia com Lelinha o volante de um Renault bem compacto. O Juliano, ainda bebê, viajava no banco de trás, dentro de uma cesta. A gente dirigia praticamente sem parar. Mandamos pau naquele carrinho… Queríamos muito presenciar e registrar a alegria dos portugueses.”

Na ocasião, as Forças Armadas governavam o Brasil havia dez anos. Não por acaso, a sublevação em Portugal inundava Salgado e a companheira de esperanças. Se os lusos conseguiram vencer uma ditadura tão ferrenha, os brasileiros também poderiam lograr façanha semelhante. O mineiro cursava economia e nem sequer imaginava adotar a profissão de fotógrafo no dia em que os militares expulsaram o presidente João Goulart de Brasília e assumiram o poder. Tempos depois, insatisfeitos com o regime autoritário, o economista recém-formado e a mulher se ligaram à Ação Libertadora Nacional. O grupo de esquerda abraçou a luta armada na infrutífera tentativa de derrotar os generais, almirantes e brigadeiros.

“Em 1969, a repressão aumentou por causa do Ato Institucional n.º 5, decreto que reduzia ainda mais os nossos direitos políticos e civis. Toda hora, recebíamos notícias de torturas contra oposicionistas. Apavorados, resolvemos nos exilar. Trocamos São Paulo, onde vivíamos, por uma jornada de estudos em Paris”, recorda Salgado. Ele ingressou na Ensae, prestigiosa escola de estatística e administração econômica, mas acabou não defendendo a tese que o tornaria doutor. Já Lélia aproveitou o degredo francês para se graduar em arquitetura. 

Como a faculdade lhe exigia fotografar prédios e outros tipos de edificações, a capixaba decidiu arranjar uma câmera. Em junho de 1970, numa loja de Genebra, comprou uma Pentax Spotmatic II e três lentes: uma normal, uma grande angular e uma teleobjetiva. Salgado tinha 26 anos e, até então, jamais se interessara por equipamentos fotográficos. Mesmo assim, sentiu uma vontade irresistível de manusear a câmera da parceira. “No momento em que olhei pelo visor, me transformei completamente. Rolou uma epifania ou algo do gênero. Descobri a possibilidade de materializar em imagens tudo que me dava prazer, que considerava bonito ou que me revoltava.” Rapidamente, o mineiro aprendeu como lidar com a Pentax e revelar negativos. Lélia posou para a primeira foto que o marido tirou. A modelo casual estava diante de uma janela. 

Em 1971, Salgado debutou no fotojornalismo, ainda que de maneira diletante. Foi uma estreia glamourosa: o aprendiz clicou ninguém menos que Jorge Amado. O romancista baiano passava uns dias em Paris, onde a Academia do Mundo Latino lhe concederia um prêmio. Por sugestão de uma amiga, o jovem fotógrafo compareceu à homenagem e presenteou o escritor com os registros da cerimônia. Naquele mesmo ano, Tião e Lelinha deixaram a França, já que a Organização Internacional do Café ofereceu um emprego para o mineiro em Londres. Ele ocupou o cargo de secretário e, durante as reiteradas viagens de trabalho pela África, não desperdiçou as oportunidades de exercitar o novo hobby. Logo percebeu que fotografar o satisfazia “dez vezes mais” do que elaborar relatórios econômicos. 

A constatação desencadeou uma drástica mudança de rumo. Em 1973, após sair do emprego londrino, Salgado retornou à capital francesa e se profissionalizou como fotógrafo. De início, retratava imigrantes portugueses nas comunidades pobres de Paris e negociava as reportagens com instituições sociais ou jornais católicos. Mal juntou um dinheirinho, voou até o Níger e cobriu a onda de fome que assolava o país africano. Graças às fotos realizadas por lá, ganhou o suficiente para adquirir câmeras e lentes melhores, da marca Leica. Ele as utilizou quando acompanhou a tumultuada fase que sucedeu a Revolução dos Cravos. Entre 1974 e 1975, o mineiro fotografou tanto a redemocratização de Portugal quanto a descolonização de Moçambique e Angola. Duas importantes agências da França o contrataram no período: primeiro, a Sygma e, depois, a Gamma. Em 1979, Salgado se transferiu para a Magnum, onde permaneceu por quinze anos. Ali ficou amicíssimo de Cartier-Bresson, que criou a lendária cooperativa de fotógrafos com Robert Capa, George Rodger e David Seymour no dia 6 de fevereiro de 1947.

 

O mergulho de Tião e Lelinha pelo acervo parisiense vai gerar mais uma exposição, agora sobre as fábricas e os operários da extinta União Soviética. O museu Wende – instituição de Los Angeles que busca preservar e divulgar a memória da Guerra Fria – abrirá a mostra em maio de 2026. “Produzi as fotos enquanto preparava o livro Trabalhadores”, conta Salgado. A publicação de 1993 exibe homens e mulheres em atividades braçais normalmente penosas, como a construção de barragens na Índia, o garimpo na Amazônia, a luta contra o fogo nos poços petrolíferos do Kuwait e a pesca do atum na Sicília.

Boa parte das imagens captadas dentro das indústrias soviéticas se mantém inédita. Raros fotógrafos ocidentais obtiveram autorização para visitar aquelas fábricas. “O socialismo convertia os operários em donos das companhias. Eles mesmos decidiam o modo de organizá-las. Trabalhavam duro, mas usufruíam de alguns luxos espetaculares. Descansavam em áreas com aquário, música erudita, sauna e cadeiras relaxantes. Podiam, inclusive, festejar aniversários nas linhas de montagem. Cessavam de atarrachar peças ou apertar parafusos e bebiam champanhe.” 

Pouco depois de se exilar em Paris, Salgado – então marxista-leninista – cogitou estudar engenharia mecânica numa universidade de Moscou. “Desisti porque o Roberto Morena, militante histórico do Partido Comunista Brasileiro, me disse: ‘Não vá! O comunismo na União Soviética acabou. Uma oligarquia tomou o poder e se encheu de privilégios. Melhor você continuar na França.’”

O fotógrafo documentou a rotina das indústrias entre 1985 e o começo dos anos 1990. Para acessar as fábricas, barganhou com um figurão da Novosti, a agência local de informações. O mandachuva colecionava orquídeas. “Eu queria tanto umas espécies do Brasil… Se você as trouxer, vai gozar de trânsito livre por todo o nosso território”, propôs o burocrata. Como a mãe de Lélia também cultivava orquídeas, Salgado conseguiu 36 variedades capixabas da flor e as levou pessoalmente para o chefão. “O homem só faltou me coroar. Ele me abraçava, me beijava, me dava tapinhas nas costas.”

O mineiro garante que se lembra perfeitamente do ensaio soviético. “Recordo cada detalhe: o cheiro das indústrias, a abertura do diafragma de minha câmera, a velocidade com que fotografei… Tenho memória afiada. Preciso ter.” Inúmeras vezes, Salgado viajou sem a companheira e os filhos. Despedia-se dos três em Paris e ganhava a estrada. Nessas circunstâncias, as lembranças de casa ou de antigas experiências profissionais amenizavam a solidão. Memorizar o salvava.

Para o fotógrafo, não existe muita diferença entre as imagens que fez recentemente e as do passado. “Desde o princípio, meu trabalho resulta dos elementos que absorvi no interior de Minas Gerais quando pequeno. O que me guia é a herança visual daquela época. Eu a carrego em mim. Por isso, minha fotografia continua praticamente a mesma. Houve poucas alterações no decorrer do tempo. Envelhecer não significa tirar fotos melhores.”

Todo ano, o pai do mineiro – que possuía diversas fazendas – juntava 2 mil cabeças de gado em Aimorés e as conduzia para o matadouro mais próximo, na cidade fluminense de Campos dos Goytacazes. O filho participava da comitiva. “Cavalgávamos 45 dias até o nosso destino.” No percurso, o garoto observava atentamente as montanhas, os rios, a vegetação e os bichos. Por ser branquinho, costumava evitar o Sol. Estava sempre à procura da sombra e se protegia com chapéus de abas largas, uma recomendação da mãe. As paisagens, em consequência, chegavam às retinas do menino sob certa penumbra. “Entendeu agora por que fotografo tanto na contraluz?”

O barroco de Minas também influenciou Salgado. “Repare na composição, nas formas, nas cores, no drama das minhas fotos. É puro barroco! Já me acusaram de estetizar a pobreza. Não concordo. Nunca me interessei especificamente pela miséria do mundo nem pela beleza física de ninguém – pelo narizinho bonito, pelo olho bonito. Apenas retrato a dignidade das pessoas nos lugares onde vivem e conforme o meu legado cultural, imagético e ideológico.”

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