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    CRÉDITO: ANDRÉS SANDOVAL_2024

esquina

Lobão na toca da esquerda

Uma noite de reconciliação no Circo Voador

Luigi Mazza | Edição 214, Julho 2024

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Luciano Medeiros olhou para um lado, depois para o outro, e disparou: “Tô sentindo cheiro de maconha. Como pode, se aqui só tem bolsominion?” Por volta das nove da noite, a plateia ia se avolumando no Circo Voador, a mais tradicional casa de shows da contracultura carioca. Camisetas pretas em profusão – com estampa de bandas antigas como Led Zeppelin, ou homenageando filmes como De volta para o futuro. Medeiros, de 49 anos, trajando uma blusa azul e um rubríssimo boné do MST, era uma notável exceção na paisagem.

“Fiz questão de vir assim”, gabou-se. Encostado numa palmeira, bebericando ao lado da esposa, definiu Lobão em duas palavras: “Decepção total.” Tinha 19 ou 20 anos quando comprou pela primeira vez um disco do cantor carioca. Considerava-se um jovem “meio doido” e contestador, e enxergava em Lobão as mesmas qualidades. Por isso, ficou chocado com sua guinada reacionária nos anos recentes. Ainda assim, Medeiros – hoje professor de física numa universidade federal – fez questão de ir ao show. Para manter intactas as boas memórias, ele tenta separar o Lobão bolsonarista do Lobão músico. “Não sei se Chopin era de esquerda”, justificou.

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