A fome e a insegurança alimentar

avançam em todo o Brasil

No fim de 2020, 19,1 milhões de brasileiros/as conviviam com a fome. Em 2022, são 33,1 milhões de pessoas sem ter o que comer.

1%=

2 milhões
de pessoas

Crédito: Sara Gehren

Ao olhar para a fome, é importante lembrar que cada número absoluto representa a vida de uma pessoa. E que mudanças em percentuais de insegurança alimentar — ainda que pareçam pequenas — significam milhões de pessoas convivendo cotidianamente com a fome.

Insegurança alimentar é a condição de não ter acesso pleno e permanente a alimentos. A fome representa sua forma mais grave.

A FOME AFETA E DIZ RESPEITO
A TODAS AS PESSOAS.

Chega de gente com fome.

Acesse o II Inquérito de Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 (II VIGISAN) e mobilize-se contra a escalada da fome.
Acesse o II Inquérito de Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da
Covid-19 (II VIGISAN) e mobilize-se contra a escalada da fome. Em sua segunda edição, o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil (II VIGISAN) analisa dados coletados entre novembro de 2021 e abril de 2022, a partir da realização de entrevistas em 12.745 domicílios, em áreas urbanas e rurais de 577 municípios, distribuídos nos 26 estados e Distrito Federal. A Segurança Alimentar e a Insegurança Alimentar foram medidas pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia). Agora, este estudo inédito sobre a escalada da fome está à disposição de toda a sociedade.

Chega de gente com fome.

Acesse o II Inquérito de Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da
Covid-19 (II VIGISAN) e mobilize-se contra a escalada da fome.

Em sua segunda edição, o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil (II VIGISAN) analisa dados coletados entre novembro de 2021 e abril de 2022, a partir da realização de entrevistas em 12.745 domicílios, em áreas urbanas e rurais de 577 municípios, distribuídos nos 26 estados e Distrito Federal. A Segurança Alimentar e a Insegurança Alimentar foram medidas pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia). Agora, este estudo inédito sobre a escalada da fome está à disposição de toda a sociedade.

Insegurança alimentar se agrava no Brasil e a fome segue crescendo

Olhamos para a fome quando os dados (alarmantes) do Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil (I VIGISAN) foram publicados em 2021. Naquele contexto, vimos que a fome havia retornado aos patamares de 2004.

Em 2022, a nova edição da pesquisa, desenvolvida pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede PENSSAN), como parte do projeto VIGISAN, mostra que a insegurança alimentar se tornou ainda mais presente entre as famílias brasileiras.

O número de domicílios com moradores passando fome saltou de 9% (19,1 milhões de pessoas) para 15,5% (33,1 milhões de pessoas). São 14 milhões de novos brasileiros/as em situação de fome em pouco mais de um ano.

A continuidade do desmonte de políticas públicas, a piora na crise econômica, o aumento das desigualdades sociais e o segundo ano da pandemia da Covid-19 mantiveram mais da metade (58,7%) da população brasileira em insegurança alimentar, nos mais variados níveis de gravidade.

33,1
milhões

DE BRASILEIROS/AS ESTÃO
PASSANDO FOME

Mais da metade da população do país —
125,2 milhões de pessoas — vive com
algum grau de insegurança alimentar

Segurança
alimentar

Insegurança
alimentar moderada

Insegurança
alimentar leve

Insegurança
alimentar grave

2021
2022

VIGISAN

2020

VIGISAN

2013

PNAD

2004

PNAD

2018

POF

2009

PNAD

2021
2022

VIGISAN

33,1
milhões

DE BRASILEIROS/AS ESTÃO
PASSANDO FOME

Mais da metade da população do país —
125,2 milhões de pessoas — vive com
algum grau de insegurança alimentar

Segurança
alimentar

Insegurança
alimentar moderada

Insegurança
alimentar leve

Insegurança
alimentar grave

2004

PNAD

2009

PNAD

2013

PNAD

2018

POF

2020

VIGISAN

2020

VIGISAN

2018

POF

2013

PNAD

2004

PNAD

2009

PNAD

A insegurança alimentar ocorre quando uma pessoa não tem acesso regular e permanente a alimentos. Ela é classificada em três níveis:

LEVE

Incerteza quanto ao acesso a alimentos em um futuro próximo e/ou quando a qualidade da alimentação já está comprometida

MODERADA

Quantidade insuficiente de alimentos

GRAVE

Privação no consumo
de alimentos e fome

Créditos (esquerda para direita): Brenda Alcântara, Sara Gehren, Ouricuri Nilva, Ventana Filmes, Ratão Diniz

Retrocesso histórico

O Brasil já foi referência internacional no combate à fome. Entre 2004 e 2013, políticas públicas de erradicação da pobreza e da miséria reduziram a fome para menos da metade do índice inicial: de 9,5% para 4,2% dos lares brasileiros. Hoje, infelizmente, o país é outro.

Se a pesquisa anterior mostrava que, no final de 2020, a fome havia retornado aos patamares de 2004, em 2022 a realidade é ainda pior. De 9% dos domicílios com moradores passando fome, saltamos para 15,5% — 33,1 milhões de brasileiros/as. Isso quer dizer que, de um período para o outro, 14 milhões de pessoas passaram a conviver com a fome no dia a dia.

Desde a Pesquisa de Orçamentos Familiares de 2018 (POF-IBGE), muitas famílias migraram dos níveis de menor gravidade de insegurança alimentar para os de maior gravidade. É uma trajetória que mostra que o direito humano à alimentação adequada vem sendo sistematicamente violado, provocando uma tragédia no presente e impactando o futuro da população brasileira.

Em 2021/2022 (II VIGISAN), 125,2 milhões de brasileiros/as não tinham certeza se teriam o que comer no futuro próximo, limitando a qualidade ou quantidade de alimentos para as refeições diárias — um aumento de 7,2% em relação a 2020. Se compararmos com dados de 2018 (última estimativa nacional antes da pandemia de Covid-19), quando a insegurança alimentar atingia 36,7% dos lares brasileiros, o aumento chega a 60%.

A geografia
da fome
persiste

Em média, considerando todas as regiões, 3 em cada 10 famílias relataram incerteza quanto ao acesso a alimentos em um futuro próximo e preocupação em relação à qualidade da alimentação no futuro imediato.

4 em cada 10 famílias das regiões Norte e Nordeste, 3 em cada 10 das regiões Centro-Oeste e Sudeste, e 2 em cada 10 da região Sul relataram redução parcial ou severa no consumo de alimentos nos três meses que antecederam as entrevistas do II VIGISAN.

As formas mais severas de insegurança alimentar (moderada ou grave) atingem fatias maiores da população nas regiões norte (45,2%) e nordeste (38,4%).

Selecione a região:

#AFomeTemLugar

Percentual da população
convivendo com formas mais
severas de insegurança alimentar
(moderada e grave)

Veja os dados por Estado

Acesse o Suplemento I do II Inquérito de Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 (II VIGISAN) e mobilize-se contra a escalada da insegurança alimentar nos estados.

Este Suplemento detalha as condições de Segurança Alimentar e os níveis de Insegurança Alimentar nas unidades federativas do Brasil. As análises abrangem uma amostra de 12.745 domicílios localizados em 577 municípios de áreas urbanas e rurais, distribuídos nas cinco macrorregiões brasileiras e contemplando os 26 estados e o Distrito Federal. A coleta de dados ocorreu entre novembro de 2021 e abril de 2022. Os resultados mostram desigualdades sociais e de acesso aos alimentos não apenas entre as macrorregiões, mas também entre os estados de uma mesma macrorregião.

Veja os dados por estado

Acesse o Suplemento I do II Inquérito de Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 (II VIGISAN) e mobilize-se contra a escalada da insegurança alimentar nos estados.

Em sua segunda edição, o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil (II VIGISAN) analisa dados coletados entre novembro de 2021 e abril de 2022, a partir da realização de entrevistas em 12.745 domicílios, em áreas urbanas e rurais de 577 municípios, distribuídos nos 26 estados e Distrito Federal. A Segurança Alimentar e a Insegurança Alimentar foram medidas pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia). Agora, este estudo inédito sobre a escalada da fome está à disposição de toda a sociedade.

Crédito: Túlio Martins 

No campo ou na cidade,
a fome se alastra

A insegurança alimentar está presente em mais de 60% dos domicílios das áreas rurais. Desses, 18,6% das famílias convivem com a fome, valor maior do que a média nacional. A pobreza das populações rurais, associada ao desmonte das políticas de apoio às populações do campo, da floresta e das águas, continua impondo a fome.

#AFomeTemLugar

No Brasil, quem planta tem cada vez menos o que comer

A fome atingiu 21,8% dos lares de agricultores(as) familiares e pequenos produtores(as) rurais. Se olharmos para as formas mais severas de insegurança alimentar (moderada e grave), o total chega a 38% dos domicílios – cenário ainda mais preocupante nas regiões Norte (54,6%) e Nordeste (43,6%).

Percentualmente,
a situação dos habitantes na
área rural é mais grave. E
número de pessoas famintas
em área urbana —
cerca de 27,4 milhões — é
estarrecedor.

#AFomeTemCor

Situação de insegurança alimentar

65%

46,8%

Convive com a fome

18,1%

10,6%

Lares chefiados
por pessoas negras

Lares chefiados
por pessoas brancas

O aumento da fome na população negra é de 70%

Mesmo quando os rendimentos mensais ficam acima de um salário mínimo por pessoa, a insegurança alimentar é maior nos domicílios onde a pessoa de referência se autodeclara preta ou parda.

Enquanto a segurança alimentar está presente em 53,2% dos domicílios onde a pessoa de referência se autodeclara branca, nos lares com responsáveis de raça/cor preta ou parda ela cai para 35%. Em outras palavras, 65% dos lares comandados por pessoas pretas e pardas convivem com restrição de alimentos.

Nas residências comandadas por pessoas de cor/raça preta ou parda, a segurança alimentar teve uma redução expressiva entre 2020 e 2022, passando de 41,5% para 35%. O contrário aconteceu com a fome, que saltou de 10,4% para 18,1%.

As mulheres são as mais impactadas pela fome — e cada vez mais

6 de cada 10 lares comandados por mulheres convivem com a insegurança alimentar. Nas casas em que a mulher é a pessoa de referência, a fome passou de 11,2% para 19,3%. Nos lares que têm homens como responsáveis, a fome passou de 7,0% para 11,9%. Isso ocorre, entre outros fatores, pela desigualdade salarial entre os gêneros.

Situação de insegurança alimentar

64,1%

53,6%

Convive com a fome

19,3%

11,9%

Lares chefiados
por mulheres

Lares chefiados
por homens

#AFomeTemGênero

Conheça os dados por raça/cor da pele e gênero

Acesse o Suplemento II do II Inquérito de Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 (II VIGISAN) e entenda por que combater as desigualdades também é combater a fome.

O Suplemento II aprofundou nas análises sobre a relação entre a insegurança alimentar e as desigualdades de raça/cor da pele e gênero. Os números revelam que essas duas dimensões são determinantes no que diz respeito ao acesso à alimentação saudável e a outros indicadores sociais, destacando a urgência de políticas públicas e ações coletivas para garantir o direito humano à alimentação adequada. As análises abrangem uma amostra de 12.745 domicílios, distribuídos em 577 municípios brasileiros, localizados em áreas urbanas e rurais das cinco macrorregiões do Brasil, compondo uma amostra com representatividade nacional. A coleta de dados ocorreu entre novembro de 2021 e abril de 2022.

91% dos domicílios cuja renda por pessoa era inferior a 1/4 do salário mínimo convivem com algum grau de insegurança alimentar. Em 43% deles os moradores vivenciam a fome. Por outro lado, 67% dos domicílios com renda maior que um salário mínimo têm o acesso pleno a alimentos (segurança alimentar) garantido.

Porém, se em 2020 não havia domicílios com renda maior que um salário mínimo por pessoa em situação de fome, no início de 2022 essa deixou de ser uma garantia contra a privação do consumo de alimentos – consequência da crise econômica e dos reajustes do salário mínimo abaixo da inflação. Agora encontramos 3% dos lares nesta faixa de renda em situação de fome, e 6% convivem com redução no acesso aos alimentos.

Crédito: Sara Gehren

Sozinhos, os benefícios sociais não são capazes de frear a fome

A insegurança alimentar moderada e grave cresceu mesmo nos domicílios que recebiam auxílio financeiro dos programas Bolsa Família e Auxílio Brasil. Na faixa de renda de menos de meio salário mínimo por pessoa, a fome é uma realidade para 32,7% das famílias que relataram o recebimento dos benefícios e para 29,4% das que não o receberam.

Por outro lado, em domicílios com pelo menos um(a) morador(a) aposentado(a) pelo INSS houve maior percentual de segurança alimentar (46,5%) e menor de fome (11,9%). A fome é mais frequente (16,7%) em moradias onde não há aposentados.

BOLSA FAMÍLIA/AUXÍLIO BRASIL:

A fome está presente em 56,7% dos lares com renda familiar menor ou igual a 1/4 do salário mínimo por pessoa e que não recebiam o benefício.

Crédito: rede PENSSAN/Pará

O impacto do grau de escolaridade

Há fome em 22,3% dos domicílios com responsáveis com 4 anos ou menos de estudo. Em 2020 esse percentual era de 14,9%.

O maior percentual de segurança alimentar é em domicílios cujos responsáveis têm mais de 8 anos de estudo: 50,6%.

Quem tem fome tem sede

A falta de acesso regular e permanente à água — ou insegurança hídrica — é uma realidade para 12% da população geral brasileira. A insegurança alimentar moderada esteve presente em 22,8% desses lares, e a fome, em 42,0%.

A insegurança alimentar se manifesta em 48,3% dos lares com restrição de acesso à água na região Norte, em 43,0% no Sudeste, em 41,8% do Centro-Oeste e em 41,2% no Nordeste.

Crédito: Ventana Filmes

A dinâmica desumana da fome

15,6 MILHÕES DE BRASILEIROS ESTÃO INSERIDOS NUMA ROTINA DESUMANA E INACEITÁVEL PARA OBTENÇÃO DE ALIMENTOS.

A insegurança alimentar moderada e grave está presente em 49,1% dos lares que informaram endividamento, em 48,7% dos que relataram venda de bens ou equipamentos de trabalho e em 55,2% dos que relataram que algum morador parou de estudar para contribuir com a renda familiar.

8,2% das famílias relataram sensação de vergonha, tristeza ou constrangimento para garantir o que comer. Dessas, 24,3% convivem com as manifestações mais severas de insegurança alimentar (moderada e grave).

EM 28,3% DOS DOMICÍLIOS, PELO MENOS UMA PESSOA NÃO CONSUMIU AS 3 REFEIÇÕES (CAFÉ DA MANHÃ, ALMOÇO E JANTAR) DIARIAMENTE.

Cerca de metade das famílias que reduziram a quantidade comprada de arroz, feijão, vegetais e frutas convivem com a insegurança alimentar moderada ou grave. Nas famílias que deixaram de comprar carnes no período de três meses anteriores à pesquisa, em 70,4% há fome. Dados semelhantes foram encontrados nos lares onde seus moradores não haviam comprado frutas (64%) e vegetais (63,6%).

As várias manifestações de desigualdades sociais em 2021/2022, em especial as relativas a raça/cor e gênero, acentuaram-se em todo o espectro de atuação do Estado — com destaque para as áreas da educação, saúde, meio ambiente, ciência e tecnologia.

Como consequência, ao longo dos últimos anos, o povo brasileiro vem empobrecendo progressivamente e enfrentando as consequências da precarização da vida, sem suporte adequado e efetivo de ações do Estado. Isso teve reflexos diretos na capacidade de acesso à alimentação suficiente e adequada pelas famílias brasileiras, constituindo uma violação de um preceito constitucional. A má gestão pública da pandemia no Brasil é um fator agravante desse cenário pré-existente.

Está evidente que a reativação da economia é insuficiente para o combate à fome. É preciso ir além, garantindo os direitos — entre eles a alimentação adequada, a preservação ambiental e a promoção do bem estar — de forma equânime a toda a população brasileira.

Crédito: rede PENSSAN/Pará

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