Por Eduarda Sousa, Partner & CMO at Loomi 
A análise e interpretação de grandes volumes de dados, a identificação de padrões complexos, cálculos avançados e tomadas de decisão são atividades que a Inteligência Artificial (IA) foi projetada para dominar, tornando-se cada vez mais precisa com o passar dos anos.

Desde o lançamento do ChatGPT pela OpenAI em 30 de novembro de 2022, a IA deixou de ser uma tecnologia distante e futurística para se tornar uma ferramenta tangível e acessível até mesmo para usuários menos familiarizados com tecnologia. Em apenas dois meses, a ferramenta alcançou 100 milhões de usuários, um recorde que supera os números de plataformas, como o Instagram e o TikTok.

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Embora a IA já fosse utilizada por empresas há anos, o ChatGPT ampliou a discussão para além do universo tecnológico, atingindo um público mais amplo e trazendo à tona os impactos da IA no futuro do trabalho e dos diversos setores, bem como os dilemas éticos associados ao seu uso.

ChatGPT colaborou com a expansão da IA para mais públicos (Imagem: photosince / Shutterstock.com)

Amy Webb, futurista e CEO do Future Today Institute, denominou este momento como o “Superciclo da Tecnologia”. Este é um período de nossa economia em que estamos aprendendo a navegar, pois mudanças substanciais estão ocorrendo não apenas nos negócios, mas na sociedade como um todo. E, na base deste superciclo, está a Inteligência Artificial, a fundação dessa transformação.

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No setor de saúde, a IA pode revolucionar o diagnóstico de doenças, permitindo a detecção precoce e precisa de condições médicas através da análise de grandes volumes de dados clínicos e imagens médicas. Ferramentas de IA são capazes de identificar padrões sutis que podem passar despercebidos aos olhos humanos, agilizando o processo de diagnóstico e melhorando significativamente os resultados dos tratamentos.

No setor financeiro, a IA desempenha um papel crucial na identificação de fraudes. Algoritmos avançados podem analisar transações em tempo real, detectando atividades suspeitas com uma precisão e velocidade incomparáveis, protegendo assim os consumidores e instituições financeiras de perdas potenciais.

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Imagem de robô cuidando de paciente para ilustrar inteligência artificial na medicina
IA também já tem papel fundamental na área médica (Imagem: Pedro Spadoni via DALL-E/Olhar Digital)

No varejo e na indústria, a IA pode otimizar operações e reduzir desperdícios por meio de modelos preditivos. Ao analisar dados históricos e em tempo real, sistemas de IA podem prever a demanda de produtos, otimizar estoques e melhorar a gestão da cadeia de suprimentos. Isso resulta em uma redução significativa de custos operacionais e um aumento na eficiência, beneficiando tanto as empresas quanto os consumidores.

Essas evoluções trazidas pela Inteligência Artificial geram enormes benefícios, impulsionando a inovação, aumentando a eficiência e melhorando a qualidade dos serviços em diversos setores. A aplicação da IA não apenas transforma indústrias, mas também melhora a qualidade de vida, oferecendo soluções mais rápidas, precisas e personalizadas para desafios complexos.

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Estamos vivendo uma era em que atividades repetitivas e manuais já são eficientemente executadas por máquinas, abrindo espaço para que as pessoas se dediquem às atividades mais humanas, como gestão de pessoas, criatividade e inovação.

O futuro do trabalho favorecerá aqueles que conseguirem utilizar a infinidade de tecnologias disponíveis da melhor maneira possível, tornando-se, assim, quase ‘super-humanos’ potencializados pela Inteligência Artificial.

Mulher analisando data center de inteligência artificial
Futuro do trabalho favorecerá pessoas familiarizadas com IA (Imagem: Gorodenkoff/Shutterstock)

Apesar de todos os pontos positivos que esse avanço tecnológico traz para a sociedade, encontramos alguns dilemas. A IA é criada através de um treinamento humano, mas, a partir desse treinamento, ela gera derivações que podem ser imprecisas em alguns casos. Isso levanta preocupações sobre a qualidade dos dados usados para treinar esses sistemas e a precisão das informações que eles geram.

Para enfrentar esses desafios, o governo brasileiro vem discutindo um Projeto de Lei (PL) para regulamentar a Inteligência Artificial no país, visando garantir que as empresas que desenvolvem IA se preocupem com a qualidade dos dados utilizados no treinamento dos modelos e em fornecer fontes e checagem de fatos aos usuários. Esse movimento de regulamentação já foi vivido na Europa, onde o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (GDPR) estabelece diretrizes rígidas para o uso de dados pessoais e a transparência dos algoritmos de IA.

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Esta preocupação é válida e traz uma oportunidade de amadurecimento dessa discussão dentro do próprio Senado brasileiro. É uma discussão que deve ser conduzida com cautela, considerando toda a cadeia de disseminação dessas informações, desde o treinamento dos modelos até os veículos que publicam essas informações. A regulamentação precisa garantir não apenas a qualidade e a precisão dos dados, mas também a responsabilidade e a ética na utilização da IA.

Será um momento de grande adaptação para a sociedade, empresas, governos e indivíduos. A transformação exigirá uma reavaliação de como trabalhamos, aprendemos e interagimos, enquanto exploramos as vastas oportunidades que a IA nos oferece. No entanto, com a integração cuidadosa e ética dessas tecnologias, podemos esperar um futuro onde humanos e máquinas trabalhem juntos para alcançar novos patamares de produtividade e inovação.