Um estudo feito pelo SOS Mata Atlântica mostra que o Rio registrou queda de 66% no desmatamento da Mata Atlântica entre janeiro a agosto de 2023, quando comparado ao mesmo período do ano passado. Os dados do boletim do Sistema de Alertas de Desmatamento (SAD) ainda mostram que o índice de redução fluminense é superior ao da média nacional (59%).
O monitoramento é feito por satélites. Os focos de potencial desmatamento são validados, refinados e auditados individualmente em imagens de alta resolução. Os pontos de supressão da flora confirmados ainda são cruzados com informações públicas, incluindo as propriedades do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e embargos e autorizações de desmatamento do Ibama.
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O boletim SAD revela que em 2023 o Rio teve 123 hectares de área desmatada da Mata Atlântica em 54 eventos. De janeiro a agosto de 2022 foram 367 hectares suprimidos em 125 ações.
A Mata Atlântica é a maior colcha de retalhos do país, constituída por mais de 2,8 milhões de fragmentos, segundo o MapBiomas. Destes, 53,3% medem até 10 hectares. Os números ainda mostram que neste ano no Rio não houve ações de desmatamento em áreas de 10 a 50 hectares de tamanho, índice que registrou 110 eventos em 2022.
A área restante da Mata Atlântica no Rio ocupa cerca de 17% de todo o território fluminense. O vice-governador e secretário de estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Thiago Pampolha, defende que a queda é fruto de integração entre as esferas públicas e a iniciativa privada.
— Para 2024 a iniciativa prevê investimentos de pagamento por serviços ambientais, possibilitando desenvolvimento direto dos produtores e proprietários rurais nas ações de restauração florestal, contribuindo também na segurança alimentar. Além de promover a restauração da Mata Atlântica, a iniciativa tem impacto na economia ao gerar empregos verdes e traz importante contribuição para o alcance das metas globais de mitigação das mudanças climáticas — diz Pampolha.
Um dos programas no Rio que buscam a preservação das áreas verdes é o Florestas do Amanhã, que investiu 100 milhões de dólares, por meio do Fundo da Mata Atlântica. Em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES), o programa Floresta Viva quer restaurar parte do bioma. O objetivo é reflorestas 440 mil hectares até 2050, e assim reduzir 159 milhões de toneladas de CO2 da atmosfera.
O Rio também tem um programa de monitoramento da Mata Atlântica. O Olho do Verde usa satélites para emitir avisos de desmatamento, enviando essas informações às equipes de fiscalização. Nos últimos 7 anos foram 2.287 alertas de desmatamento, 1,2 mil ações de fiscalização — que tiveram a confirmação em 70% das vezes de supressão de vegetação ilegal.
O programa permite que o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) consiga embargar remotamente licenças de quem desmatar. A identificação da área permite encontrar o proprietário da área em que a supressão de vegetação ocorrer. Se a ação for ilegal, as informações podem ser transmitidas aos serviços cartoriais, podendo inclusive limitar os benefícios fiscais e acesso ao sistema financeiro.