Saúde
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Por , Em The New York Times

É preciso muita energia para gerar um bebê — basta perguntar a qualquer pessoa que tenha estado grávida. Mas só agora os cientistas estão descobrindo o quanto. Em um estudo publicado nesta quinta-feira na revista Science, pesquisadores australianos estimaram que uma gravidez humana exige quase 50 mil calorias ao longo de nove meses. Isso é o equivalente a cerca de 50 litros de sorvete e é significativamente maior do que os pesquisadores esperavam.

As estimativas anteriores eram menores porque os cientistas geralmente presumiam que a maior parte da energia envolvida na reprodução acabava armazenada no feto, que é relativamente pequeno.

No entanto, Dustin Marshall, biólogo evolucionista da Monash University, e seus alunos descobriram que a energia armazenada nos tecidos de um bebê humano representa apenas cerca de 4% dos custos totais de energia da gravidez. Os outros 96% são combustível extra exigido pelo próprio corpo da mulher.

— O bebê em si se torna um erro de cálculo — disse Marshall. — Demoramos um pouco para entender isso.

Essa descoberta surgiu da pesquisa de longa data do professor sobre metabolismo. Diferentes espécies precisam atender a diferentes demandas de energia. Os mamíferos de sangue quente, por exemplo, podem manter uma temperatura corporal estável e permanecer ativos mesmo quando a temperatura cai.

Por outro lado, o fato de ter sangue quente também tem suas desvantagens. A manutenção de uma alta taxa metabólica exige que os mamíferos alimentem constantemente o útero. Uma cobra de sangue frio, por outro lado, pode passar semanas sem comer.

Marshall se propôs a compilar um levantamento completo da energia consumida por dezenas de espécies ao longo de suas vidas. Ele reconheceu que a maioria das fêmeas não só precisa abastecer seu próprio corpo, mas também precisa colocar energia adicional em sua prole.

Quando ele começou a pesquisar os custos da reprodução, não conseguiu encontrar números sólidos. Alguns pesquisadores imaginaram que os custos indiretos — isto é, a energia que as fêmeas usam para abastecer seus próprios corpos durante a gravidez — poderiam chegar a apenas 20% da energia direta nos tecidos do bebê. Mas Marshall não confiava em suas hipóteses.

Ele e seus alunos se propuseram a calcular os custos por conta própria. Eles examinaram a literatura científica em busca de informações tais como a energia armazenada nos tecidos de cada filhote. Também procuraram a taxa metabólica geral das fêmeas durante a reprodução, que os cientistas podem estimar medindo a quantidade de oxigênio que as mães consomem.

— As pessoas estavam apenas coletando seus dados sobre suas espécies, mas ninguém estava reunindo-os — comentou Marshall.

Ao agregar esses dados, os pesquisadores estimaram os custos reprodutivos de 81 espécies, de insetos a cobras e cabras.

Eles descobriram que o tamanho de um animal tem uma grande influência sobre a quantidade de energia necessária para a procriação. Os animais microscópicos chamados rotíferos, por exemplo, precisam de menos de um milionésimo de caloria para gerar um filhote. Em contrapartida, uma corça de cauda branca precisa de mais de 112 mil calorias para gerar um filhote.

O metabolismo de uma espécie também desempenha um papel importante. Os mamíferos de sangue quente usam três vezes mais energia do que os répteis e outros animais de sangue frio do mesmo tamanho.

A maior surpresa veio quando Marshall e seus alunos descobriram que, em muitas espécies, os custos indiretos da gravidez eram maiores do que os diretos.

Os resultados mais extremos vieram dos mamíferos. Em média, apenas 10% da energia utilizada por uma fêmea de mamífero durante a gravidez foi destinada à sua prole.

— Isso me chocou — admitiu. — Voltamos às fontes várias vezes, porque o valor parecia surpreendentemente alto com base na expectativa da teoria.

David Reznick, biólogo evolucionista da Universidade da Califórnia, em Riverside, que não participou do estudo, também ficou surpreso com o alto valor do custo indireto. — Eu não teria imaginado isso — disse ele.

Ainda assim, o que mais o surpreendeu foi o fato de a equipe de Marshall ter sido a primeira a definir esses números. — É impressionante — afirmou. — Você pensa: 'Alguém já deve ter feito isso antes'".

O estudo apresenta indícios sobre por que algumas espécies têm custos indiretos mais altos do que outras. As cobras que põem ovos usam muito menos energia indireta do que as cobras que dão à luz filhotes já vivos. As serpentes que dão à luz vivos precisam sustentar os embriões à medida que crescem dentro de seus corpos, ao passo que as mães que põem ovos podem liberar os filhotes de seus corpos mais rapidamente.

Pode haver vários motivos pelos quais os mamíferos pagam custos indiretos tão altos por estarem grávidos. Muitas espécies desenvolvem uma placenta para transferir nutrientes para seus embriões, por exemplo. Marshall suspeita que os seres humanos consomem um número particularmente alto de energia porque as mulheres ficam grávidas por mais tempo do que a maioria dos outros mamíferos.

O pesquisador disse que os novos resultados também podem explicar por que as fêmeas de mamíferos se esforçam tanto para cuidar de seus filhotes depois que eles nascem: porque elas também se esforçam muito durante a gravidez.

— Elas já têm enormes custos irrecuperáveis no projeto — declarou Marshall.

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