Saúde
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Por — São Paulo

Estudo conduzido pela Fundação do Câncer e apresentado no 48º encontro do Group for Cancer Epidemiology and Registration in Latin Language Countries Annual Meeting - GRELL 2024, na Suíça, mostra que o tabagismo é responsável por 80% dos óbitos de câncer de pulmão em homens e mulheres no Brasil (85% dos casos de óbito entre homens e quase 80% dos óbitos entre as mulheres).

O diretor executivo da Fundação do Câncer, Luiz Augusto Maltoni, explica que a epidemia do tabagismo se concentra em indivíduos de menor poder aquisitivo e baixa escolaridade, além disso, segundo ele, a perda de pacientes com câncer de pulmão que são, na sua maioria, fumantes ou ex-fumantes em idade mais avançada, justifica o interesse da indústria do tabaco em desenvolver produtos e estratégias de marketing voltadas a atrair as novas gerações, como é o caso do cigarro eletrônico.

— O cigarro eletrônico é um produto potencialmente danoso para saúde e provoca diversos problemas cardiorrespiratórios, pulmonares e até mesmo o câncer. É alarmante observar a indústria do tabaco buscando atrair as novas gerações, enquanto a saúde pública lida com o impacto devastador do câncer de pulmão, doença que levou 1,8 milhão de pessoas à morte, segundo a OMS — diz.

Apesar de as mulheres apresentarem taxas mais baixas de incidência e de mortalidade do que os homens, espera-se que mulheres com 55 anos ou menos experimentem uma redução na mortalidade por câncer de pulmão apenas do período 2021-2026 em diante; sendo que, para aquelas com 75 anos ou mais, a taxa de mortalidade está prevista para continuar aumentando até o período 2036-2040.

O estudo mostra ainda que só para este ano são estimados 14 mil novos casos de câncer de pulmão em mulheres e 18 mil em homens, conforme projeção do Ministério da Saúde e do Instituto Nacional de Câncer (Inca).

Dados mundiais da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), analisados por técnicos da Fundação, mostram que, se o padrão de comportamento acerca do tabagismo se mantiver, é esperado um aumento de mais de 65% na incidência da doença e 74% na mortalidade por câncer de pulmão até 2040, em comparação com 2022.

— Com esse levantamento esperamos colaborar para a divulgação de informação técnica detalhada sobre o câncer de pulmão, que, em geral, é diagnosticado em estado avançado e tem alta letalidade, apesar dos avanços da Medicina — diz Paulo Niemeyer Filho, presidente do Conselho de Curadores da Fundação do Câncer.

Apesar da queda de fumantes ao longo dos anos - atualmente, cerca de 12% da população adulta brasileira usa algum produto derivado de tabaco -, o câncer de pulmão consome anualmente cerca de 9 bilhões de reais, entre custos diretos com tratamento, perda de produtividade e cuidados com os pacientes. No entanto, os impostos pagos pela indústria do tabaco no país cobrem apenas 10% dos custos totais com todas as doenças relacionadas ao consumo de produtos derivados do tabaco, estimados em cerca de R$125 bilhões por ano.

— O câncer de pulmão é uma das principais preocupações em saúde pública em todo o mundo. A detecção precoce dessa doença é um aspecto crucial na gestão eficaz do seu tratamento já que aumenta as chances de um tratamento bem-sucedido, entretanto, enfrenta desafios importantes pois, esse câncer, na maioria das vezes, não apresenta sintoma em sua fase inicial — diz Maltoni.

Outro dado preocupante apontado no estudo mostra que os pacientes chegam para o tratamento no estágio mais avançado da doença, tanto na população masculina (63,1%) quanto na feminina (63,9%), padrão que se repete em todas as regiões brasileiras.

De acordo com Alfredo Scaff, consultor médico da Fundação do Câncer e coordenador do estudo info.oncollect, as análises reforçam a urgência de aprimorar a prevenção e o tratamento do câncer de pulmão no Brasil.

— É fundamental investir em estratégias de controle do tabagismo e garantir que o paciente tenha acesso rápido ao tratamento, dentro do prazo dos 60 dias que é previsto em lei. Se nada for feito, a doença progride, o custo do tratamento aumenta, o paciente enfrenta mais dificuldades e as chances de óbito crescem — comenta o epidemiologista.

Perfil por região

O estudo observou que a Região Sul apresenta maior incidência para a doença, tanto em homens (24,14 casos novos a cada 100 mil) quanto em mulheres (15,54 casos novos a cada 100 mil), bem acima da média nacional que é de 12,73 para homens e 9,26 para mulheres.

Apenas as regiões Norte (10,72) e Nordeste (11,26) ficam abaixo da média brasileira em homens. Já em mulheres, as regiões Norte, Nordeste e Sudeste ficam abaixo da média brasileira com, respectivamente, 8,27, 8,46 e 8,92.

O Sul também é a região do país com maior índice de mortalidade entre homens nas três faixas etárias observadas pelo estudo — até 39 anos, de 40 a 59 anos e mais de 60 anos —, respectivamente, 0,36, 16,03 e 132,26 a cada 100 mil homens. Já entre as mulheres, a região desponta nas faixas de 40 a 59 anos (13,82 óbitos a cada 100 mil) e acima dos 60 anos (81,98 a cada 100 mil) e fica abaixo da média nacional (0,28) entre mulheres com menos de 39 anos: 0,26 a cada 100 mil, mesmo índice detectado no Centro-Oeste.

— Ao analisar as informações de todas as regiões do país, o que se observa é que existe um aumento expressivo da taxa de mortalidade à medida que a população envelhece, tanto em homens quanto em mulheres — diz Rejane Reis, uma das pesquisadoras do estudo.

O levantamento da Fundação também revelou que, independentemente da região, a maioria dos pacientes com a doença tinha nível fundamental (77% para homens e 74% para mulheres). E que a maior concentração de pacientes com câncer de pulmão encontra-se na faixa etária entre 40 e 59 anos (74% nos homens e 65% nas mulheres).

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