Saúde
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Por — Rio de Janeiro

A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) divulgou, nesta sexta-feira, novas diretrizes que alteram as regras para a avaliação da pressão durante o diagnóstico e o acompanhamento de pacientes com hipertensão arterial (HA).

O documento, chamado “Diretrizes Brasileiras de Medidas da Pressão Arterial Dentro e Fora do Consultório”, foi elaborado por 67 especialistas da entidade e será apresentado durante o 1° Encontro de Departamentos da Cardiologia, realizado pela SBC, neste fim de semana em São Paulo.

De acordo com as novas diretrizes, o diagnóstico definitivo de um quadro de hipertensão arterial, popularmente chamada de pressão alta, não deve mais considerar somente os resultados de uma única medição feita pelo médico no consultório.

Em linha com as evidências científicas mais atualizadas, a sociedade passa a orientar que a pressão seja monitorada também em casa pelo paciente, com o uso de aparelhos, para que só depois o médico possa definir se é ou não um caso de hipertensão.

— Classicamente, o diagnóstico é feito apenas a partir de medidas dentro do consultório. Mas elas são falhas porque alguns fatores como estresse, ansiedade, podem influenciar a pressão e aumentá-la pontualmente naquele momento. Então as avaliações fora do ambiente hospitalar, do consultório, podem ser mais fidedignas — diz o cardiologista Audes Feitosa, coordenador-geral das novas diretrizes e ex-presidente do Departamento de Hipertensão Arterial da SBC.

O documento com as novas diretrizes destacam que “com alguma frequência, os valores obtidos nos consultórios (medida casual) não são suficientes para a caracterização da HA” e que elas são “sujeitas a inúmeros vieses”.

É o que leva, por exemplo, à conhecida “síndrome do jaleco branco”, caracterizada por casos em que a pressão do paciente sobe durante um atendimento com o médico, por motivos como nervosismo em relação exame, mas permanece controlada no cotidiano.

— É um grande paradoxo considerar uma medida fora de casa mais assertiva que a feita pelos médicos, ainda tem uma certa resistência de profissionais. Mas é comprovado por evidências científicas que a medida apenas pelo médico é mais falha. Não é por causa dele, mas por essa possível reação de alarme do paciente — continua Feitosa.

No entanto, não é qualquer medida feita em casa que vai auxiliar no diagnóstico. As recomendações apontam que a avaliação precisa ser com dispositivos que sigam as técnicas de Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA) ou de Monitorização Residencial da Pressão Arterial (MRPA).

— O MAPA é um equipamento que se coloca na cintura e ele monitora a pressão de 20 em 20 min durante 24 horas. A MRPA é um aparelho que o paciente leva para casa e mede de manhã e à noite, sempre em repouso, durante cinco dias. O MAPA é padrão-ouro para o diagnóstico inicial da HA, mas o MRPA é mais prático, então é mais recomendado para o acompanhamento de pacientes — diz o especialista da SBC.

Ele explica ainda que todos os aparelhos podem ser encontrados facilmente em farmácias por valores que variam de R$ 100 a R$ 200. Além disso, recomenda que a preferência seja pelos modelos que medem a pressão pelo braço, e não pelo punho.

Na prática, o cardiologista explica que, se uma pressão elevada for detectada por um médico numa consulta de rotina – já que todos os médicos, independentemente da especialidade, são orientados a medirem a pressão –, o profissional vai passar a recomendar o uso dos aparelhos para investigar o quadro.

Pressão alta é principal fator de risco para as mortes por doenças cardíacas, que crescem no Brasil
Segundo a OMS, cerca de 54% dos óbitos por problemas cardiovasculares podem ser atribuídas à hipertensão arterial
Fonte: Organização Mundial da Saúde / Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, acessado em 11/04/2022.

Há, no entanto, duas exceções em que ainda é possível diagnosticar a hipertensão apenas com a avaliação no consultório. A primeira é quando a medida aponta um caso da doença no estágio 3, ou seja, quando a pressão está acima de 18 por 11.

O outro, mais incomum, é quando a pressão está alta na avaliação do consultório, ou seja, acima de 14 por 9, e o paciente também apresenta lesões de órgão-alvo decorrentes da hipertensão arterial, como uma hipertrofia do coração, uma retinopatia hipertensiva nas retinas, ou outras possíveis complicações da doença.

Em ambos os casos, é dispensada a medição em casa, e o médico pode fazer o diagnóstico apenas com a avaliação no consultório.

Quando é pressão alta e qual a importância das medidas em farmácias e eventos?

Em relação aos números que vão determinar o que é um quadro de hipertensão arterial, as diretrizes não mudaram as regras. São elas:

  • Ótima: Abaixo de 12 por 8
  • Normal: Entre 12 por 8 e 13 por 8.5
  • Pré-hipertensão: Entre 13 por 8.5 e 14 por 9
  • Hipertensão estágio 1: Entre 14 por 9 e 16 por 10
  • Hipertensão estágio 2: Entre 16 por 10 e 18 por 11
  • Hipertensão estágio 3: A partir de 18 por 11

O documento aborda ainda o papel da avaliação em farmácias, eventos públicos e outros locais para o diagnóstico. Segundo Feitosa, essas medições não são capazes de definir um quadro de hipertensão, mas podem atuar acendendo o alerta para que o paciente busque a orientação médica.

— Essa medição em farmácias, eventos públicos, é importante para triagem. Não vão dar o diagnóstico nem dizer que está controlado para pacientes com a doença. Mas, se a pressão estiver alta, é importante buscar um serviço de saúde. É importante porque a hipertensão é assintomática. Então a melhor maneira de realizar o diagnóstico é medir aleatoriamente, pelo menos uma vez ao ano — diz.

Metade não sabe ter hipertensão

No ano passado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou um primeiro grande relatório sobre o cenário da hipertensão arterial pelo mundo, inclusive no Brasil. Os dados chamaram a atenção: o número de pessoas com a doença dobrou em 30 anos e hoje engloba 1 a cada 3 adultos no planeta.

Além disso, metade desses indivíduos nem mesmo sabem que têm o diagnóstico, o que leva a estimativa de que somente 1 a cada 5 pacientes estejam adequadamente em tratamento. No Brasil, a situação é um pouco melhor: embora uma parcela maior da população tenha hipertensão (45%), 62% dos pacientes realizam o tratamento.

Ainda assim, os números preocupam já que a hipertensão arterial é o principal fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, que lideram hoje nas causas de morte brasileiras e mundiais.

De acordo com o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, acessados pelo GLOBO nesta quinta-feira, o Brasil registrou 400.154 mortes do tipo em 2022, ano mais recente com dados disponíveis. Segundo as estimativas da OMS, 54% desses óbitos são atribuíveis à pressão alta.

— E um ponto importante é que não basta diagnosticar e tratar, precisamos também manter a pressão controlada para minimizar risco de infartos, acidente vascular cerebral (AVC), insuficiência renal. E, para isso, não é apenas tomar o remédio e achar que está tudo bem, é preciso acompanhar ao menos de seis em seis meses a pressão — alerta o especialista da SBC.

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