Um novo estudo da Universidade de Stanford, publicado na revista Nature Medicine, indicou que drogas psicoativas podem ter um resultado eficaz no tratamento das sequelas do traumatismo cranioencefálico em veteranos.
O traumatismo craniano é uma lesão no crânio causada pelo impacto ou explosão e é a principal causa de estresse pós-traumático, ansiedade, depressão e ideações suicidas entre veteranos.
A droga usada foi a ibogaína, derivada das raízes do arbusto iboga, que cresce no centro-oeste da África e que tem uma história de uso ritual e religioso que remonta a séculos.
Como a substância é ilegal nos Estados Unidos, os pesquisadores encontraram os voluntários para o estudo no México: 30 veteranos de operações especiais, todos sofrendo de sequelas decorrentes do traumatismo cranioencefálico.
“Nenhuma outra droga foi capaz de aliviar os sintomas funcionais e neuropsiquiátricos do trauma cranioencefálico”, disse Nolan Williams, professor associado de psiquiatria e ciências comportamentais e coautor do estudo, em comunicado. “Os resultados são impressionantes e pretendemos estudar mais este composto.”
As avaliações anteriores à pesquisa revelaram que a pontuação média no Cronograma 2.0 de Avaliação de Incapacidade da Organização Mundial da Saúde (WHODAS-2) – uma forma de medir a incapacidade e a saúde em múltiplas facetas – era superior a 30, indicando uma deficiência ligeira a moderada. Alguns eram muito mais altos do que isso.
Muitos membros do grupo tinham transtornos de ansiedade, ideações suicidas e transtorno por uso de álcool – todas condições que são conhecidas por serem relacionadas ao trauma cranioencefálico.
Após o tratamento com ibogaína, os sintomas dos participantes melhoraram significativamente – e rapidamente. Imediatamente após a intervenção, a pontuação média do WHODAS-2.0 caiu para menos de 20, indicando incapacidade limítrofe a leve, e a função executiva e a velocidade de processamento cognitivo dos veteranos mostraram melhoras significativas. E os resultados continuaram a melhorar: um mês após o tratamento, a pontuação do WHODAS-2.0 caiu para 5,1, indicando nenhuma incapacidade, e os sintomas depressão e ansiedade foram reduzidos em mais de 80%, em média.
Os resultados são animadores, mas os cientistas disseram ser necessárias novas pesquisas pois os voluntários podem ter sido influenciados pela possibilidade de tratamento, ou pelo descanso na clínica mexicana.
No Brasil, a ibogaína não é liberada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas a agência permite importá-la para alguns tratamentos.
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