O filme A Pequena Sereia, que teve sua versão em live-action lançada recentemente, tem como personagem principal a princesa Ariel, que vive no reino imaginário de Atlântida, localizada no Oceano Atlântico. Na história, por viver próxima da terra, ela abdica da sua vida como sereia para casar com o príncipe Eric. Mas, o que aconteceria, se a sua localização fosse em uma parte diferente do oceano onde vive?
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De acordo com Joseph Shaw, professor associado na Universidade de Indiana, nos EUA, a princesa certamente seria assustadora, com dentes grandes e pontiagudos, uma antena e olhos brancos esbugalhados. Como na ilustração abaixo, do site Buzzfeed:
![Ariel teria uma aparência extremamente diferente à versão original se seu habitat fosse na zona abissal — Foto: Disney/Monique Steele/BuzzFeed](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/0ACh9ImsGg-DzUyzF00ylXpQWcE=/0x0:600x338/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/L/R/ddNRPWTMud6Tuii8PgNA/original-7216-1431388143-22.jpg)
Princesa das profundezas
Ao GLOBO, Marcelo Sperle, professor de Oceanografia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) explica que a possível localização do castelo de Ariel, criado pela Disney, provavelmente foi pensada para ser em águas mais próximas ao continente. Por isso, é possível fazer a comparação entre o design da Ariel original e a ilustração que mostra o que aconteceria se a evolução da sua espécie tivesse se dado em uma região mais profunda.
— A personagem está sempre cercada de corais, que não existem em partes mais profundas do oceano. Por isso, ela poderia morar em uma zona mais rasa — pontua.
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A evolução dos animais aquáticos que residem em regiões abissais, isto é, abaixo dos 6 mil metros de profundidade é diferente da encontrada dos seres marinhos encontrados próximo a superfície, na parte chamada Plataforma Continental. Nela, é possível observar um decline considerável, mas sua profundidade não chega a 100 metros.
Além disso, essas áreas próximas ao continente são extensas. No caso do Rio de Janeiro, como exemplifica o pesquisador, são cerca de 200 km de faixa, o que permitiria a compreensão da da personagem ter seu reino imaginário localizado em uma Plataforma.
![Plataforma continental do Rio de Janeiro — Foto: Google Earth/Marcelo Sperle](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/WZ3viKgzkmqUHlC1Cbkg-JobNa8=/0x0:1149x907/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/C/1/BB4Q4lQmegbCG1sf6Yag/whatsapp-image-2023-07-14-at-14.18.20-2-.jpeg)
A espécie de peixe que inspirou a Ariel de águas profundas, chamada de peixe-ogro, vive na zona abissal do oceano, onde a luz não chega, por isso uma das suas características mais marcantes é a "antena" com bioluminescência. Encontrada na parte de cima da cabeça do peixe funciona como uma "lâmpada". Segundo o oceanógrafo, esse detalhe é o maior acerto do desenho feito pela equipe do Buzzfeed.
Em relação as outras características físicas representadas na ilustração, o especialista mudaria apenas duas coisas: retiraria os caninos acentuados e aumentaria as orelhas, deixando-as mais pontiagudas para ser mais próxima à realidade dos peixes abissais.
— Eles acertaram na maioria das outras coisas. Aqueles dentes grandes é para facilitar a captura das presas. Fica mais fácil prender os peixes menores elas sendo assim mais protuberantes. Outro detalhe é que sendo mais "para fora" da boca projetam uma distância maior. Já os olhos desses animais são grandes para conseguir perceber os arredores — esclarece.
![Desenvolvimento evolutivo de animais aquáticos no oceano — Foto: Ana Colaço et. al, 2017 (p. 14)](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/vCacpya87k7l-bdv0xok9jb_Q_Y=/0x0:660x480/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/A/b/7qwpMpToqvnuBiZvUADA/c4e423-42f9a8d82a8d40e09ae077077-1-.jpg)
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