Saúde
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Por Bernardo Yoneshigue — Rio de Janeiro

A nova vacina da dengue aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em março começará a ser oferecida nas clínicas particulares do Brasil a partir da próxima semana. O imunizante, desenvolvido pela farmacêutica japonesa Takeda, é o primeiro destinado para a prevenção de pessoas que nunca tiveram a doença. Os valores da dose serão entre R$ 400 e R$ 500. Como o esquema envolve duas aplicações, com um intervalo de três meses entre elas, o preço final ficará entre R$ 800 e R$ 1 mil.

A vacina, chamada Qdenga, é indicada para pessoas entre 4 e 60 anos e, nos estudos clínicos, demonstrou uma eficácia geral de 80,2% para evitar contaminações, e de 90,4% para prevenir casos graves. Nesse primeiro momento, estará disponível somente na rede privada, já que depende da incorporação pelo Ministério da Saúde ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) para chegar ao Sistema Único de Saúde (SUS).

Quando a vacina da dengue chegará no SUS?

A pasta já disse avaliar a incorporação e, recentemente, o coordenador substituto da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do ministério, Daniel Ramos, afirmou que a vacina pode ser distribuída aos postos de saúde em até um ano e meio. A fala ocorreu durante um debate realizado na Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados no início do mês.

— Algumas etapas adicionais precisam acontecer para podermos incorporar essa vacina. Nós aguardamos um posicionamento oficial da OMS a respeito, que deve sair em setembro. A previsão de incorporação dessa vacina no SUS, se tudo correr bem, é de aproximadamente um ano e meio — disse Ramos na ocasião, citando que o período envolve questões logísticas como um acordo para a produção do imunizante em Bio-Manguinhos, Fiocruz, e a análise da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec).

Vacina da dengue na rede privada: datas e valores

Enquanto isso, na maioria das clínicas particulares, a expectativa é que a vacina da dengue esteja disponível a partir de julho. Nas unidades da Alliança Saúde (ex-Alliar), que conta com as marcas Axial, CDB, CSD, Multiscan, Plani, Multilab, Delfin, São Judas e Sabedotti em nove estados, a previsão é que as doses cheguem já partir da semana que vem.

Nos locais, cada aplicação custará R$ 420. O esquema total, portanto, será de R$ 840. Quem também confirmou a oferta é a rede de saúde integrada Dasa, que engloba 30 marcas como Sérgio Franco, Bronstein, Alta e Delboni em 12 estados e no Distrito Federal. Nas unidades, as primeiras doses serão oferecidas entre a próxima semana e a primeira de julho. Os valores ainda não foram informados.

— A disponibilidade de uma vacina para pessoas que não precisam ter tido infecção prévia é uma boa notícia. A ideia é que tenhamos, principalmente nas regiões mais acometidas, um aumento dessa procura pelo imunizante. Sem dúvida isso vai aliviar a carga da doença entre os vacinados — diz a médica infectologista e consultora de vacinas da Dasa, Maria Isabel de Moraes-Pinto.

Até então, o único imunizante para dengue com um aval no Brasil era a Dengvaxia, desenvolvido pela Sanofi e disponível nas clínicas privadas. Como ele é indicado apenas para pessoas de 9 a 45 anos que já foram contaminadas anteriormente, para evitar reinfecções que costumam ser mais graves, é pouco utilizado no país.

— A procura pela Dengvaxia não foi tão grande como de outras vacinas nesses anos, como de herpes-zóster e de HPV. Mas com a nova, nossa expectativa é que a procura seja grande. A incidência da doença tem crescido, temos vivido um aumento de casos. E como a eficácia é não apenas alta para casos sintomáticos, como para prevenir a mortalidade, ela deve ser bastante buscada e indicada pelos médicos — afirma o vice-presidente médico da Alliança Saúde, Gustavo Campana.

O novo imunizante também será oferecido nas unidades do Richet Vacina, marca do Grupo Rede D’or no Rio de Janeiro, a partir do mês que vem. O valor exato nos locais ainda não foi definido, mas ficará entre R$ 400 e R$ 500, disse a clínica ao GLOBO.

— A nova vacina tem mais de quatro anos de acompanhamento e um estudo robusto com 20 mil pacientes. É uma vacina extremamente importante para prevenir uma doença que atinge uma grande parcela da população e pode ter consequências graves quando ocorre na forma hemorrágica — explica a doutora em biologia molecular pela Fiocruz e responsável pelo Setor de Imunização Humana do Richet Vacina/Rede D'Or, Patrícia Vanderborght.

Também será possível receber a vacina a partir do mês que vem nas clínicas do grupo Fleury, que engloba marcas como Labs a+, Clínica Felippe Mattoso e LAFE em oito estados. O preço não foi informado, porém deve seguir a janela de R$ 400 a R$ 500 devido à definição da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED).

A CMED, órgão responsável pela regulação econômica do mercado de medicamentos no Brasil, estipulou que o Preço Máximo ao Consumidor (PMC) do imunizante vai de R$ 301,27 a R$ 402,50, a depender da alíquota do ICMS em cada estado. O PMC, em tese, é o valor máximo que unidades como farmácias, laboratórios e clínicas podem repassar ao consumidor, já considerando a margem de lucro.

No entanto, a Associação Brasileira de Clínicas de Vacinas (ABCVAC), em nota, explica que a precificação final inclui ainda valores referentes ao “atendimento, à triagem, à análise da caderneta de vacinação, às orientações pré e pós-vacina, além de todo o suporte que os pacientes necessitam para se informar corretamente sobre a questão da vacinação”. Por isso, é mais alto.

Impacto na epidemiologia depende de incorporação no SUS

Ainda que a chegada do imunizante na rede privada seja algo positivo, os especialistas reforçam que é necessário que o Ministério da Saúde incorpore a estratégia ao PNI para que a vacina tenha um impacto significativo na epidemiologia da dengue, doença que atingiu o recorde histórico de óbitos no ano passado.

— Quando pensamos na possibilidade de a vacinação impactar na epidemiologia da doença como um todo, sabemos que precisamos de um grande número de imunizados. Por isso, sem dúvida, é muito importante que num futuro não muito distante ela seja incorporada na rede pública de saúde. Por enquanto, ela vai estar disponível no sistema privado e recomendamos a todos que puderem que se vacinem e se protejam em nível individual — orienta Maria Isabel, da Dasa.

Campana, da Alliança Saúde, concorda e reforça que, para se alcançar a maior cobertura possível, “a imunização na rede privada deve ser complementar ao SUS, nunca deve substituí-la”. Ele destaca ainda a importância de se intensificar as demais iniciativas de combate à doença, como aquelas que buscam eliminar os focos do mosquito Aedes aegypti.

Segundo o último informe do Ministério da Saúde sobre arboviroses, do dia 8 de junho, foram registrados 1.379.983 casos de dengue até agora em 2023 no Brasil, número 22% maior que o total no mesmo período do ano passado. Além disso, houve 635 mortes confirmadas, e 420 estão em investigação.

Os números aproximam 2023 dos piores anos de incidência da doença registrados na série histórica do ministério. Em todo 2022, por exemplo, foram 1,45 milhão de casos, segundo o boletim epidemiológico da pasta referente ao ano. Antes, o Brasil havia ultrapassado a marca de um milhão apenas em 2013, 2015, 2016 e 2019.

De acordo com a Plataforma Integrada de Vigilância em Saúde (IVIS), também mantida pela pasta da Saúde, 2015 foi o pior cenário já identificado: 1,69 milhão de pessoas contaminadas com o vírus. O ano costumava ser também o mais letal de toda a série histórica, com 986 mortes, mas foi superado pelo ano passado após o Brasil ter registrado 1.016 óbitos.

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