Medicina
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Por O GLOBO

Testes inéditos de um pâncreas artificial para o tratamento da diabetes tipo 2 tiveram resultados animadores, anunciaram cientistas da Universidade de Cambridge, no Reino Unido. O estudo clínico, publicado na revista científica Nature Medicine, mostrou que o dispositivo não apenas é eficaz, como dobrou o tempo em que pacientes permanecem com os níveis adequados de glicose em comparação com o tratamento padrão. Além disso, reduziu pela metade o tempo com taxas altas de açúcar.

A diabetes é uma doença causada pela produção insuficiente ou pela má absorção da insulina, hormônio responsável por transformar o açúcar em energia e retirá-lo do sangue. No caso do tipo 1, é uma condição auto-imune que faz com que as próprias defesas do corpo ataquem e destruam as células produtoras da insulina, comprometendo a síntese do hormônio.

Para essa forma da doença, o pâncreas artificial já é uma opção de tratamento disponível, inclusive no Brasil, onde custa cerca de R$ 20 mil. O aparelho consiste em um reservatório de insulina anexado ao corpo com conexão sem fio a um sensor de glicose, implantado sob a pele, e a um aplicativo no celular.

O sensor monitora automaticamente os níveis de açúcar no sangue e envia as informações para o app. Com um algoritmo, ele calcula o quanto de insulina é necessário e aciona o reservatório para liberar a quantidade exata do hormônio no corpo do paciente – sem que ele precise realizar qualquer movimento.

No entanto, para o tipo 2, que representa a grande maioria dos casos – mais de 90% segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) –, ainda não havia estudos que avaliassem a eficácia do dispositivo, apenas para pacientes específicos que também necessitavam de diálise renal. Por isso, ele não é uma opção de tratamento hoje no mercado.

Essa forma da doença é mais comum por ser ligada a hábitos de vida, como sedentarismo e obesidade. Nesses indivíduos, há um esforço extra para que as células produtoras da insulina sintetizem mais hormônio, até que eventualmente elas deixam de funcionar do modo como deveriam devido à sobrecarga.

Agora, os cientistas do Instituto de Ciência Metabólica da Universidade de Cambridge testaram uma versão do pâncreas artificial desenvolvida na instituição exclusivamente para pacientes com diabetes tipo 2 – e os resultados foram um sucesso.

"Muitas pessoas com diabetes tipo 2 lutam para controlar seus níveis de açúcar no sangue usando os tratamentos atualmente disponíveis, como injeções de insulina. O pâncreas artificial pode fornecer uma abordagem segura e eficaz para ajudá-los, e a tecnologia é simples de usar e pode ser implementada segura em casa”, diz a pesquisadora do instituto e autora do estudo, Charlotte Boughton, em comunicado.

Os pesquisadores recrutaram 26 participantes que foram divididos em dois grupos. O primeiro passou por um período de oito semanas com o novo dispositivo e depois por outro, com a mesma duração, do tratamento tradicional, feito com injeções diárias de insulina. Já o segundo grupo fez o inverso, começou com a terapia convencional e depois trocou pelo pâncreas artificial.

Foi utilizada uma série de medidas para avaliar a eficácia do aparelho. A primeira foi a proporção de tempo em que os participantes passaram com os níveis glicose na faixa considerada adequada, entre 3,9 e 10 mmol/L. Em média, aqueles com o pâncreas artificial registraram dois terços do tempo (66%) com o açúcar na taxa ideal, o dobro do observado durante o tratamento convencional, 32%.

A segunda medida foi o tempo com o nível de glicose acima de 10 mmol/L, considerado alto. Para os com o dispositivo, essa proporção foi de apenas 33% do tempo. Já os que recebiam a terapia com injeções de insulina registraram a taxa por 67% do tempo.

Em média, os níveis de glicose dos pacientes foram de 12,6 mmol/L durante o tratamento tradicional, e de 9,2 mmol/L com o novo pâncreas artificial. Além disso, o aparelho foi mais bem sucedido em reduzir a taxa de outro indicador do açúcar no sangue, a hemoglobina glicada (HbA1c). Com o dispositivo, a HbA1c foi de 7,3%, enquanto na terapia convencional foi de 8,7%.

"Uma das barreiras para o uso generalizado da terapia com insulina tem sido a preocupação com o risco de 'hipos' graves - níveis perigosamente baixos de açúcar no sangue. Mas descobrimos que nenhum paciente em nosso estudo experimentou isso e os pacientes passaram muito pouco tempo com níveis de açúcar no sangue abaixo dos níveis-alvo”, explica o também autor do estudo e pesquisador de Cambridge, Aideen Daly, em comunicado.

Ao fim, os participantes relataram uma experiência positiva com a nova forma de tratar a diabetes. Além disso, não houve efeitos adversos graves no geral, com apenas um participante precisando ser internado devido a um abscesso no local onde é inserida a cânula do reservatório do pâncreas artificial.

A equipe agora planeja conduzir um estudo maior para cumprir os requisitos necessários para submeter o aparelho à aprovação de agências regulatórias, o primeiro passo antes da disponibilização no mercado para pacientes com a doença.

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