Depois de serem homenageados por meio de documentário, programa de televisão e musical de teatro, os Mamonas Assassinas ganham um longa-metragem de ficção. Esse acúmulo é perfeitamente compreensível em se tratando de uma banda que eletrizou multidões no decorrer de meteóricos oito meses de trajetória, encerrada, de modo trágico, com um acidente aéreo em 1996.
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O diretor Edson Spinello, a partir de roteiro de Carlos Lombardi, traça um panorama das jornadas dos jovens da banda — Dinho (Ruy Brissac, que fez o personagem nos palcos), Sérgio (Rhener Freitas), Samuel (Adriano Tunes), Júlio (Robson Lima) e Bento (Beto Hinoto, sobrinho de Bento). Passam pela tela o início como banda Utopia, os percalços afetivos, a constante afirmação da própria origem (“nós somos de Guarulhos”) e, claro, a conquista do sucesso. O grande diferencial dos Mamonas também é ressaltado: a irreverência, flagrante em performances musicais descontraídas, escrachadas e pulsantes.
A tradicional mensagem de valorização dos sonhos (“o impossível não existe”) remete diretamente à famosa catarse de Dinho no Ginásio Paschoal Thomeu, local em que os integrantes, anos antes da explosão como Mamonas Assassinas, buscaram oportunidade e foram rejeitados. A vibração da banda é transmitida com competência, mas o filme tem problemas evidentes, em especial nas cenas artificiais voltadas para o convívio entre os músicos e suas famílias. Os momentos de frágil realização impedem que a produção ocupe lugar de destaque entre as muitas cinebiografias de artistas brasileiros.