Cinema
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Por — Rio de Janeiro

Sob a capa do divertido entretenimento reconhecemos a assinatura de Richard Linklater em “Assassino por acaso”: estão lá alguns dos temas recorrentes na obra do diretor de “Boyhood”, “Waking life”, “O homem duplo” e da trilogia do “Antes do amanhecer” etc, como as questões existenciais que envolvem a passagem do tempo e a construção da identidade.

Gary é um professor de Filosofia e Psicologia que vive com os gatos ID e Ego, e nas horas vagas assume a improvável função de agente secreto da polícia. Sua missão é se passar por Ron, um suposto matador de aluguel, para dar o flagrante e permitir a prisão de quem deseja contratá-lo. Ou seja, ele está evitando mortes em vez de causá-las. Ele parece bem à vontade em seu disfarce até o dia em que se apaixona pela cliente que quer que ele mate seu marido abusivo, fazendo-a desistir e evitando o flagrante.

É quando o roteiro, sem deixar de lado o tom cômico, incorpora elementos do cinema noir, com referências quase explícitas a “Pacto de sangue”, de Billy Wilder. Adria Arjona não é Barbara Stanwick, mas convence como a femme fatale morena que vira a cabeça de Gary. Também co-autor do roteiro, Glen Powell é um talentoso galã em ascensão, e o casal sexy tem boa química. O que não convence é uma atitude do personagem em um momento chave, que mais parece uma solução fácil e preguiçosa para permitir o desenvolvimento do conflito no último ato. Mas nada que tire do filme a impressão de uma comédia charmosa e inteligente, acima da média atual.

Bonequinho aplaude.

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