Quando esse novo filme de Daniel Ribeiro começa, João (Artur Volpi), o protagonista, acaba de encerrar um vínculo longo com o namorado e decide aderir aos aplicativos de relacionamento. Mas João e os demais personagens, apesar de inevitavelmente inseridos nos dias de hoje, não apostam apenas no meio virtual e nem ficam confinados em apartamentos. Transitam pelas ruas e frequentam cafés, cinemas e festas, locais em que a interação afetiva também se estabelece. Não por acaso, os espaços fechados, mesmo priorizados, contam com janelas abertas para a cidade, para o mundo.
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Os ambientes por onde João circula são personalizados, cabendo destacar as cores expressivas na direção de arte de João Vitor Lage. Há uma sintonia entre uma proposta estética centrada em tons que quebram com a neutralidade e o período intenso vivenciado por João em seus (des)encontros com outros homens. Cineasta iniciante, João utiliza o próprio rito de passagem emocional como matéria-prima para a concepção de um roteiro. Mas o cotidiano que ele descreve é bem mais idealizado do que a realidade.
Através das jornadas de seus personagens, Daniel Ribeiro, responsável pelo ótimo “Hoje eu quero voltar sozinho” (2014), reúne dúvidas conhecidas: monogamia ou elos extraconjugais?, morar junto ou em casas separadas?, usufruir da rotatividade da vida de solteiro ou se fixar num namoro? Essas questões nem sempre são abordadas de forma orgânica, a julgar pela cena artificial em que um casal acostumado a experiências sexuais com parceiros variados fala sobre intimidade.
Bonequinho olha.