Um policial militar, um soldado do Exército e uma pessoa ainda sem identificação morreram durante um confronto entre traficantes rivais que disputam territórios nos Complexos do Chapadão e da Pedreira, ambos na Zona Norte do Rio. Os tiroteios começaram na noite de sábado e se estenderam até a madrugada deste domingo. Devido ao risco, a Supervia chegou a interromper a circulação de trens entre Rocha Miranda e Belford Roxo, que já voltou ao normal. Além dos mortos, houve o registro de um ferido.
Até o momento, há a identificação das vítimas Mauro Batista dos Santos, de 43 anos, sargento da Polícia Militar, e do soldado do exército Erick Aguiar de Souza, militar do 1° Depósito de Suprimento.
O sargento Mauro estava na PM desde 2002 e, atualmente, era lotado no 41°BPM (Irajá). Ele era casa e tinha uma enteada. Segundo a corporação, o agente foi acionado junto a outros colegas para interferir no confronto dos traficantes e, ao entrar na Estrada João Paulo, na manhã de domingo, teria sido atacado a tiros por criminosos. Mauro chegou a ser levado para o Hospital Carlos Chagas e morreu devido aos ferimentos.
![Baleado durante confronto, sargento Mauro tinha 43 anos, estava na corporação desde 2002 e era lotado no 41ºBPM — Foto: Divulgação](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/01v3lPcUuwbEj3UjdLCrAAEOync=/0x0:444x337/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/n/F/AT04EKRGKMCfgaL6HBaw/screenshot-6.jpg)
Em nota, o Comando Militar do Leste informou que o soldado Erik foi baleado no sábado enquanto voltava para casa, em Costa Barros, comunidade do Complexo do Chapadão. A polícia investiga o contexto da morte.
Confronto começou no sábado
Entre a noite de sábado e o fim da madrugada de domingo, PMs e traficantes já haviam trocado tiros e três suspeitos foram baleados e levados para o Hospital Municipal Francisco da Silva Telles, em Irajá. Dois deles deram entrada em óbito. O terceiro foi socorrido e transferido para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha. Na operação, três fuzis, oito carregadores e um colete foram apreendidos. A ação conjunta envolveu o 41º Batalhão de Polícia Militar (BPM), com apoio do 9º BPM e do 14º BPM.
Moradores do entorno do Complexo da Pedreira usaram as redes sociais para relatar um intenso tiroteio na região. O confronto entre criminosos começou por volta das 20 horas de sábado, quando integrantes do Comando Vermelho tentaram invadir o Complexo da Pedreira, controlado pelo Terceiro Comando Puro.
![Costa Barros — Foto: Reprodução](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/Z8Mzgpf5ULjVv0lWiFeykFI4aqk=/0x0:436x407/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/o/p/wYI7BCRi2q179FPdu7KQ/captura-de-tela-2024-07-06-223825.jpg)
No X (antigo Twitter), circulam imagens de pelo menos dois homens mortos a tiros, em um dos acessos à comunidade. No vídeo, o corpo de um dos suspeitos é jogado em uma fogueira. Muito assustados, moradores pediram a presença da Polícia Militar na região. O caso chegou a ser comunicado inicialmente na 39ª DP (Pavuna), mas a Delegacia de Homicídios da Capital iniciou uma investigação para apurar as responsabilidades pelas mortes.
Em nota a Secretaria de Estado da Polícia Militar informou que no sábado à noite foi deflagrada uma operação emergencial nos Complexos da Pedreira e do Chapadão: "a ação visou combater as tentativas de expansão territorial de um grupo criminoso responsável por uma série de ataques armados em diversas áreas da capital". Além dos policiais militares do 41º BPM, equipes do Comando de Operações Especiais (COE) e do 2º Comando de Policiamento de Área (CPA) foram mobilizadas na região.
Família foi liberar corpo de PM
A esposa e a enteada do sargento foram ao Instituto Médico Legal (IML), no início da tarde, para liberar o corpo e não quiseram dar entrevista. Um amigo do policial, acompanhou os familiares.
— Ele foi para debelar o confronto e, em um determinado momento, a operação bateu de frente com um grupo de mais ou menos 20 traficantes, houve confronto, e o Mauro foi baleado. Era um superamigo, excelente policial, um cara superfamília. Amava o que fazia — disse o amigo, que pediu para não ser identificado.
Investigações da Polícia Civil revelam que a tentativa de invasão ao Complexo da Pedreira, que tem o tráfico atualmente controlado pela facção criminosa Terceiro Comando Puro (TCP), faz parte de uma espécie de expansão territorial planejada pelo Comando Vermelho (CV), facção rival ao TCP. Um conselho formado por integrantes da cúpula do CV, entre eles Edgar Alves de Andrade, o Doca, e Luciano Martiniano da Silva, o Pezão, teria decidido pela conquista de áreas rivais. A ação deste fim de semana, na Pedreira, não foi a primeira efetuada pelo bando. Em fevereiro, a quadrilha também trocou tiros com bandidos rivais no mesmo complexo. Na ocasião, um ônibus foi incendiado.
Além da Pedreira, o CV tenta ainda conquistar, há mais tempo, áreas do Morro do Fubá, em Campinho, e a Favela Rio das Pedras, ambos locais controlados por milicianos.
Procurada, a Secretaria Municipal de Saúde disse informou que a direção do Hospital Municipal Francisco da Silva Telles informa que dois homens sem identificação e com ferimentos por arma de fogo chegaram à unidade já em óbito. Os corpos serão encaminhados ao IML. Um terceiro homem, também com ferimentos por arma de fogo, foi socorrido na unidade e transferido para o Hospital Estadual Getúlio Vargas.
A SuperVia informa, por meio de nota, que em decorrência dos impactos causados pelo tiroteio que afetou o sistema de rede aérea, a circulação dos trens no ramal Belford Roxo está limitada ao trecho entre Central do Brasil e Mercadão de Madureira. As estações nos trechos de Rocha Miranda e Belford Roxo estão temporariamente fechadas para embarque e desembarque. A empresa lamenta o transtorno ocasionado e ressalta que a medida foi adotada visando à segurança de todos os passageiros.
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