Os pais de duas crianças foram denunciados, na terça-feira, pela 1ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Territorial da Área Méier e Tijuca, do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), por crimes de lesão corporal grave e qualificada. Em uma das agressões, o pai é acusado de ter sacudido a criança de 10 meses, causando múltiplas fraturas e hematomas em diferentes fases, indicando machucados recentes e antigos. Segundo o MPRJ, as agressões à criança são conhecidas como síndrome do bebê sacudido.
Segundo a denúncia, a mãe nada teria feito, apesar de estar ciente das lesões constatadas pelo hospital e pela creche.
O primeiro crime ocorreu em janeiro de 2024, em Maria da Graça, na Zona Norte. O pai ficou responsável por tomar conta dos dois filhos, enquanto a mãe das crianças foi resolver questões de matrícula em uma creche. Ao retornar, ela estranhou o comportamento do bebê, que estava sonolento, e reparou que sua cabeça estava “mole”. Ainda segundo a denúncia, inicialmente o homem teria negado que algo tivesse ocorrido, mas, em seguida, diante da insistência da mãe, mudou a versão e narrou que a vítima teria sofrido uma queda do berço enquanto ele dava banho no outro filho.
A criança chegou a ser atendida em um hospital, e o laudo complementar de exame de corpo de delito apontou que as lesões não eram compatíveis com as de uma queda. A perícia também mostrou que, para que as lesões fossem decorrentes de um acidente de banho, seria necessária uma queda de altura apta a produzir grande quantidade de energia. Exames realizados na criança também apontaram fraturas anteriores.
No mês seguinte, a criança foi novamente agredida e levada ao hospital e, por isso, “apesar de ciente das agressões anteriores e podendo agir para evitar que a criança sofresse novas lesões, a denunciada, consciente e voluntariamente, omitiu-se de sua responsabilidade”, ressaltou o promotor de Justiça Sauvei Lai na denúncia.
No decorrer das investigações, constatou-se que o outro filho do casal apresentava arranhões em diversas partes do corpo, o que resultou na denúncia contra a mãe.
No celular da mulher, que foi apreendido, foram encontradas mensagens dos dois denunciados, combinando as versões que apresentariam à polícia.
O homem foi denunciado por duas lesões corporais graves. A mulher foi denunciada por duas lesões corporais graves por omissão e mais uma lesão corporal qualificada.
Não é a primeira vez que uma agressão contra uma criança é constatada durante os primeiros procedimentos de socorro médico. Há três anos, o menino Henry Borel, de 4 , deu entrada em um hospital da Barra da Tijuca com lesões pelo corpo. Na ocasião, o enteado da criança, o ex-vereador Jairo Souza Santos Junior, o Jairinho, que namorava a professora Monique Medeiros, mãe de Henry, disse ter encontrado o menino no quarto do apartamento e que ele estaria respirando mal e com os olhos revirados. Sinais de espancamento foram constatados e a polícia foi chamada. Henry não resistiu aos ferimentos e morreu.
O Corpo de Henry foi levado para o Instituto Médico-Legal, no Centro do Rio. O laudo de necropsia apontou Henry tinha sinais de agressões no corpo, por ação contundente: o menino sofrera “múltiplos hematomas no abdômen e nos membros superiores”, “infiltração hemorrágica” na parte frontal, lateral e posterior da cabeça e tinha “grande quantidade de sangue no abdômen", “contusão no rim” e “trauma com contusão pulmonar”.
Com o desenrolar das investigações, foram presos o enteado do menino, o ex-vereador Jairo Souza Santos Junior, o Jairinho, apontado como suspeito de ser o autor das agressões, e a professora Monique Medeiros. Ainda não há data prevista para a realização do julgamento de Jairinho e de Monique.
Inscreva-se na Newsletter: Notícias do Rio