Wallace Souza, viúvo de Deborah Vilas Boas Pires da Silva, morta por bala perdida na Linha Amarela, estava inconsolável ao lado do caixão durante o velório da mulher, na manhã desta quarta-feira. Ao retribuir abraços de parentes e amigos, relatou a dificuldade em seguir sozinho após a morte da esposa, que deixa uma filha de 7 meses. Deborah foi baleada em um ponto de ônibus na via expressa na altura de Bonsucesso, na terça-feira, quando ia para o trabalho.
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— Ela era meu porto seguro, a pessoa que me sustentava, que cuidava de mim, que era meu apoio. Vai ser muito difícil seguir sozinho… Não dá para aceitar isso — lamentou.
O velório de Deborah começou às 9h40 na capela 1 do Cemitério Memorial do Rio, em Cordovil, na Zona Norte. Estiveram presentes cerca de 80 pessoas, que destacaram a bondade e alegria da mulher.
'Sonho dele de vida perdeu o sentido', lamenta tio
Waldir Guimarães, tio de consideração de Deborah, disse que a filha dela já percebe a ausência da mãe:
— Era o tempo todo com ela brincando, o tempo que ela não ficava fora do trabalho, estava com a filha brincando o tempo todo no colo.
Ele citou ainda a dor de Wallace Souza.
— Ele está lá, ele tem uma filha de 7 meses para criar, não tem mais a esposa. Aquele sonho dele de vida perdeu sentido, né? Isso é visto como nada, porque a autoridade vê isso como nada — disse.
Waldir criticou a ausência do estado na segurança pública do Rio e o despreparo dos policiais no confronto que resultou na morte da sobrinha. A fala aconteceu durante o velório da mulher.
— Já virou comum morrerem pessoas no meio da rua, vítimas de bala perdida, de assaltos… a gente fica aqui lidando com a perda, para eles (o estado) é só uma estatística.
Waldir reforçou que nenhuma autoridade do governo compareceu ao velório de Deborah — “Não vi ninguém do estado”, disse. Ele destacou ainda que o despreparo dos agentes envolvidos no tiroteio:
— O que se vê é um despreparo total. O ponto de ônibus estava lotado, ocorre um assalto e o policial, ao invés de esperar um momento mais oportuno, atira contra os criminosos e inicia um confronto. Quem morre não tem nada a ver com a situação. Não dá pra agir na emoção, precisa parar, pensar com calma.
Como foi o assalto que fez duas vítimas no Rio?
Tudo começou por volta das 5h, quando quatro bandidos, em um Honda HR-V, tentaram roubar uma moto na saída 6 da Linha Amarela. Um policial, que estava no local, percebeu a ação e tentou impedi-la. Segundo a Polícia Civil, os assaltantes reagiram e houve confronto. Deborah e José Carlos estavam a caminho do trabalho e foram mortos por balas perdidas no tiroteio.
Duas pessoas morrem em tentativa de assalto na Linha Amarela
Deborah foi atingida em um ponto de ônibus, e José Carlos dentro de um ônibus da Viação Tinguá. Um suspeito, identificado como Alexsandro de Andrade Venâncio, de 24 anos, foi baleado e preso. Duas armas que pertenciam aos bandidos foram apreendidas e serão periciadas.
Agentes da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) foram para o local e realizaram uma perícia. A especializada ficará à frente das investigações.
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