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O delegado Marcos Buss, titular da 25ªDP (Engenho Novo), afirmou, em entrevista, ter elementos suficientes para acreditar que Suyany Breschak é a mandante e a arquiteta do assassinato do empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond. Presa desde o dia 28 de maio, a mulher se apresenta como cigana e, há 10 anos, prestava orientação espiritual à namorada da vítima, a psicóloga Júlia Andrade Cathermol Pimenta, de 29 anos. A polícia reforça que a motivação do crime não está clara e que a investigação ainda não foi concluída.

O delegado Marcos Buss pondera que todas as informações ainda são preliminares, contudo, reforça ter elementos suficientes de que Suyany exercia forte influência em Júlia, que acreditava estar com a vida nas mãos dela. Para ele, a suposta cigana orquestrou todo o crime, incluindo a dosagem de analgésicos que levou o Luiz Marcelo à morte.

A psicóloga se entregou à polícia às 23h30 de terça-feira. Ela foi localizada em uma rua no bairro Santa Teresa, no Centro do Rio, de onde foi levada para a 25ª DP (Engenho Novo). Ela passou a noite numa cela e foi transferida às 11h30 desta quarta para a Casa de Custódia de Benfica. Júlia é acusada de ter envenenado Luiz Marcelo com um brigadeirão, um mês após terem começado a morar juntos.

Em nota, o advogado de defesa de Suyany, Etevaldo Tedeschi, alegou que não concorda com a opinião do delegado.

"Acredito que no final das investigações deverá haver conclusão diversa do posicionamento atual do Delegado de Polícia que preside o inquérito policial". Completando que era de interesse da cliente a morte de Luiz Marcelo, "ao que tudo indica Suyany tinha interesse financeiro na manutenção da relação amorosa da vítima e Júlia".

Ligação entre Suyany e Júlia

Segundo a polícia, Suyany conhece a psicóloga há pelo menos 10 anos. Durante esse período, a suposta cigana teria realizado diversos trabalhos espirituais à mulher, que tinha uma dívida de cerca de R$ 600 mil com ela. Durante a entrevista, o delegado Marcos Buss destacou, com base no depoimento da mãe da psicóloga, que Júlia tinha "uma grande admiração, uma verdadeira veneração" por Suyany.

Ele também relembrou que, no primeiro depoimento, Suyany afirmou ter como principal fonte de renda a Júlia, que pagava valores mensais à mulher. A delegacia ainda investiga o motivo dessas mensalidades, que vieram à tona com a quebra de sigilo bancário da suposta cigana.

A relação de "veneração", segundo o agente, também está atrelado a um medo que Júlia sentia de Suyany, acreditando que ela poderia fazer mal a ela e a sua família. No depoimento do padrasto de Júlia, realizado na noite do dia 4 de maio, ele enfatiza que a enteada "contou para a mãe que foi induzida por uma "feiticeira" a fazer uma besteira", e que a fez porque a "feiticeira" disse que iria matar, "através de feitiço, o padrasto, a mãe da Júlia e a Júlia".

O depoimento da mãe da psicóloga corresponde ao do padrasto: "que o tempo todo, Júlia disse que fez o que fez a mando de Suyany; que a declarante acredita que Júlia realmente acreditava nos poderes mágicos de Suyany". Os depoimentos da família também revelaram que Júlia atribuia problemas diários, como questões de saúde e acidentes domésticos, a “feitiços” realizados pela suposta cigana.

Suspeita de envenenar namorado com brigadeirão é transferida​

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Relação entre Júlia e Luiz Marcelo

A polícia afirma que Júlia e Luiz Marcelo se conheceram em 2013 e teriam assumido um relacionamento recentemente. No início de abril, ele chegou a mudar um status nas redes sociais, afirmando estar "casado". Naquele mesmo mês, no dia 19, os dois começaram a morar juntos em um apartamento no Engenho Novo, Zona Norte. Segundo amigos e parentes do empresário, ele estava apaixonado pela psicóloga e planejava formalizar a união.

Paralelo à relação com Luiz Marcelo, Júlia vivia outro namoro com Jean Cavalcante de Azevedo, que contou à polícia não saber nada sobre o crime. Segundo ele, Júlia o avisou em abril que precisaria de um mês para terminar um trabalho. A data coincide com o período em que ela foi morar com Luiz Marcelo.

Jean revelou, aos agentes, áudios e vídeos enviados por Júlia, que disse estar ajudando uma amiga, identificada como Natália, a cuidar dos filhos. Contudo, a polícia acredita que, na verdade, a história seja uma armação, já que as crianças que aparecem nas imagens são filhos de Suyany. Além disso, a voz que aparece nas gravações se assemelha a da cigana. Segundo o delegado, testes serão realizados para a confirmação.

Brigadeirão envenenado

Em depoimento à polícia, em 3 de junho, representantes de uma farmácia na Zona Norte do Rio afirmaram que Júlia comprou uma caixa de analgésicos com morfina no dia 6 de maio, 12 dias antes da morte de Luiz Marcelo. A compra de R$ 158 foi realizada, segundo narraram, com apresentação de receita. O remédio, feito com morfina, é apontado como possível causa da morte do empresário.

A suspeita de uso do remédio para envenenar o empresário surgiu a partir do depoimento de Suyany, que contou a polícia que Júlia teria moído cerca de 60 comprimidos de analgésicos e os misturou no preparo de um brigadeirão, depois servido ao namorado.

Psicóloga se entregou

Na terça-feira, Júlia entrou na 25ª DP com a cabeça baixa, de capuz cinza a máscara no rosto. Ela não quis falar com a imprensa. A suspeita estava acompanhada da advogada Hortência Menezes e do delegado Marcos André Buss. Segundo um dos policiais responsáveis pela investigação do caso, Júlia se entregou à polícia no bairro de Santa Teresa, na região central do Rio. O encontro foi negociado com a polícia, enquanto a mãe e o padrasto de Júlia prestavam depoimento.

— Foi por isso que trouxemos a mãe e o padrasto dela (para a delegacia). Imaginamos que iria ajudar na negociação para ela se entregar — afirma o investigador.

Luiz Marcelo foi visto com vida pela última vez em 17 de maio deste ano no elevador do prédio onde morava, no Engenho Novo, Zona Norte do Rio. Nos dias seguintes, apenas Júlia era vista no prédio. Ela usou o carro do namorado, foi à academia do condomínio para fazer exercícios e, ao receber um cartão de conta conjunta aberta com Luiz Marcelo, deixou o local levando uma mala e uma mochila.

O corpo de Luiz Marcelo foi encontrado no sofá de seu apartamento, após os vizinhos acionarem a administração do prédio, porque estavam incomodados com o forte cheiro. A porta foi arrombada, e o corpo foi encontrado em adiantado estado de decomposição. A polícia acredita que ele havia morrido na sexta-feira anterior, três dias antes. Durante todo esse tempo, segundo os investigadores, Júlia conviveu com o cadáver do namorado em casa como se nada tivesse acontecido.

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