Motoristas de aplicativo relatam terem sido feitos de reféns na Ilha do Governador: 'Mandaram fazer Pix para ser liberado'

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"Só um alerta: Ilha do Governador. Estou desde 8h na favela, me liberaram agora. Pegaram 23 Uber. Mandou todo mundo fazer Pix para poder ser liberado. O cara falou que não quer mais Uber dentro da Ilha. Os caras estão de moto, rodando, parando todos os carros. Os meninos do mototáxi disseram que eles estão há três dias fazendo isso. Está todo mundo indo lá na delegacia", disse uma motorista em áudios que são compartilhados na internet.

Conforme divulgado pelo RJTV, mais de 20 motoristas passaram por essa situação nesta semana. Eles teriam sido atraídos para corridas falsas para pegar passageiros, mas ao chegar na Rua Magno Martins foram rendidos por bandidos do Morro do Dendê.

Um dos motoristas rendidos, que preferiu não ser identificado, falou ao noticiário da TV que quem é de fora da Ilha está proibido de circular na região e que, se for morador, precisa pagar R$ 60 por semana: "Anotaram a placa dos nossos carros e disseram que se me pegarem de novo vai ser no esculacho, tiro, humilhação", diz.

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A 37ª Delegacia de Polícia (Ilha do Governador) informou que as investigações sobre esse caso estão em andamento. "Os agentes já identificaram alguns dos criminosos e realizam diligências para localizar e responsabilizar criminalmente os demais envolvidos", disse a Polícia Civil.

A Polícia Militar ressaltou que "a participação da população é determinante no combate" a "extorsão e exploração clandestina de serviços". Além disso, informou que há uma parceria com empresas de aplicativos de transporte, o botão “Ligar para a polícia”, que atende tanto passageiros como motoristas, onde os operadores do Centro de Controle Operacional da Polícia Militar (Cecopom) são acionados e recebem a localização em tempo real.

"A Corporação sempre ressalta a importância do acionamento de nossas equipes para casos imediatos através de nossa Central 190 e do App RJ 190, assim como a importância dos registros dos crimes nas delegacias, o que proporciona um direcionamento das análises das manchas criminais locais de forma mais objetiva, sendo executadas de forma integrada com o apoio da PCERJ", disse a PM em nota.

Em abril deste ano, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio do promotor de Justiça Sauvei Lai, da 2ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Territorial da área Ilha do Governador e Bonsucesso, denunciou traficantes que exigiam pagamento de motoristas de aplicativos, mediante ameaça de morte e com emprego de armas de fogo, na Ilha. A Promotoria pediu também a prisão preventiva dos denunciados.

De acordo com as denúncias, os bandidos integram a organização criminosa Terceiro Comando Puro (TCP), que controla o comércio ilegal de tráfico de drogas na Comunidade do Dendê, da Pixunas e na maioria das demais comunidades da Ilha. Segundo o MPRJ, eles expandiram seus negócios ilegais, organizando-se como uma narcomilícia e passando a cobrar “taxas”, por meio de extorsões contra motoristas de aplicativos, mototáxis e de táxi.

"Para trabalhar como motoristas na região, as vítimas eram obrigadas a efetuar pagamentos semanais no valor de R$ 150 e a se cadastrar nas cooperativas 'Cooperativa do Crime' ou 'Cooperativa da Extorsão', criadas pelos criminosos, com sede no interior da Comunidade do Dendê, local onde ocorrem os pagamentos e os cadastros dos motoristas extorquidos. Além do pagamento, os traficantes passaram a obrigar o uso de adesivos que forneciam, para identificar os motoristas cadastrados e que cumprem as exigências dos criminosos", diz o Ministério Público, também continuando:

"À 5ª Vara Criminal foram denunciados Mario Henrique Paranhos de Oliviera, vulgo “Neves" ou "Nem"; apontado como mandante e responsável por ordenar as atividades ilícitas, e que se encontra preso; Marlom Rodrigues Chieregatto dos Santos (“ML” ou “Marreco"); Leonardo Rodrigues Pereira (“Dogão"); Leonardo Alves dos Santos (“Valoroso ou “Pavora"); e Anderson Alves dos Santos Barbosa. Na 35ª Vara Criminal foi apresentada a denúncia de Claudio da Rosa Gomes da Silva Carvalho ("Nhonho") e também de Mario Henrique Paranhos de Oliveira".