À polícia, Caroline Mancini revelou que a irmã Karen Mancini, de 39 anos, era dopada pelo marido com sete comprimidos de medicamentos psicotrópicos por dia, geralmente misturados com bebida alcoólica. Em depoimento, ela contou que Clodoaldo Queiroz de Oliveira, de 41, com quem Karen foi casada por cinco anos, costumava fazer isso para sair. Ele deixava a esposa desacordada em casa. Karen foi encontrada morta com 114 lesões pelo corpo, no último sábado dentro de casa, em Lumiar.
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Na delegacia, Caroline narrou que Clodoaldo, também conhecido por Gustavo, comprava a medicação controlada sem receita, na Ilha do Governador, onde o casal morava antes de se mudar para Lumiar, na Região Serrana. Segundo ela, era ele quem ministrava para Karen, por conta própria, altas dosagens de Alprazolam, usado no tratamento de transtornos de ansiedade, e de Zolpidem, utlizado para insônia. Ele esperava que a esposa dormisse, ficasse "sem reaç��o", e saía com amigos.
A irmã comentou na delegacia que Karen era depressiva e, por isso, fazia uso de medicações. Ela acabou se tornando dependente delas. Caroline disse também que chegou a alertar Clodoaldo sobre os riscos de se misturar os antidepressivos com álcool:
"Que falava para Clodoaldo que ele iria matar a vítima, eis que ministrava vários remédios de tarja preta misturado com bebidas alcoólicas para a vítima; que Clodoaldo não parava, ministrando excesso de medicação com álcool para a vítima. Que Clodoaldo confessou tal circunstância ao ser questionado. Que a ministração era diária", disse Caroline em depoimento.
Preso em ônibus com destino ao Rio
Karen foi encontrada morta no sábado, por policiais militares, em Luminar, Nova Friburgo. O mandado de prisão contra o ex-marido dela, Clodoaldo Queiroz, foi emitido às 18h de domingo, quando o laudo de necrópsia apontou que Karen havia sido assassinada. Ele foi localizado por policiais militares na manhã de segunda-feira, em um ônibus com destino ao Rio. Ele foi encaminhado para a Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Friburgo.
No Facebook, a irmã Caroline Mancini fez um relato sobre o feminicídio. Segundo ela, no último sábado, agentes da Polícia Militar de Nova Friburgo entraram em contato para avisar sobre a morte de Karen. O caso foi considerado suspeito, principalmente porque o rosto dela estava "muito machucado".
"Nesse momento, alertei a PM de que a Karen já vinha sofrendo violência doméstica há um tempo e que ela tinha uma medida protetiva contra o ex-companheiro, mas que eu não sabia se já havia expirado", explicou Carolina na publicação.
Caroline também disse que, no laudo de necrópsia, feito no domingo, o legista afirmou que a causa da morte foi hemorragia e traumatismo craniano encefálico por ação contundente, o que confirmaria o feminicídio. No documento, há o registro de que Karen tinha 114 lesões pelo corpo.
Vizinhos de Karen teriam avisado aos policiais que, naquele dia, ela e Clodoaldo haviam brigado. Ele chegou a ser levado para a Deam do município, mas foi liberado por falta de provas. Com o avanço das investigações, foi expedido um mandado de prisão, e ele foi preso tentando fugir de Lumiar.
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