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Por e — Rio de Janeiro

Miliciano mais procurado do Rio de Janeiro, com 12 mandados de prisão expedidos em seu nome pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, se entregou à Polícia Federal (PF) na véspera de Natal, neste domingo, no Centro do Rio. A negociação para que isso acontecesse, no entanto, iniciou-se há pouco mais de uma semana, com "tratativas" entre a defesa do miliciano e representantes da corporação e da Secretaria estadual de Segurança Pública. A polícia trabalha com a hipótese de que antes de ser preso, o paramilitar já tenha deixado alguém em seu lugar para comandar a quadrilha.

Número 2 de Zinho, miliciano Matheus da Silva Rezende, conhecido como Faustão ou Teteus, foi morto numa troca de tiros com a polícia em outubro — Foto: Reprodução
Número 2 de Zinho, miliciano Matheus da Silva Rezende, conhecido como Faustão ou Teteus, foi morto numa troca de tiros com a polícia em outubro — Foto: Reprodução

Ainda não há um consenso sobre quem estaria à frente dos negócios de Luís Antônio da Silva Braga. De acordo com fontes ouvidas pelo O GLOBO, o primeiro contato entre as partes envolvidas na negociação teria acontecido há pouco mais de uma semana, antes da Operação Batismo da Polícia Federal e do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). A ação tinha como alvo a deputada estadual Lúcia Helena Pinto de Barros, a Lucinha, (PSD), uma das campeãs de votos na Zona Oeste do estado. A Operação Batismo ganhou esse nome porque investigadores, ao analisar as conversas extraídas do celular de Rodrigo dos Santos, o Latrell, preso em 2022, perceberam que o codinome “madrinha” se referia à Lucinha. Seria uma relação entre madrinha e afilhado, explica uma fonte da PF.

A decisão de Zinho de se entregar seria para tentar continuar com seus negócios criminosos e conter danos, segundo fontes da Polícia Federal. A ação que mirou Lucinha, ainda segundo essas fontes, teria representado um revés para o grupo paramilitar chefiado por ele. A advogada do miliciano procurou uma policial da recém-criada Secretaria de Segurança, pedindo o contato do delegado responsável pela Operação Batismo, que aconteceu no último dia 18. Daí, o titular da pasta, o delegado da Polícia Federal Vítor César Santos, entrou em contato com o superintendente da Polícia Federal, Leandro Almada, falando sobre a possibilidade de Zinho se entregar. O delegado da Operação Batismo ficou à frente das tratativas com a advogada do chefe da maior milícia fluminense, fechando o acordo na véspera de Natal.

Luís Antonio da Silva Braga, o Zinho — Foto: Reprodução
Luís Antonio da Silva Braga, o Zinho — Foto: Reprodução

Policiais encarregados de investigar o bandido apontam três razões determinantes que teriam levado o chefe da maior milícia da Zona Oeste a se apresentar à PF. A primeira seria a perda do seu sobrinho e principal braço armado do bando, Matheus da Silva Rezende, o Faustão ou Teteus. Ele foi morto numa troca de tiros com agentes da Polícia Civil, no dia 23 de outubro. Na ocasião. Zinho determinou a queima de 35 ônibus e de uma composição ferroviária, ocorridos em bairros da região onde a quadrilha exerce forte influência. Na ação, considerada terrorista pelas fontes, chamou a atenção que nenhum veículo de transporte alternativo foi alvo, o que confirma a ação da quadrilha de Zinho.

Nos últimos três meses, o miliciano também perdeu três homens de confiança presos pela polícia, entre eles estão Delson Xavier de Oliveira, detido no fim de novembro por suspeita de ser o principal armeiro do bando paramilitar, e Marcelo de Luna da Silva, o Boquinha. Este último foi baleado e preso, em outubro, durante uma operação, em Pedra de Guaratiba, que envolveu a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e a Coordenadoria de Recursos Especiais. Por último, considerado o maior revés para Zinho, foi a deflagração da Operação Batismo, deflagrada pela Polícia Federal e o Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ), com o apoio da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI). Pela PF, as investigações estão sendo conduzidas pelo Grupo de Investigações Sensíveis (Gise/RJ) e a Delegacia de Repressão a Drogas (DRE/PF/RJ).

Ministério Público do Rio de Janeiro, no dia 18, para desmantelar o braço político da milícia.

Na ocasião, a deputada estadual Lucinha foi o principal alvo da ação, que segundo investigações integraria o braço político do bando. A Procuradoria-Geral de Justiça, em decorrência do foro por prerrogativa de função da parlamentar, pediu à Justiça o afastamento da deputada. O desembargador Benedicto Abicair, do Órgão Especial do Tribunal de Justiça, decidiu pelo afastamento de Lucinha, cabendo à Assembleia Legislativa do Rio acatar ou não mantê-la longe da Casa. De acordo com o MPRJ, Lucinha mantinha participação ativa na organização criminosa, principalmente na articulação política, visando atender interesses do grupo miliciano.

— A morte do Faustão e a Operação Batismo foram determinantes para que o Zinho tomasse esta decisão (de se entregar). Ele perdeu o sobrinho(Faustão) que era seu braço armado, seu braço de guerra. Depois perdeu três lideranças em comunidades da Zona Oeste. Isso desarticulou o bando que foi enfraquecido e poderia até sofrer com ações de ex-integrantes. Se você for olhar lá atrás, aconteceu o mesmo com a milícia do Danilo Tandera ( Danilo Dias Lima, ex-integrante do bando de Zinho). Quando ele perdeu o irmão e homem de confiança ( Delso Lima Neto, o Delsinho, morto em troca de tiros com a polícia em agosto de 2022), ele também enfraqueceu e perdeu espaços — disse um dos policiais encarregados de investigar o bando de Zinho.

Depois de cumprir as formalidades da prisão, no domingo, Zinho foi submetido a um exame de corpo deleito, e em seguida levada para o presídio José Frederico Marques, em Benfica. Posteriormente, numa operação de emergência, a Secretaria estadual de Administração Penitenciária transferiu o bandido, com escolta de aproximadamente 50 homens para o Complexo Gericinó de Bangu, onde está recolhido à disposição da Justiça.

Mais recente Próxima Zinho está em cela de 6m² e não terá direito a banho de sol; galeria tem outros 11 milicianos, incluindo Taillon

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