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Por Leonardo Nogueira — Rio de Janeiro

A estátua de João Cândido, que entrou para a História como o “Almirante Negro”, liderança na Revolta da Chibata, foi reposicionada nesta terça-feira na Praça Marechal Âncora, no Centro do Rio, de frente para o mar. A peça, que ficava escondida atrás da estação do VLT no final na Praça Quinze, foi restaurada pela Secretaria Municipal de Conservação para ganhar mais visibilidade e passou a ocupar um espaço 300 metros adiante de onde estava.

O secretário de Governo e Integridade Pública, Tony Chalita, afirmou que as adaptações foram feitas para dar um local de protagonismo ao monumento, que merece esse espaço.

– É um compromisso dar Prefeitura do Rio fazer esta reparação, ouvir a sociedade civil e dar visibilidade a personagens tão importantes na história da cidade e do país. Fizemos as adaptações do espaço para dar um local de protagonismo para esse herói nacional que foi João Cândido – disse.

Nascido em 1880, João Cândido Felisberto era filho de escravizados que vieram para o Brasil. Quando jovem, aos 14 anos, entrou para a Marinha. O apelido de Almirante Negro veio após ter liderado o primeiro levante da Revolta da Chibata em uma das embarcações militares atracadas na Baía de Guanabara, a Minas Gerais.

A Revolta da Chibata aconteceu em novembro de 1910 e foi uma rebelião contra os maus-tratos sofridos pelos marinheiros brasileiros. O movimento queria o fim dos castigos físicos aplicados por comandantes, em sua maioria, brancos, a marujos considerados indisciplinados. As posições mais baixas da corporação eram ocupadas por negros e pobres, aqueles que sofriam os castigos.

Os manifestantes afirmavam que caso as punições físicas não chegassem ao fim, a cidade do Rio de Janeiro seria bombardeada. O governo brasileiro aceitou as condições dos marinheiros, mas após o fim da revolta começou a perseguir aqueles que manifestaram contra as medidas autoritárias dos comandantes.

Um dos perseguidos foi João Cândido, que foi expulso das Forças Armadas, preso e chegou a ficar internado em um hospício. O Almirante terminou seus dias como pescador e morreu em 1969.

A homenagem emocionou o filho do Almirante Negro, Adalberto Cândido, mais conhecido como Seu Candinho, que tem 84 anos e lembrou dos tempos difíceis passados por seu pai.

–A estátua ficou escondida depois que foi construído o terminal do VLT na Praça Quinze e já estava até sem a placa de identificação. Agora, está num espaço mais bem localizado. O meu pai foi muito perseguido pela Marinha e agora esse reconhecimento deixa a todos nós, da família, muito orgulhosos – comentou Cândido.

Filho do Almirante Negro, Adalberto Cândido, que tem 84 anos e se emocionou com a realocação da imagem. — Foto: Reprodução
Filho do Almirante Negro, Adalberto Cândido, que tem 84 anos e se emocionou com a realocação da imagem. — Foto: Reprodução

A imagem já passou por outros lugares antes de ficar sem protagonismo na atrás da estação do VLT da Praça Quinze. Até 2008, esteve no Museu da República, no Catete, também sem o destaque que merece.

Realizada pela Gerência de Monumentos e Chafarizes, da Secretaria de Conservação, a revitalização aconteceu em duas etapas. Depois de transferido para a Praça Marechal Âncora, o pedestal ganhou revestimento em granito e uma placa informativa. Além disso, a figura em bronze de tamanho natural, assinada pelo artista Valter Brito, passou por limpeza e aplicação de resina protetiva.

A iniciativa faz parte do projeto de revitalização dos monumentos da Praça Quinze, feito pela Prefeitura para celebrar o Bicentenário da Independência. Foram restauradas também as estátuas de D. João VI e General Osório, o chafariz do Mestre Valentim e o Marco à Fotografia, que estavam no local.

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