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Por Carmélio Dias — Rio de Janeiro

Alunos do tradicional Colégio Padre Antonio Vieira (Copavi), localizado no Humaitá, na Zona Sul do Rio, e seus responsáveis foram surpreendidos por um e-mail, enviado às 19h de terça-feira (11), no qual a direção da escola, que completou 82 anos em setembro, comunica o encerramento de suas atividades no fim do ano letivo, conforme informou o colunista Ancelmo Gois, em seu blog no GLOBO. De acordo com Izabel Werneck de Almeida e Silva, uma das diretoras do colégio, chegaram a ser estudadas propostas de grupos interessados em assumir o colégio, que atua da educação infantil ao ensino médio, mas nenhuma delas prosperou.

— Temos uma visão de educação muito própria, bastante firme, que norteou nosso trabalho ao longo de décadas e, francamente, não vimos sinergia nos projetos que nos foram apresentados — disse.

Sobre os motivos do fechamento do colégio, a diretora preferiu não dar detalhes.

— Uma decisão dessa magnitude não tem um motivo só. Foram diversos os fatores que nos levaram a essa decisão. Um deles é o nosso senso de responsabilidade e compromisso. É o fim de um ciclo e também a celebração de uma história que deixou marcas visíveis em gerações de brasileiros e que permanecerá viva em nossos alunos — disse Izabel Werneck.

Entre as mães, o sentimento de perda veio junto com a preocupação de encontrar vaga em instituição de ensino à altura do Copavi já para o ano que vem.

— Imagino que tenha sido uma decisão difícil, afinal é uma escola muito tradicional. Não tivemos informação sobre os motivos do fechamento. Fico triste, claro, mas na prática meu foco no momento é conseguir vaga em uma outra escola — disse a profissional de marketing Tereza Cortes, de 38 anos, que tem um filho no ensino fundamental do Copavi. De acordo com a diretora Izabel Werneck, o colégio divulgará, em breve, comunicado com a indicação de escolas amigas capazes de absorver os estudantes.

No texto enviado aos responsáveis a direção do Copavi afirma ter compartilhado a informação com antecedência “de modo a minimizar seus impactos”. Uma parte da mensagem foi usada em publicação nas redes sociais da escola juntamente com a imagem do escudo do colégio, no qual se vê a imagem do Cruzeiro do Sul em fundo azul, com borda na cor vermelha. Os comentários não demoraram a surgir. Entre as centenas de mensagens, muitas usavam o termo “padreco”, forma carinhosa com a qual os alunos se referem ao colégio.

“Nosso colégio. Nossa casa. Nosso Padreco. Lugar que aprendemos mais do que conhecimento, mas sim sabedoria. O Colégio Padre Antônio Vieira nos ensinou honra, moral, caráter, palavra e amizade”, escreveu Guilherme Knabb. Várias mensagens faziam referência ainda ao fato de o Copavi marcar gerações de famílias. “Lastimável! Tristíssima! Sempre fui fã do colégio que educou três gerações da minha família. Marido, filhos e neto. É um tempo que se acaba e que vai deixar muita saudade!”, exclamou Ana Maria Vieira.

Para a psicóloga Tabata Martins Cavalcanti de Queiroz, de 44 anos, o fechamento do colégio representa bem mais que o simples encerramento das atividades de um estabelecimento de ensino.

— O que a gente tá perdendo é uma família, vai se desestruturar tudo, vai cada um pra um lado. Não é só uma escola é algo muito maior que nos acompanha há muitos anos. Um colégio extremamente pessoal, com uma filosofia educacional diferenciada, todos os alunos são tratados com a sua individualidade, com suas questões, por todos os profissionais — afirma Tabata, que tem dois filhos, de 7 e 3 anos, matriculados no Copavi. Diferentemente de outras mães, ela ainda não parou para pensar em conseguir vaga em outra escola.

— Enquanto há vida, há esperança. Gostaria muito de receber uma mensagem dizendo que deram um jeito, que o colégio vai encontrar uma forma de continuar funcionando — disse, com a voz embargada.

Tabata não chegou a ser aluna do Copavi. Na sua época de estudante, o colégio era exclusivo para homens. Ela conta que sua prima Yana de Souza Martins, falecida esta semana aos 32 anos após transplante múltiplo de órgãos, fez parte da primeira turma feminina do colégio, em 1995.

— Quando ela estava doente o colégio fez uma grande campanha de doação de sangue, se mobilizou. Depois a direção foi ao enterro dela, esse era o espírito do Copavi, uma atenção e um carinho fantásticos com alunos e ex-alunos, por isso não me conformo — diz Tabata.

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