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Por O GLOBO — Rio de Janeiro

No Centro de Campos dos Goytacazes, região Norte Fluminense, está a agência número 65 do Bradesco, local em que mais ocorreram saques de ordens de pagamentos pagos pela Fundação Ceperj, órgão alvo de investigação do Ministério Público. No último dia 7 de julho, segundo consta numa planilha entregue pelo Bradesco ao Ministério Público do Rio, foram realizados 505 transações oriundas da "folha secreta" durante as seis horas de expediente bancário, uma média de uma retirada a cada 43 segundos.

Desde o início do ano, a agência pagou R$ 12 milhões para pessoas físicas vinculadas ao Ceperj. O valor retirado somente no Centro de Campos naquele dia 7 de julho foi de R$ 1, 6 milhão, sendo 499 saques direto na boca do caixa, em dinheiro vivo.

Entre as 505 transações bancárias, houve saques de R$ 600,35 a R$ 11.169,79. O valor mais alto foi retirado por apenas 19 pessoas, totalizando R$ 212 mil.

Assessores de vereadores de Campos fizeram saques de mais de R$ 200 mil

Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, aparece com destaque na lista das contratações feitas pela Fundação Ceperj, alvo de investigação do Ministério Público do Rio (MPRJ). Uma agência bancária do município foi a que mais registrou saques na boca do caixa feitos pelos funcionários. Foram mais de R$ 12 milhões em dinheiro vivo. E, com a divulgação da lista dos beneficiários, o que se vê é a influência política. Reportagem do RJ2, da TV Globo, mostrou que até a cunhada do atual líder do governo Cláudio Castro na Assembleia Legislativa, o deputado estadual Rodrigo Bacellar (PL), sacou mais de R$ 22 mil nos últimos meses.

A ligaç��o de Bacellar não para por aí. A TV Globo encontrou, na relação dos mais de 27 mil contratados pelo Ceperj, 12 assessores da Câmara Municipal de Campos. Eles estão lotados nos gabinetes de cinco vereadores, todos aliados do deputado estadual do PL. A farra política chega ainda à Alerj, onde 20 funcionários ou ex-funcionários também foram aos bancos sacar dinheiro referente a projetos bancados pelo Ceperj. A Constituição impede acumulação de cargos no serviço público.

Bárbara Lima, cunhada de Bacellar, namora o vereador de Campos Marquinhos Bacellar. Ela, que aparece em fotos nas redes sociais ao lado do deputado, fez dois saques: um em junho e outro em julho, perfazendo R$ 22.339,58. Marquinhos não foi localizado ontem. Juntos, os 12 assessores da Câmara de Campos receberam mais de R$ 200 mil do Ceperj.

Seis funcionários do vereador de Campos Rafael Thuin (PTB) fizeram saques no total de R$ 120 mil. Uma equipe do RJ2 esteve em Campos à procura do parlamentar, mas ele não foi localizado. Um de seus assessores, Luiz Carlos Chicre, que sacou R$ 28 mil de um cargo secreto, foi encontrado na Câmara, mas se recusou a dar entrevista. “Meu amigo, eu não dou entrevista, não. Dá licença”, disse o chefe de gabinete de Thuin ao ser encontrado pela reportagem.

Além de Thuin, a equipe da TV Globo também não encontrou os outros cinco vereadores que têm assessores na lista do Ceperj: Maicon Silva da Cruz (PSC), Igor Pereira (SDD), Luciano Riolu (PDT) e Marquinho do Transporte (PDT). Nenhum deles estava na Câmara Municipal durante o horário do expediente.

Até maio, Bacellar era secretário estadual de Governo, pasta que comanda parte dos projetos do Ceperj — Observatório do Pacto RJ e RJ para Todos, que custaram aos cofres públicos R$ 66 milhões este ano. Em plenário na Alerj, o deputado — que começou sua carreira política em Campos — afirmou ontem que “a verdade tem de ser apurada” e ainda elogiou o Ministério Público, que apontou a existência de uma folha de pagamento “secreta” no Ceperj. Por meio de nota enviada ao RJ2, o líder do governo informou que não pratica ilegalidades na vida pessoal e pública e que todas as pessoas contratadas pelo Ceperj passaram por processo seletivo. Sobre a cunhada, o parlamentar disse que ela foi prestadora autônoma de serviço por dois meses, não ocupando cargo nem função pública.

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