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Por O Globo — Rio de Janeiro

A investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes se arrasta há meia década. Nesse período, cinco delegados da Polícia Civil do Rio passaram pelo caso: Giniton Lages (2018-2019), Daniel Rosa (2019-2020); Moisés Santana (2020-2021); Edson Henrique Damasceno (2021-2022) e Alexandre Herdy (2022/23). Nesta segunda-feira, numa ação da Polícia Federal com o Ministério Público estadual foi preso mais um envolvido no crime, após deleção premiada do ex-PM Élcio Queiroz: o ex-bombeiro Maxwell Simões Correa. Veja as idas e vindas, versões e fatos, do crime que ainda precisa ser esclarecido completamente.

Confira abaixo alguns dos principais momentos da investigação ao longo dos últimos cinco anos:

  • 14 de março de 2018: Por volta das 19h a vereadora Marielle Franco (Psol) chega à Casa das Pretas, na Lapa, região central do Rio, onde participa de um debate. Duas horas depois ela deixa o local. O carro onde ela, o motorista Anderson Gomes e a assessora Fernanda Chaves estavam é seguido pelo veículo dos assassinos. Por volta de 21h15, quando passava pelo bairro do Estácio, a vereadora é atingida por quatro tiros na cabeça. Anderson também morre no local. Fernanda é atingida por estilhaços e sobrevive.
  • 21 de março de 2018: A partir de pedido da 23ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal, um grupo de promotores é designado para atuar em auxílio à apuração do crime.
  • Maio de 2018: Surgem detalhes, revelados por O GLOBO, do depoimento do policial militar Rodrigo Jorge Ferreira, o Ferreirinha, que envolve o então vereador Marcello Siciliano e o ex-PM e miliciano Orlando Curicica no crime. O depoimento depois se provou falso. Ferreirinha foi preso em 2019, suspeito de ligação com milicianos.
  • 1º de setembro de 2018: O Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) passa a atuar no inquérito policial

  • 22 de janeiro de 2019: É deflagrada a operação Os Intocáveis na qual promotores e policiais cumprem 63 mandados de busca e apreensão nas residências de 13 suspeitos de integrar a milícia de Rio das Pedras. O principal alvo é o ex-capitão do Bope Adriano da Nóbrega. Para os investigadores, a disputa de terras na região poderia ser um dos motivos do assassinato de Marielle, já que ela estaria atuando em regularização fundiária na Zona Oeste.
  • 12 de março de 2019: Após investigação a partir de um telefonema anônimo, a Polícia Civil prende o PM Ronnie Lessa e o ex-policial militar Élcio Vieira de Queiroz, na operação Lume. Os dois são acusados de executar Marielle e Anderson. Na casa de um amigo de Lessa, no Méier, são encontrados 117 fuzis M-16 incompletos.

Ronnie Lessa, réu pelo assassinato de Marielle e Anderson, é deixa a Delegacia de Homicídios para Bangu em 15/03/2019  — Foto: Marcelo Theobald / Agência O Globo.
Ronnie Lessa, réu pelo assassinato de Marielle e Anderson, é deixa a Delegacia de Homicídios para Bangu em 15/03/2019 — Foto: Marcelo Theobald / Agência O Globo.

  • Julho de 2019: Um pescador contou à Polícia Civil que um aliado de Ronnie Lessa contratou seu barco e jogou seis armas no mar, próximo às Ilhas Tijucas. A polícia suspeita que a submetralhadora HK MP5, usada para matar a vereadora, seria uma dessas armas.
  • 3 de outubro de 2019: A operação Submersus, da Polícia Civil e do Ministério Público prende quatro pessoas. Entre elas Elaine Lessa, mulher de Ronnie Lessa.
  • Fevereiro de 2020: Um laudo da Polícia Civil, obtido pelo GLOBO, concluiu que a voz do porteiro que liberou a entrada do ex-PM Élcio de Queiroz no condomínio Vivendas da Barra, no dia do assassinato de Marielle não era a do funcionário que mencionou o ex-presidente Jair Bolsonaro aos investigadores da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). Ronnie Lessa era vizinho de Bolsonaro no condomínio. Em depoimento, um dos porteiros chegou a dizer que Bolsonaro havia liberado a entrada de Élcio no condomínio. Depois, ele voltou atrás.

  • Em 27 de maio de 2020: O Superior Tribunal de Justiça (STJ) nega a federalização da investigação sobre a morte da vereadora.
  • 27 de agosto de 2020: MP consegue no STJ decisão que obriga o Google a disponibilizar dados telemáticos que podem ajudar nas investigações.
  • 4 de março de 2021: O Ministério Público cria a força-tarefa com foco na identificação dos mandantes do assassinato da vereadora.

Maxwell Simões Correa, o Suel, chega à  Superintendência da PF no Rio após ser preso — Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo
Maxwell Simões Correa, o Suel, chega à Superintendência da PF no Rio após ser preso — Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo

  • Junho de 2021: Júlia Emília Mello Lotufo, a viúva do ex-capitão do Bope Adriano da Nóbrega, morto em confronto com policiais na Bahia, em fevereiro de 2021, aceita fazer delação premiada em troca de benefícios como a revogação da prisão.
  • Julho de 2021: As promotoras Simone Sibílio e Leticia Emile deixam a Força-Tarefa do Caso Marielle. As duas foram exoneradas a pedido. À época fontes da instituição disseram que as duas entregaram os cargos devido ao risco de interferência externa nas investigações. Desde setembro de 2018, ambas estavam à frente do inquérito.
  • Fevereiro de 2022: O delegado Alexandre Herdy, assume o caso. É o quinto a comandar a investigação sobre a morte de Marielle Franco.
  • Fevereiro de 2023: O ministro da Justiça, Flávio Dino, anuncia que vai "intensificar" a atuação da Polícia Federal em conjunto com o Ministério Público do Rio de Janeiro nas investigações do crime.
  • 24 de julho de 2023: Uma operação da PF e do MP do Rio prende o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o Suel. O nome dele como sendo um dos executes de Marielle e Anderson foi citado em delação premiada do ex-PM Élcio Queiroz. Na delação, ele afirma também que dirigia o carro que perseguiu o veículo da vereadora e que quem fez os disparos foi o também ex-PM Ronnie Lessa. Suel foi o responsável por vigiar Marielle e dar apoio logístico.

Mais recente Próxima Marielle era monitorada por ex-bombeiro desde agosto de 2017, meses antes do crime

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