Por Aydano André Motta
As escolas de samba teimam em não aprender a ancestral lição de que tamanho não é documento - e a maldição do gigantismo aproxima a Porto da Pedra da volta à Série Ouro. O último carro da escola, "O Lunário Perpétuo de um brincante" - um dos maiores da escola - quebrou ainda na armação e ocasionou buraco de quase meia avenida, tornando trágico o desfile da volta.
A escola de São Gonçalo cumpria de maneira regular seu retorno à elite da batucada, após 12 anos na segunda divisão. A história do Lunário Perpétuo ganhava versão carnavalesca luxuosa e, ainda que um pouco pesada, parecia pavimentar a permanência no Grupo Especial. O acidente pode ter posto tudo a perder.
Uma pegada Harry Potter para o enredo iniciado na Europa medieval garantiu a atenção da plateia, que se encantou pelo tigre gigantesco do pede passagem. O felino hipnotizou a Sapucaí e merecia melhor sorte com o que viria.
Mauro Quintaes, o competente carnavalesco da escola de São Gonçalo, concebeu desfile correto, com narrativa que viajava da Europa ao nordeste brasileiro. Parecia a caminho de uma colocação intermediária - e à sobrevivência na elite -, até o carro derradeiro ficar travado na armação.
A escola não parou, abrindo buraco enorme. Após torturantes minutos, a alegoria entrou, atravessando a Sapucaí num ziguezague assustador. A tragédia na evolução acompanhou a escola até o fim.
Fica a lição de que quase sempre, fazer um pouco menor pode ser muito melhor. Mas as escolas teimam em não aprender.