Barra
PUBLICIDADE
Por — Rio de Janeiro

RESUMO

Sem tempo? Ferramenta de IA resume para você

GERADO EM: 09/07/2024 - 07:01

Ex-motoboy da Rocinha se torna milionário e investe em negócios locais

Ricardo Ananias, ex-motoboy da Rocinha, se tornou milionário ao investir em negócios próprios, incluindo uma empresa de logística de sucesso. Ele também é sócio do Investe Favela, ajudando empreendedores locais a prosperar.

Filho de pedreiro e uma empregada doméstica, Ricardo Ananias começou a trabalhar aos 14 anos, quando já sonhava com uma vida bem diferente da sua realidade. Na época, ele buscava uma maneira de sair da pobreza que compartilhava com os pais e suas três irmãs, na Rocinha. Hoje empresário, ele conta que busca seu primeiro bilhão e investe em um fundo que ajuda moradores de comunidades com seus empreendimentos.

— Eu tinha uma madrinha que guardava o que sobrava da comida dos patrões e trazia para comermos. Muitas vezes o que a gente tinha era isso. Eu olhava para aquela situação e não aceitava aquilo, mas ainda não tinha muita noção que o problema era não ter dinheiro — diz ele.

Ananias diz que para começar a trabalhar teve de convencer a mãe sobre o caminho que ele desejava seguir, já que precisaria abrir mão dos estudos para se dedicar a um emprego em tempo integral. Assim, muito jovem, ele saiu da escola na oitava série, aos 14 anos. Logo depois, começou a trabalhar entregando jornais de madrugada na Barra da Tijuca, e a primeira conquista veio três anos depois. Em 2003 ele conseguiu um financiamento para comprar a sua primeira moto.

— Quando tive a oportunidade de financiar uma moto, eu saí do jornal e virei motoboy na comunidade. Sempre trabalhei em dois empregos, e, em uma das empresas em que eu trabalhava, eu notei outros cargos acima dos entregadores — lembra Ananias.

Com pouco mais de 20 anos, o jovem motoboy, que era premiado constantemente como o melhor entregador, foi promovido a coordenador. Um mês depois, subiu à função de supervisor e, mais tarde, ele passou a supervisionar todo o efetivo da empresa. Apesar do sucesso, as lutas estavam apenas começando: ao ascender, Ananias se viu diante de um impasse. Ele conta que a relação com um outro funcionário ia de mal a pior, o que influenciava no desempenho de suas funções na empresa.

— Eu era muito novo, tinha 26 anos e, dali, comecei a criar uma guerra com um gerente. Eu era muito imaturo, acabei não sabendo lidar com aquilo e o nosso convívio não ficou bacana. Por isso, o dono decidiu me demitir e nós fizemos um acordo — conta o empresário.

Virada de chave

Desempregado pela primeira vez desde a adolescência, Ananias se viu perdido e deprimido. Nessa época, decidiu procurar um dos clientes do antigo emprego para pedir uma oportunidade. Foi quando bateu à porta de Roberto Fiane, empresário do ramo alimentício. Depois de uma conversa contando toda a experiência que tinha, Ananias saiu daquele pedido de socorro como sócio de uma nova empreitada.

— Quando fui demitido, eu já sabia fazer gestão de pessoas, folha de pagamento, planilha e outras funções. Isso foi fundamental para que Roberto me chamasse para ser sócio. Foi daí que nasceu a R3 — lembra ele.

A R3 Express foi idealizada em 2012, como uma empresa de transportes para atender as pizzarias de Fiane. No entanto, Ananias viu uma oportunidade de crescimento: passar a atender outras empresas e transformar a R3 em uma companhia de logística.

Sem interesse no negócio, Fiane saiu da sociedade. Mas lembra do pupilo com admiração.

— Ele dominou as principais ferramentas de gestão e começou a aplicar na prática. Primeiro em uma empresa de e logo depois em múltiplos negócios, todos com muito sucesso. O mais bacana é que mesmo agora, já muito bem-sucedido, Ricardo continua com a mesma vontade de aprender todos os dias — diz ele.

Ananias conta que saída de Fiane o obrigou a aprender a caminhar sozinho:

— Eu me vi em uma situação muito desafiadora, porque perdi meu mentor.

Três anos depois de assumir a empresa totalmente, veio a Covid-19. Com as lojas físicas fechadas durante a quarentena e o consequente crescimento do delivery, a R3 embarcou em uma expansão, firmando parcerias e buscando atender às necessidades que a pandemia criou. Hoje, a empresa, com sede no Rio de Janeiro, opera também em São Paulo, Espírito Santo e Belo Horizonte e faz 500 mil entregas por mês. Ananias tornou-se sócio também de outras empresas de diferentes ramos, de estética a gastronomia. Agora, pensa em investir em um banco digital.

Sonho realizado

Ananias deixou a Rocinha em 2016 com a promessa de que voltaria para levar a família, e, em 2021, cumpriu: hoje mora na Barra e comprou casa para seus pais e suas irmãs na mesma região. Há três meses, foi convidado a dar uma palestra no Investe Favela, na comunidade, e aceitou o convite para se tornar um dos sócios da empresa, que viabliza negócios de empreendedores locais por meio de investimentos diretos e mentorias.

— Para mim, hoje, ser sócio do Investe Favela é retribuir tudo que o universo me deu. Estamos sempre oferecendo mentoria, orientando as pessoas a não cometerem os mesmos erros que a gente cometeu — diz ele.

Seus planos para o futuro continuam ambiciosos.

— Eu estou com energia para chegar no bilhão — diz ele.

Investe Favela

Marta Pereira Poit, sócia do Investe Favela, conta que o trabalho da empresa filantrópica começa pela busca e seleção de empreendedores de comunidades no Brasil. Essa pesquisa é feita por redes sociais, e os sócios, diretamente, também podem selecionar essas pessoas.

— A partir do momento em que nós identificamos aquele empreendedor com perfil e resiliência para o empreendedorismo, ele entra para um grupo que a gente chama de Investe Semente. Nós acompanhamos esse grupo por um período, e, na sequência, tentamos identificar como podemos ajudar esses empreendedores — explica ela, acrescentando que, além de mentoria intelectual e da orientação para a empresa se legalizar, o Investe Favela identifica se o empreendedor precisa de ajuda financeira e lhe oferece um empréstimo, se necessário.

Mais recente Próxima Voos internacionais a partir do Aeroporto de Jacarepaguá têm início nesta segunda-feira: veja os horários e conexões
Mais do O Globo

Seap abriu edital de licitação com interessados, mas empresas, que vendiam produtos nas cadeias, sem concorrência, moveram ação na Justiça contra medida; Estado criou cestas de custódia on-line para presos

Desembargador manda reabrir as cantinas em presídios e diz: 'A alimentação da cadeia é insalubre. Péssima. Podre'

Influenciadora Marcela Porto tomou decisão após ser alvo de ataques nas redes

Mulher Abacaxi sofre transfobia na web e rebate mensagens de ódio: 'Vou tomar as medidas cabíveis'

Partidas de ida começam a ser disputadas no dia 30 de julho

CBF divulga datas e horários dos jogos das oitavas de final da Copa do Brasil; confira

Na avaliação de Bráulio Borges, foco agora está em onde será o corte nas despesas obrigatórias de R$ 26 bilhões anunciado para o ano que vem

Para economista, relatório traz sinais positivos e agora mercado se voltará para Orçamento de 2025

Ao todo, já foram registrados sete filhotes nascidos em ambiente livre. O último registro oficial de antas no estado havia sido feito em 1914, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos

Anta Jasmim tem seu terceiro filhote após ser devolvida à natureza; animal era considerado extinto no Rio há 100 anos

Ex-modelo contou como está encarando a maturidade

Ângela Bismarchi reflete sobre o envelhecimento e defende autoaceitação das mulheres

Lateral-direito grego é o mais avançado para o setor, e o alvinegro pode pagar apenas um milhão de euros pela compra

Vagiannidis, Matheus Martins e mais: saiba quem são alvos do Botafogo e situação das transferências

Ao destacar privilégios da elite do funcionalismo, novo livro expõe urgência da reforma administrativa

Eficiência do Estado deve estar no topo da agenda