Uma série de novas exposições comprovam a força cultural das artes plásticas na região. O pintor e escultor Frans Krajcberg e o arquiteto e designer José Zanine Caldas abrem a lista, com a inauguração hoje, na Galeria Athena, em Botafogo, da mostra “Krajcberg & Zanine”. Além de amigos, os dois tinham em comum a preocupação com o meio ambiente e o uso sustentável da madeira. É a primeira vez que seus trabalhos são expostos conjuntamente.
— Krajcberg e Zanine foram muito amigos e tiveram uma convivência próxima com a natureza. Existe um diálogo entre as suas obras, e a ideia da exposição é apresentar o melhor de cada um deles, com peças importantes, representativas — diz Liecil Oliveira, um dos sócios da Galeria Athena.
A curadoria é da Athena e da Diletante42. São cerca de 20 peças, entre esculturas de Krajcberg, dos anos 1960 e 1970, e itens de mobiliário e uma escultura de Zanine, dos anos 1970 e início de 1980. Também serão apresentados relevos de parede de Krajcberg, feitos a partir de madeiras provenientes de queimadas e desmatamentos, com pigmentos naturais criados por ele. Uma grande obra de chão, da série “Bailarinas”, da década de 1980, com 2,90m de altura, também estará exposta.
Há ainda peças da “Série sombra”, técnica que consiste em capturar a sombra projetada por algum elemento natural, recortando em um suporte de madeira o desenho criado, que depois é fixado na peça, ganhando relevo e volume.
— Era um projeto complicadíssimo, no qual Krajcberg colocava no sol aquilo de que ele queria criar uma sombra. Mas nem sempre ficava como ele queria, e ele ia desenhando na madeira o defeito que aparecia. Algumas eram sem cor, de madeira lavada. Mas na grande maioria ele usava elementos da natureza, pigmentos que encontrava no minério ou na terra, e trabalhava este pigmento para criar essas cores, sempre tendo a natureza como fonte de inspiração — detalha Oliveira.
Entre as peças de Zanine estão as icônicas de mobiliário e design, conhecidas como Móveis Denúncia, que faziam um alerta sobre o desmatamento e o desperdício de matéria-prima na Mata Atlântica. Apesar de ser mais conhecido por seu mobiliário, ao longo de sua trajetória o arquiteto produziu algumas esculturas. A exposição fica em cartaz até 18 de maio, de terça a sexta, das 11h às 18h; e aos sábados, do meio-dia às 17h. A galeria fica na Rua Estácio Coimbra 50.
Também na Athena, na Sala Casa, o público pode ver a mostra “Pandro Nobã: caminho de volta”. São cerca de 15 trabalhos recentes, alguns inéditos, do artista carioca que é autoditada e já foi instrutor de grafite em escolas públicas e projetos sociais e dentro de instituições de medidas socioeducativas.
— Suas obras revelam um imaginário ao mesmo tempo pessoal e popular, baseado em experiências ligadas à ancestralidade e à sua vivência nos terreiros de religiões de matriz afro-brasileira — diz a curadora Fernanda Lopes.
O trabalho de pesquisa de Jeane Terra no Rio Mekong, no Sudeste asiático, poderá ser apreciado até o dia 4 de maio na Anita Schwartz Galeria de Arte (Rua José Macedo Sobrinho 30, na Gávea). “Mekong: memórias e correntezas” reúne 19 trabalhos de Jeane e texto de Cecília Fortes. No ano passado, a artista percorreu cinco mil quilômetros pelo rio que passa por China, Mianmar, Tailândia, Laos, Camboja e Vietnã. As obras ocupam dois andares e são em monotipias de pele de tinta, que abrangem os “pixels analógicos” que marcam sua produção e que compõem um painel de quase oito metros de extensão. Imagens do Rio Mekong são projetadas no piso térreo. No segundo andar estão obras relacionadas às ruínas dos templos de Angkor, no Camboja.
— São lugares que podem vir a desaparecer. É um registro antes do fim — explica Jeane, cuja mostra pode ser vista de segunda a sexta, das 10h às 19h; e aos sábados do meio-dia às 18h.
Mágico de Oz e herança familiar
Em cartaz até 11 de maio na Danielian Galeria (Rua Major Rubens Vaz 414, Gávea), a mostra “O mágico de N’Oz”, inspirada no clássico do autor americano L. Frank Baum, é uma aventura sensorial por cem obras, de mais de 50 artistas de diferentes épocas e movimentos, com curadoria de Fernando Mota.
— É tempo de calçar outros sapatos, descobrir caminhos alternativos e questionar o que há de mágico em cada um de nós. O principal é o percurso, a jornada, em um momento em que apenas a chegada e os resultados são celebrados. O valor do trabalho em equipe, do equilíbrio de responsabilidades e o desafio do autoconhecimento na era digital — explica o curador.
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Entre os artistas com obras na mostra estão Ai Wei Wei, Ernesto Neto, Antonio Dias, Tunga, Anna Costa e Silva, Angelo Venosa, José Rezende, Nuno Ramos, Rosina Becker do Valle, Marcelo Moscheta, Cícero Dias, Flávio de Carvalho, Montez Magno, Maria Leontina, Nelly Gutmacher, Ana Mazzei e Ana Elisa Egreja. A visitação é de segunda a sexta-feira, das 11h às 19h; e sábados, das 11h às 17h.
Fotógrafa e influencer francesa de origem martinicana, Adeline Rapon traz para a a Galeria da Aliança Francesa do Rio (Rua Muniz Barreto 730, em Botafogo) a mostra “Legado perdido”. O trabalho reúne 37 fotografias registradas em março de 2020, durante o confinamento. As peças reconstroem imagens de arquivos de mulheres caribenhas do final do século XIX. Por meio de um jogo de espelhos e imitações, ela questiona e procura a sua própria herança ao abordar a questão do lugar da mulher nas Antilhas.
— Esta série fotográfica é uma reviravolta na minha vida. Permitiu-me afirmar a minha herança martinicana numa França que desde o século XIX tem o hábito de caricaturar e de zombar dela e também me permitiu aprender muito sobre ela através das pesquisas diárias que acompanhavam as fotografias. Além de tudo isso, entendi que finalmente era isso que eu realmente queria fazer na minha vida: ser uma artista fotográfica. Queria me aprofundar em um assunto e fazer dele uma obra, que poderá ser mostrada e contada — diz a artista.
A abertura será na quinta-feira, às 18h30, e a artista, que nasceu em 1990, estará presente no evento. A exposição ficará em cartaz até o dia 25 de maio. A entrada é gratuita, no entanto é preciso fazer inscrição pelo site sympla.com.br.
Com curadoria de Vanda Kablin, a exposição “Carlos Muniz: O Olhar Abstrato” chega à Galeria Patricia Costa, em Copacabana, no dia 4 de abril. Da produção recente de 2023, o artista mineiro mostrará um recorte com cerca de 15 obras inéditas em tinta acrílica, incluindo dípticos, trípticos e polípticos de grandes e médios formatos - alguns chegam a medir até três metros. A contraposição dos planos, as linhas paralelas simétricas que exploram cores primárias, sempre com muita precisão, são características marcantes em sua trajetória.
A vernissage terá um show com Lúcia Muniz, filha de Carlos, que acontece às 19h. Na ocasião também será lançado um documentário sobre a carreira do artista, dirigido pelo cineasta Pedro Paulo Mendes.
— Carlos Muniz compõe a sua nova gramática visual no zigue-zague dos padrões anunciados pela geometria e pelas vibrações cromáticas. Passamos a observar o mundo através desses exercícios geométricos coloridos, que trazem uma nova irradiação do seu olhar abstrato. A pintura e suas infinitas possibilidades se imbricam no amplo leque de experimentações que caracteriza a arte contemporânea. Uma geometria transitiva sempre antecedeu as suas pinturas, seja na elaboração do quadrado, do círculo ou do triângulo, repletos de um forte cromatismo, seja pela evidência de segmentos desiguais que revelam um acento existencial e trazem à tona, as assimetrias do mundo, o que contribui efetivamente para o florescimento de seu pensamento visual — diz a curadora, Vanda Klabin.
A mostra é gratuita e estará na galeria até o dia 30 de abril.
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