Tijuca e Zona Norte
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Por — Rio de Janeiro

Fechado desde 2006, o CineCarioca Penha está passando por uma revitalização completa. Com nova roupagem, o espaço se une a uma lista de salas de cinema de rua na Zona Norte que, restauradas, retomam as suas atividades.

Após a reabertura do Ponto Cine, em Guadalupe, o próximo revitalizado será o CineCarioca Nova Brasília, no Complexo do Alemão, cujas obras estão em fase final. O espaço sediará, na próxima quinta-feira, às 20h, a pré-estreia do filme “Grande Sertão”, com a presença do ator Caio Blat e do diretor Guel Arraes. E será oficialmente reinaugurado dois dias depois, no sábado, às 11h, com a pré-estreia do filme “Mallandro: O errado que deu certo”, com a participação do protagonista Sérgio Mallandro, do prefeito Eduardo Paes, do secretário municipal de Cultura, Marcelo Calero, e da secretária estadual de Cultura, Daniele Barros.

Os investimentos nos cinemas de rua fazem parte do programa de fomento Pró-Carioca Audiovisual, que injetou na revitalização de todos os espaços do gênero, na cidade, R$ 3,5 milhões, por meio dos editais Viva o Cinema de Rua I e II, provenientes dos recursos municipais e da Lei Paulo Gustavo. No caso do CineCarioca Penha, a RioFilme, órgão vinculado à Secretaria de Cultura da prefeitura do Rio, investiu R$ 1,2 milhão.

A partir da esquerda: Daniele, Wellington Luz, Maria Cristina e Ricardo Antônio — Foto: Beatriz Orle
A partir da esquerda: Daniele, Wellington Luz, Maria Cristina e Ricardo Antônio — Foto: Beatriz Orle

O filme que será exibido na reinauguração do CineCarioca Penha ainda é uma surpresa, mas já há confirmações na plateia. Entre os espectadores estão Débora Tavares da Silva de Macedo, moradora da Chatuba, de 40 anos, seus quatro filhos: Josué, de 13 anos; Samuel, de 12; Vitória Thuanir, de 9; e Tiago, de 6 anos; e seu neto, Nikolas Gabriel, de 10 anos. Para todos os seis, esta será a primeira ida ao cinema, e a ansiedade é evidente para um evento que já tem data e hora marcadas: 28 de junho, às 10h.

— Imagino que assistir a um filme no cinema deva ser uma experiência incrível. Nunca tive a chance de ir porque os ingressos são caros, especialmente para quem tem uma família grande. Estou imensamente feliz por poder compartilhar esse momento com meus filhos e meu neto, realizando esse sonho deles. Meus sobrinhos também nunca foram ao cinema e estão muito ansiosos por essa oportunidade. Na verdade, acredito que a maioria das pessoas na favela nunca tenha tido essa experiência — revela Débora, que no momento está desempregada.

Desde 2006 fechado, o CineCarioca Penha retomará suas atividades no dia 28  de junho — Foto: Beatriz Orle
Desde 2006 fechado, o CineCarioca Penha retomará suas atividades no dia 28 de junho — Foto: Beatriz Orle

Tanto os filhos quanto o neto de Débora são alunos do projeto social Excelência, que oferece aulas de futebol na quadra da Chatuba. O projeto é liderado por Rogério Idelfonso de Almeida e sua mulher, Maria Cristina de Almeida, que sempre levaram crianças para programas de lazer e cultura.

— Muitas pessoas em nossa comunidade, assim como a família da Débora, nunca tiveram a oportunidade de ir ao cinema. As dificuldades são numerosas. Nem todos têm emprego e muitos dependem exclusivamente da renda do Bolsa Família. Além disso, há aqueles que têm pouca informação sobre como explorar outros lugares além daqui. A reabertura do cinema é de extrema importância — detalha Maria Cristina de Almeida.

Localizado em uma galeria comercial na Avenida Brás de Pina, no coração do bairro, o CineCarioca Penha é dividido em duas salas que totalizam 280 lugares. O espaço vai reabrir totalmente modernizado, com novos equipamentos de som, projeção, mobiliário e climatização. De acordo com a empresa que irá administrar o novo cinema, os ingressos deverão custar em torno de R$ 15, valor bem abaixo do mercado, no caso das salas comerciais.

O CineCarioca Nova Brasília, no Complexo do Alemão: espaço recebeu da RioFilme R$ 800 mil — Foto: Divulgação
O CineCarioca Nova Brasília, no Complexo do Alemão: espaço recebeu da RioFilme R$ 800 mil — Foto: Divulgação

O CineCarioca Penha terá programação diversa, e exibirá desde os últimos lançamentos comerciais e blockbusters até as pré-estreias de filmes nacionais, muitos deles apoiados pela RioFilme em seus editais.

O CineCarioca Nova Brasília, no Complexo do Alemão, também está sendo modernizado pela RioFilme, que liberou um aporte de R$ 800 mil para custear reparos elétricos, troca de ar-condicionado, projetor, poltronas e pipoqueira. A sala, que estava fechada desde 2019 e foi reaberta em 2021, permanece em funcionamento durante toda a reforma, com ingressos a R$ 5, como contrapartida pelo subsídio mensal da empresa de audiovisual vinculada à Secretaria Municipal de Cultura do Rio. Única sala de cinema funcionando dentro de uma comunidade no Rio, o CineCarioca Nova Brasília atende uma população de cerca de 60 mil pessoas, de 15 comunidades.

Tanto o CineCarioca Penha quanto o Nova Brasília serão inclusivos, com elevador e rampa de acesso. Os filmes serão legendados e terão descrição de áudio para pessoas com deficiência visual. Os espaços também contarão com funcionários PCDs (Pessoa com Deficiência).

O missionário Wellington Luz, gestor do CineCarioca Penha e do CineCarioca Nova Brasília, destaca o impacto da pandemia de Covid-19, lamentando não apenas as vidas perdidas, mas também o fechamento de várias salas de cinema e o consequente desemprego. No entanto, ele celebra o apoio da Lei Paulo Gustavo e o orçamento disponível, que tornou realidade a reabertura de diversas unidades de salas de cinema, gerando empregos e oportunidades.

— É um sonho que está se tornando realidade. Ao longo desses anos, o cinema tem proporcionado experiências incríveis para pessoas que nunca tiveram acesso a esse tipo de entretenimento. Que possamos ter mais cinemas — enfatiza o gestor.

Daniele Ferreira, presidente da Associação de Moradores da Chatuba da Penha, destaca a importância da reabertura do Cine Penha:

— Os moradores estão radiantes. O único cinema mais próximo que temos é o Cine Carioca Nova Brasília, que também esteve fechado por um tempo e está passando por reformas. Todos estão ansiosos e muito felizes.

Entre as melhorias,  o Cine Nova Brasília recebeu novas poltronas — Foto: Divulgação
Entre as melhorias, o Cine Nova Brasília recebeu novas poltronas — Foto: Divulgação

Para levar as crianças ao cinema, a líder comunitária, que também realiza a distribuição de quentinhas na Penha, conta com a ajuda de integrantes da associação, incluindo Ricardo Antônio Dias, conhecido como Mec Mec, coordenador, na região, do projeto “Fazendo uma criança feliz” do McDonald's, que leva crianças de famílias de baixa renda da comunidade à lanchonete.

O Ponto Cine Guadalupe, que estava fechado até 2023, recebeu R$ 500 mil para a sua manutenção, e em 2024, a sala já recebeu sessões de festivais.

Para Marcelo Calero, secretário municipal de Cultura do Rio, cada cinema tem a sua própria alma e história:

— Revitalizar esses espaços é uma celebração da tradição cinematográfica enraizada na identidade cultural da cidade — diz o gestor — Com os recursos da Lei Paulo Gustavo, estamos resgatando esses espaços para o futuro e reforçando o compromisso da secretaria, por meio da RioFilme, em promover a cultura do Rio. Este esforço conjunto está tornando a cidade mais inclusiva e democrática, transformando nossos cinemas de rua em verdadeiros espaços de encontro e celebração das histórias que definem o Rio.

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