Com a proposta de democratizar o acesso à produção musical e audiovisual para músicos e produtores locais, o Centro Cultural de Cidadania e Economia Criativa, conhecido como MACquinho, no Morro do Palácio, reinaugurou domingo seu estúdio popular. Além dos equipamentos de gravação, o local contará com um especialista em som para acompanhar e orientar o desenvolvimento de cada projeto.
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Rebatizado, o Estúdio Popular Elias Lima homenageia o DJ Elias Lima, morador do Palácio que trabalhava como entregador e foi assassinado em 2021 em um confronto durante uma operação policial na comunidade.
Idealizadora do novo espaço de gravação e ex-gestora do MACquinho, a professora Walkíria Nictheroy, moradora do Morro do Palácio, explica que o estúdio estava fechado desde a pandemia e foi totalmente reformulado e modernizado. Ela ressalta a necessidade de incentivo aos artistas da periferia ou moradores das comunidades:
— O estúdio faz parte da história do MACquinho, foi inaugurado com Arthur Maia e atendeu diversos artistas. Quando assumimos a gestão, ele estava parado e era o projeto mais caro para viabilizar. O MACquinho sempre contou com muito trabalho voluntário, mas agora está de cara nova e, pela primeira vez, tem um orçamento próprio que viabilizou tirarmos esse projeto do papel. O Morro do Palácio sempre teve uma efervescência cultural muito grande, mas precisava de um estúdio à altura, que desse conta dessa demanda. Apoiar músicos e produtores musicais das periferias é fundamental para garantir que a arte popular advinda de favelas, morros e periferias seja conhecida, reconhecida e respeitada.
Walkíria lembra que durante a reformulação do MACquinho foram realizados diversos encontros com moradores para recuperar memórias do local.
— Instalamos um núcleo de museologia, e hoje o equipamento conta com um historiador e uma exposição fixa narrando a história da comunidade e do local. A valorização da cultura periférica é o foco do nosso espaço. A ideia é que esse estúdio não seja só um espaço de acessibilidade para gravar, mas também de divulgação desses artistas, que poderão se apresentar no próprio MACquinho e nos circuitos culturais da cidade — completa.
De acordo com a organização do MACquinho, o estúdio é equipado com tecnologia de ponta para gravação de músicas e projetos audiovisuais, incluindo podcasts, entrevistas e ensaios. Mais do que oferecer o espaço físico, a ideia é promover um ambiente colaborativo e de aprendizado para a região.<EP,1>Além do estúdio de gravação, o espaço do MACquinho será palco de uma escola de discotecagem e do projeto MACquinho Session, prometendo uma programação diversificada e enriquecedora para a comunidade local. Atualmente, o local já abriga eventos populares, como a roda de samba “Dandara”.
Artistas celebram
O DJ e MC Du Povo destaca a importância desse espaço na democratização do acesso para os artistas periféricos.
— A realidade do artista independente é difícil. A hora no estúdio é cara. Alugar equipamento para tocar é caríssimo. Termos hoje esse estúdio totalmente reformado, com equipamentos de máxima qualidade. E acesso gratuito significa democratizar.
Morador da comunidade, o artista e fotógrafo Josemias Moreira Filho afirma que o Palácio tem uma produção cultural que precisava de um equipamento à altura.
— A nossa comunidade produz todo tipo de música: pagode, rap, trap, forró e música de religiões de matriz africana, entre outras. Usar um estúdio de música fora é caríssimo. Por isso, é fundamental termos um espaço popular de boa qualidade, como esse do Palácio — diz.
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