Niterói
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Por Leonardo Sodré — Niterói

Os passageiros do transporte público em Niterói que enfrentam o declínio na qualidade do serviço de ônibus desde o início da pandemia de Covi-19 terão ainda maior dificuldade para se locomover a partir desta semana, quando as empresas pretendem iniciar uma espécie de racionamento do número de viagens. A prefeitura diz que a medida não está autorizada e promete fiscalizar os consórcios.

Depois de suspender os ônibus durante a madrugada, os consócios decidiram reduzir significativamente a oferta de veículos a partir de amanhã. O consórcio Transoceânico vai cortar em 15% a grade de horários de todas as suas linhas, o que vai fazer o passageiro ficar mais tempo no ponto esperando pelos coletivos. Já o consórcio Transnit vai limitar a circulação das linhas 28 (Largo do Cravinho-Centro, via Fonseca, circular), 66 (Barreto-Icaraí), 24 (Palmeiras-Centro) e 26 (Caramujo-Centro) aos horários das 6h às 10h e das 16h às 20h. Fora desses períodos, será impossível embarcar em veículos das quatro linhas na cidade.

Passageiros contam que as linhas que operam na Zona Norte circulam com redução de horários desde o início do ano, quando começou a flexibilização das atividades presenciais em escolas e empresas. O fotógrafo Paulo Vitor de Jesus Viana, morador do Fonseca e usuário das linhas 28 e 29, lamenta a nova baixa.

— Depois da pandemia, a frequência de circulação dos ônibus nunca mais foi a mesma. Reduzindo ainda mais, o que vamos fazer? Vai prejudicar muito quem precisa se locomover. Como as pessoas vão sair para fazer compras de mercado ou para até mesmo um passeio no fim de semana? Quem sair atrasado do trabalho vai ter que ir do Centro até o Fonseca a pé? Isso é um absurdo, porque estão tirando o direto das pessoas de se locomoverem pela cidade — reclama.

À espera de novo modelo

O Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário do Estado do Rio de Janeiro (Setrerj) não comenta as mudança nos horários de operação dos ônibus. Segundo o Setrerj, as empresas estão adotando diversas medidas para equacionar o desiquilíbrio provocado pelo aumento do diesel e o congelamento das tarifas. O sindicato diz que há uma disposição da prefeitura de buscar um novo modelo para o transporte de ônibus na cidade que considere as mudanças ocorridas após a pandemia e o desequilíbrio econômico atual. No entanto, argumenta que as tratativas seguem em ritmo lento, comparado ao quadro de rápida deterioração<SW> econômica das empresas.

Para o presidente do Sindicato dos Rodoviários (Sintronac), Rubens dos Santos Oliveira, é preciso alguma medida por parte da prefeitura para frear o declínio na qualidade do serviço para quem usa o transporte ou trabalha no setor.

— A situação das empresas e as relações trabalhistas estão caminhando para um ponto crítico, que não afasta, inclusive, a possibilidade de greve em algumas companhias. Nós temos um quadro realmente caótico no sistema de transporte público. A arrecadação das empresas despencou. A Ingá, por exemplo, está operando com apenas 60% da frota. As prefeituras não repassam a gratuidade. Em Niterói, o atraso é de oito meses, e os custos operacionais aumentam a cada dia. É só fazer o cálculo para ver onde isso vai dar. A prefeitura precisa intervir nessa situação, pois ela é o poder concedente e tem a obrigação de evitar o colapso do sistema. É muito bonito ficar testando ônibus elétrico, mas existe uma realidade nas ruas que exige uma ação enérgica do poder público — argumenta.

A prefeitura diz que os consórcios só estão autorizados a reduzirem a frota em até 15% durante o período de férias escolares. Em nota, afirma que as empresas não têm permissão para reduzir a quantidade de ônibus, “seja no período da madrugada, seja com a circulação de algumas linhas apenas em horários de pico”. Segundo a prefeitura, a Secretaria municipal de Urbanismo e Mobilidade vai “monitorar a situação, reforçar a fiscalização no local e, se for verificada a redução, os consórcios serão obrigados a prestar esclarecimentos e podem, inclusive, ser multados”.

Sobre o desequilíbrio econômico enfrentado pelas empresas devido ao aumento no valor do diesel, a prefeitura diz que o tema é pauta na Frente Nacional dos Prefeitos (FNP), que discute atualmente um modelo nacional de subsídios para o setor. A nota também afirma que “Niterói tem feito esforços de não repassar esse aumento de custos para a população, mantendo o mesmo valor da tarifa desde 2019”. A prefeitura diz ainda que está contratando um estudo de reequilíbrio financeiro do sistema, “o que definirá, de forma transparente, os custos operacionais e a tarifa técnica das linhas operantes”.

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