O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho primogênito do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), atacou integrantes da Polícia Federal dias antes do indiciamento do seu pai no caso das joias de acervo presidencial. Bolsonaro foi indiciado por peculato e associação criminosa pela venda e a recompra de de presentes recebidos pelo governo da Arábia Saudita.
Quando perguntado sobre o possível indiciamento da PF, Flávio reagiu:
— Um dia, esse pequeno grupo de policiais que está se sujeitando a usar a máquina pública para perseguir inocentes ainda vai sentar no banco dos réus. No caso das joias sequer há crime — disse o parlamentar ao GLOBO.
A PF aponta a existência de uma organização criminosa no entorno do ex-presidente que supostamente atuou para desviar joias, relógios, esculturas e outros itens de luxo recebidos por ele como representante do Estado brasileiro.
Em depoimento à PF, no ano passado, o advogado da família, Frederick Wassef, já havia informado ser do advogado Fabio Wajngarten o pedido para operacionalização da recompra de um Rolex. O relógio teria sido dado a Bolsonaro por autoridades durante uma visita à Arábia Saudita e ao Catar, em 2019.
O item foi posteriormente levado à joalheira Precision Watches, na cidade de Willow Grove, na Pensilvânia (EUA), onde foi vendido ilegalmente por Mauro Cid, de acordo com as investigações.
Em um acordo de cooperação internacional firmado pela PF com o Federal Bureau of Investigation (FBI), o Departamento Federal de Investigação, inclusive, a corporação brasileira recebeu uma troca de e-mails que mostra Cid informando a loja americana sobre a recompra do relógio que seria feita por Wassef.
Ao comparecer à PF para prestar depoimento sobre o caso, Bolsonaro optou por ficar em silêncio. Em outras ocasiões, o ex-presidente negou ter ordenado ou participado de negociações sobre as joias.
Também à PF, Wassef confirmou ter recomprado o relógio; Marcelo Câmara, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, foi outro que optou por ficar em silêncio. Cid firmou um acordo de colaboração premiada em que dá detalhes do suposto esquema. Já Wajngarten informou à imprensa ter atuado apenas na área de comunicação do governo.