Política
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Por — Rio de Janeiro

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GERADO EM: 02/07/2024 - 04:30

Reconquista da base evangélica: estratégia de Eduardo Cunha

Eduardo Cunha busca reconquistar base evangélica com rádio gospel e aliança política, alinhando-se a Bolsonaro e enfrentando críticas de lideranças religiosas. Dani Cunha apoia pré-candidatura de Ramagem e pressiona Republicanos a aderir à campanha. Aproximação visa prestígio entre fiéis e retaliação a Eduardo Paes.

Com trajetória política impulsionada pelo voto evangélico no passado, o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, trabalha para retomar espaço no segmento. De olho na audiência dos fiéis, o ex-deputado anunciou no fim de semana o lançamento de uma nova rádio gospel, que terá espaço na programação para sua filha, a deputada federal Dani Cunha (União-RJ). Em outra frente, Cunha articula uma aliança com a pré-candidatura de Alexandre Ramagem (PL) à prefeitura do Rio, para se manter alinhado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que continua influente entre as igrejas.

Antes de comandar a Câmara, a carreira de Cunha foi alavancada por suas participações na Melodia FM, rádio evangélica de viés popular no estado do Rio. A rádio foi criada pelo ex-deputado Francisco Silva, que foi próximo a Cunha, e está hoje sob comando de seu filho, o deputado estadual Fábio Silva (União-RJ) — outro antigo aliado de Cunha, mas de quem o ex-deputado se afastou nos últimos anos.

Cunha aproveitou a comemoração do centenário da Assembleia de Deus no Rio, realizada no estádio do Maracanãzinho, no sábado, para anunciar o lançamento de uma nova emissora, a rádio Maravilha FM. Trata-se de uma espécie de “filial” para todo o estado da Rádio 88 FM, emissora tradicional no mercado cristão e lançada na década de 1990 pelo ex-deputado estadual Edson Albertassi em Volta Redonda, no Sul Fluminense.

— Não vou participar da programação, nem da gestão. Apenas fui consultor — afirmou Cunha ao GLOBO.

Cunha e Albertassi, integrantes do antigo PMDB que dominou a política fluminense, foram alvos da Lava-Jato e chegaram a ser presos. O ex-presidente da Câmara, investigado pelo braço de Curitiba da operação, teve penas anuladas e seus mandados de prisão foram revogados em 2021. Albertassi, alvo de um desdobramento da operação no Rio, teve sua condenação anulada em 2022. O processo, que antes corria na Justiça Federal, foi remetido para a Justiça estadual do Rio.

No caso de Albertassi, com base em delação premiada do empresário Marcelo Traça, a Lava-Jato chegou a investigar suposto recebimento de propina através de rádios comandadas por seus familiares. Procurado, ele não retornou os contatos.

Hoje, a Rádio 88 FM está registrada em nome da esposa de Albertassi, Alice, e de seu filho, Isaque. Um dos apresentadores na programação é o radialista Betinho Albertassi (Republicanos), vereador em Volta Redonda e sobrinho do ex-deputado. Betinho atuou como mestre de cerimônias no evento do centenário da Assembleia de Deus, no sábado, e foi o responsável por chamar ao palco, entre outros convidados, o próprio Cunha.

Aplauso e desconforto

Bolsonaro foi bastante aplaudido pelo público no Maracanãzinho, ao discursar via chamada de vídeo. Cunha, por outro lado, foi vaiado ao ser chamado por Betinho Albertassi ao palco.

O ex-presidente da Câmara argumenta que foi aplaudido ao fim de sua fala, e atribuiu as vaias a aliados do deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ) — que negou qualquer orquestração. Otoni, que foi lançado na política por Albertassi há mais de dez anos, é próximo ao bispo Abner Ferreira, líder da Assembleia de Deus de Madureira, e costura o apoio da igreja a Eduardo Paes. Antes de ser alvo da Lava-Jato, Cunha era presença recorrente no púlpito de Madureira.

Além do atrito com Otoni, a participação de Cunha trouxe à tona certo desconforto de lideranças evangélicas com suas movimentações no segmento. Com a expectativa de disputar futuramente uma fatia no mercado gospel com a rádio Melodia, a emissora organizada por Cunha e Albertassi concorrerá ainda com outra rádio gospel, a 93 FM, que é bem relacionada com o ramo de Madureira da Assembleia de Deus.

No dia seguinte ao evento, as redes sociais de deputados ligados a diferentes ramos da Assembleia de Deus, como Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e Marco Feliciano (PL-SP), registraram comentários de seguidores com críticas à presença de Cunha no palco.

Feliciano chegou a posar para fotos junto com Dani Cunha e Ramagem. Vídeos de apoio à pré-candidatura do deputado do PL, replicados por aliados no WhatsApp nos últimos meses, têm destacado que ele fez parte, como policial federal, da equipe da Lava-Jato no Rio.

Aproximação com PL

Também presente no evento, Dani Cunha assumiu a linha de frente em movimentos que passam pela coordenação de seu pai. Além de seguir os passos de Cunha com espaço na programação de uma rádio gospel, a deputada anunciou no Maracanãzinho que apoiará a candidatura de Ramagem. Embora ainda filiada ao União Brasil, Dani rompeu com o partido e, na prática, já dá as cartas no Republicanos — a migração oficial precisa aguardar a janela partidária de 2026, sob risco da perda de mandato.

Nos bastidores, o ex-presidente da Câmara tem pressionado o Republicanos a aderir à campanha de Ramagem, lançado na disputa carioca por Bolsonaro. O movimento criou uma saia-justa para o prefeito de Belford Roxo, Waguinho, que também é presidente do diretório estadual do partido. Aliado de Cunha de longa data, Waguinho havia se comprometido a apoiar a reeleição do prefeito Eduardo Paes.

O ex-presidente da Câmara chegou a costurar uma aliança com Paes e emplacou nomes de sua confiança na gestão municipal, mas o prefeito recuou do acordo. Devido à influência de Cunha, Waguinho agora acena com um apoio pessoal, e não partidário, à reeleição de Paes.

— Independentemente da crise que o Eduardo (Paes) teve com o partido, vou colocar minha militância para apoiá-lo na capital, porque foi um pedido do presidente Lula — disse Waguinho.

Interlocutores consideram que a aproximação entre a família Cunha e Ramagem, além de retaliação a Paes, também mira a reaproximação do ex-presidente da Câmara com o público evangélico.

A avaliação de interlocutores é a de que um alinhamento a Bolsonaro é tão ou mais crucial do que o apoio de pastores para quem deseja ter prestígio entre fiéis. Na última eleição, embora derrotado por Lula, o ex-presidente era apoiado por dois em cada três evangélicos, segundo pesquisas de intenções de voto.

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