Política
PUBLICIDADE
Por — Brasília

Filiada ao PSDB desde a adolescência, a vereadora de Goiânia Aava Santiago, de 34 anos, causou incômodo em colegas de partido ao integrar a equipe de transição do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, no fim de 2022. Na época, a política, que é evangélica e filha de pastores, apresentou um plano para aproximar o segmento religioso da administração petista e chegou a se reunir com ministros no início da nova gestão.

O plano foi engavetado, mas isso não impediu que, de lá para cá, a vereadora ganhasse protagonismo em temas como defesa de direitos sociais, se tornando referência por ser uma ponte de diálogo entre a política e as igrejas. Enquanto isso, o governo federal segue patinando na aproximação com o segmento.

— Eu estava preocupada porque a gente (a esquerda) venceu por muito pouco. Nas nossas igrejas o clima ainda está acirrado. Falei que a gente não podia deixar chegar em 2024 para se mobilizar — contou a vereadora.

"Vereadora, socióloga, maloqueira e crente", ou "malocrente", como ela mesma se define nas redes sociais, Aava está em seu primeiro mandato e se destaca na defesa de bandeiras tradicionais da esquerda, como direitos das mulheres, da escola pública e direitos humanos. Por conta disso, tem sido uma voz destoante no meio evangélico, que nos últimos anos se tornou majoritariamente bolsonarista e despertado o interesse de partidos como o próprio PT de Lula para filiá-la.

A aproximação inicial com os petistas, contudo, esfriou e Aava hoje é crítica à forma que o presidente lida com o público evangélico. Ela prevê dificuldades para o campo da esquerda dialogar com o segmento nas eleições municipais de outubro.

— O Lula tem que mudar o foco do investimento. Ele tá dialogando com empresários da fé. Falta conversar com o chão da igreja. Tem que produzir sentido para a menina que canta no coral, para a mulher preta e pobre. Não é ligar para bispo e fazer café da manhã. Tem que virar o jogo na base, se não vai continuar alimentando o monstro que foi plantado na cabeça da senhoria que vai para a igreja — disse ela.

História na política

Natural do Rio de Janeiro, Aava se mudou para Goiás aos 15 anos, ao lado da família em uma tentativa de se distanciar do cenário de violência da capital carioca. À época, o estado era governado por Marconi Perillo, responsável por programas de transferência de renda para a população economicamente vulnerável, o que a atraiu ao PSDB.

Hoje, Marconi é presidente nacional do partido e tem relação próxima com Aava. Mesmo estando em um campo de atuação mais distante do que o da sua legenda, a vereadora acredita que os partidos precisam ser disputados por dentro.

— Se não sou eu, o partido inteiro tinha ido com o Bolsonaro em 2022. Fui o único diretório que foi contra. Falam que eu sou petista enrustida, mas o Marconi me defende e me valida falando que eu tenho autonomia. Temos muito respeito mesmo com as divergências e tenho o encorajamento dele para defender o que eu acredito — afirmou ela, que preside o PSDB de Goiânia.

Dona de uma rede social com mais de 100 mil seguidores, a vereadora viraliza tratando de temas que têm gerado debates, como a PEC das Praias e câmeras nos uniformes dos policiais.

Proposta engavetada

No ano passado, quando particiou de reuniões do governo em Brasília ao lado das ministras Cida Gonçalves (Mulheres) e Anielle Franco (Igualdade Racial), a vereadora apresentou uma proposta própria para tentar ajudar na aproximação com religiosos. A ideia era lançar um programa nacional de enfrentamento da violência contra a mulher, com ênfase em templos.

No plano constava que cada igreja teria uma mulher treinada pelo governo federal, com acesso direto às redes de proteção para ser uma ponte das crianças e mulheres vulneráveis com a rede de enfrentamento à violência.

— Deveríamos acionar essas mulheres não para serem salvas, mas para ajudar a salvar mais gente. Essas mulheres se bolsonarizaram, mas há nuances quando se fala na defesa de seus filhos, por exemplo. São detalhes que ajudam a construir uma agenda em comum.

A proposta é baseada na experiência da vereadora, que atuou em projetos que prevê acolhimento de mulheres vítimas de violência no meio evangélico. Ela conta que criou os programas de auxílio após se deparar com um caso envolvendo uma menina que morava no fundo da igreja com sua família. O pai dela era zelador e abusava da filha no quintal da igreja.

Em uma das iniciativas fundadas pela vereadora, antes mesmo de entrar para a política, missionárias da igreja acolhem mulheres vulneráveis por 72h até que elas consigam acolhimento na rede pública.

— Algumas pessoas me entendem como contraditória. Essa foi a forma como eu me constituí politicamente e religiosamente. Isso me deixa segura da fé e da atuação política. O meu voto não vem da igreja — afirmou Aava.

Mais recente Próxima Em BH, PL de Bolsonaro cobra apoio de Zema a candidato à prefeitura e oferece vice ao Novo
Mais do Globo

Prática que viralizou no TikTok é contestada por dermatologistas

Seguindo segredo de Jennifer Aniston, Kim Kardashian adere ao esperma de salmão para tratamento de beleza facial

Astro será apresentado no Santiago Bernabéu na próxima terça-feira

Em 1ª dia de vendas, camisa de Mbappé no Real Madrid chega a custar R$ 1 mil

Análise encontrou teores elevados em seis marcas líderes de mercado, e em três delas o suficiente para oferecer riscos ao motorista

As 3 marcas de pão de forma que têm álcool suficiente para reprovar no bafômetro, segundo estudo da Proteste

Imagens foram registradas por câmera de segurança instalada perto de galpão onde traficantes fizeram emboscada

Vídeo mostra movimentação policial durante confronto na Maré em que PMs do Bope foram feridos; dois deles morreram

Cantora, que anunciou término com jogador Yuri Lima após descobrir traição, está grávida de seis meses

Web resgata foto de Iza com Lewis Hamilton e faz torcida: 'O Brasil está contando com você'

Juliana Soeiro vem recebendo comentários negativos em suas publicações nas redes sociais após divulgação da identidade de mulher apontada como pivô da separação de Iza com o jogador

Influenciadora é confundida com suposta amante de Yuri Lima e se pronuncia: ‘acham que toda preta é igual’

Vítima foi encontrada sem vida e com múltiplas marcas de facadas em seu apartamento

Mulheres são acusadas de matar 'sugar daddy' e arrancar seu polegar para acessar contas bancárias nos EUA