A Polícia Federal realiza nesta quarta-feira uma operação que mira em suspeitas de desvios recursos públicos dos fundos partidário e eleitoral nas eleições de 2022. Entre os alvos estão ex-dirigentes do Pros, partido que se fundiu no ano passado com o Solidariedade após o mau desempenho nas urnas. A apuração teve início a partir de denúncia sobre o desvio de aproximadamente R$ 36 milhões.
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A PF cumpre sete mandados de prisão preventiva, 45 mandados de busca e apreensão em dois estados (GO e SP) e no DF, bloqueio e indisponibilidade de R$ 36 milhões e o sequestro judicial de 33 imóveis, deferidos pela Justiça Eleitoral do Distrito Federal.
O principal alvo de mandado de prisão preventiva é Eurípedes Júnior, atualmente presidente do Solidariedade, mas que na época chefiava o PROS. Na lista dos mandados de prisão também há outros ex-dirigentes e ex-candidatos da sigla nas eleições de 2022, como Cintia Lourenço da Silva, primeira tesoureira, e Alessandro, conhecido como Sandro do PROS, que foi candidato a deputado federal.
Em nota, o Solidariedade afirmou que "os fatos investigados no inquérito que atingiu os ex-dirigentes do partido PROS são anteriores à incorporação do antigo Partido PROS pelo Solidariedade." O partido diz que aguarda o desenrolar da apuração para tomar as "providências cabíveis" e que "acredita na Justiça, no direito de defesa e no devido processo legal."
Segundo a PF, Berinaldo da Ponte, ex-deputado distrital, foi alvo de um mandado de busca e apreensão.
![Operação da PF que envolve dirigentes partidários do Pros e Solidariedade — Foto: Divulgação/PF](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/-kP6BzCbn3RK-yZx5eDRexC_zaY=/0x0:1200x1600/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/h/r/1gjjGEQeAgYvWNpYnKJw/operacao-pf.jpeg)
Em nota, a PF disse ter identificado, por meio de Relatórios de Inteligência Financeira e da análise de prestações de contas de supostos candidatos, indícios que apontam para existência de uma organização criminosa estruturalmente ordenada com o objetivo de desviar e se apropriar de recursos dos fundos Partidário e eleitoral.
As investigações apontam que o grupo utilizava candidaturas laranjas ao redor do país, de superfaturamento de serviços de consultoria jurídica e desvio de recursos partidários destinados à Fundação de Ordem Social (FOS) – fundação do partido.
"Os atos de lavagem foram identificados por meio da constituição de empresas de fachada, aquisição de imóveis por meio de interpostas pessoas, superfaturamento de serviços prestados aos candidatos laranjas e ao partido", informou a PF, em nota.
Outra suposta irregularidade apontada pela investigação é o desvio de recursos partidários destinados à Fundação de Ordem Social (FOS) – fundação do partido.
Segundo a corporação, os envolvidos estão sendo investigados pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, furto qualificado, apropriação indébita, falsidade ideológica eleitoral e apropriação de recursos destinados ao financiamento eleitoral.
Procurado, o vice-presidente do Solidariedade, Paulinho da Força, afirmou que os fatos investigados são anteriores à incorporação do Pros e que o partido está à disposição para colaborar com a Justiça caso seja necessário.
De helicóptero a hidromassagem
Partido criado em 2013, o Pros teve sua história marcada por polêmicas. Desde a briga pelo comando da sigla, que envolveu Eurípedes Junior, um de seus fundadores, até o uso de dinheiro público para compra de itens de luxo, como aeronaves e banheira de hidromassagem para a sua sede.
![Eurípedes Júnior (à direita) posa com o helicóptero do PROS — Foto: Reprodução](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/rQxvyLWCe3zlt6RlRQloHmJigns=/0x0:1086x652/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/D/U/GeDtbfRjWcQPxHsy3HCw/euripedes-junior-helicoptero.png)
Antes de se fundir ao Solidariedade, em 2022, o partido estava rachado em dois grupos políticos que disputavam seu comando pelas vias judiciais. Marcus Holanda, que havia assumido a presidência do partido, chegou a registrar na época um boletim de ocorrência em que acusava Eurípedes Junior pelo sumiço de bens da legenda avaliados em R$ 50 milhões, entre eles um helicóptero. A aeronave era avaliada em R$ 10 milhões, conforme sites especializados.
Em 2022, Junior chegou a lançar a candidatura do coach Pablo Marçal à Presidência da República pelo Pros, mas, em meio ao embate jurídico, a nova direção da sigla decidiu retirá-lo da disputa.