Política
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Por — Brasília

A desorganização da força-tarefa do governo federal para socorrer o Rio Grande do Sul gerou desconforto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, além de motivar cobranças a ministros. Após episódios nos quais auxiliares começaram a bater cabeça com a elaboração de planos e o anúncio de ajuda à população gaúcha, o próprio Lula entrou em campo para tentar corrigir a rota. O principal problema é a falta de interlocução com a Casa Civil, responsável por avaliar as políticas públicas e dar aval às iniciativas das pastas.

A publicidade de ações isoladas, sem uma combinação prévia, causou mal-estar entre os integrantes do primeiro escalão. Um dos desencontros ocorreu quando o ministro da Previdência, Carlos Lupi, precisou voltar atrás na edição de portaria que previa o pagamento de um salário extra a atingidos pelas chuvas. O plano foi adotado sem consulta prévia à Casa Civil e irritou o grupo próximo ao ministro Rui Costa. O pagamento teria impacto de R$ 5 bilhões, e poderia comprometer a meta fiscal do governo.

Lupi recua de anúncio

Depois do embate com a Casa Civil, Lupi recuou. O governo decidiu que o benefício será uma modalidade de crédito, opcional, e a pessoa poderá pagá-lo em até 36 meses, sem juros. Já o INSS antecipará o pagamento dos benefícios de junho para maio, inclusive os de prestação continuada, para quem reside nos municípios gaúchos atingidos pela tragédia.

Outro atrito ocorreu com o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias. Durante uma reunião da sala de situação, criada para dar resposta à crise, Costa reclamou que Dias adiantou o pagamento de recursos da pasta para ajuda emergencial a municípios sem antes avisar a Casa Civil. De acordo com Dias, eram recursos na ordem de R$ 70 milhões que já estavam reservados aos municípios. Portanto, um montante previamente aprovado e, no caso específico, que não havia sido desembolsado em enchentes anteriores e durante a pandemia. Foi o próprio ministro quem tomou a iniciativa de liberar o dinheiro durante a crise.

Rui, porém, argumentou que esses gastos só deveriam ser feitos após a aprovação pelo Congresso de projeto autoriza o governo federal a excluir da meta fiscal as despesas realizadas por meio de crédito extraordinário para auxiliar o Rio Grande do Sul. A crítica causou constrangimento até mesmo a outros participantes da reunião pela rispidez da fala de Costa.

Na reunião ministerial de segunda-feira, Lula enfatizou que cabe ao ministro da Casa Civil fazer cobranças aos demais. Acrescentou ainda que, em diversas ocasiões, elas são feitas em seu nome.

— Em reuniões, cada um tem sua interpretação. O único ponto que colocamos foi a importância de agilizar e de não demorar muito por conta da emergência. Minha relação com Rui é boa, fui governador com ele e sempre tivemos uma forma sincera de nos tratarmos. Estamos vivendo uma situação de pós-guerra no Rio Grande do Sul — disse Dias.

Na terça-feira pela manhã, antes de entrar em uma reunião com Lula no Planalto, o ministro do Desenvolvimento Social foi às redes sociais e adiantou as três fases do plano de reconstrução do estado. Minutos depois, Dias deletou o post.

Lula voltará ao estado hoje para anunciar um novo conjunto de ações. Na reunião ministerial, o presidente ordenou aos ministros que eles só devem viajar ao Rio Grande do Sul se tiverem uma ação concreta para anunciar.

Os ministros também voltaram a ser cobrados a comunicar de forma eficiente o conjunto de iniciativas. O presidente expressou a preocupação aos auxiliares de que, se os projetos não forem executados por falta de planejamento, a cobrança virá em seu nome.

— Essa reunião é para isso, para a gente ter o conjunto do governo, ter todas as informações do que está acontecendo. (Para que) cada ministro que for falar, ou cada ministra, tentar falar sempre a mesma coisa. Não (é para) ficar dizendo coisas que não estão acontecendo, ficar inventando coisas que ainda não discutiram. Ou seja, não dá para cada um de nós, que tem uma ideia, anunciar publicamente uma ideia — afirmou Lula no começo do encontro.

Nas últimas semanas, Rui Costa também ficou incomodado com a demora do ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, em assumir o comando da resposta sobre a situação do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre. O terminal está fechado por tempo indeterminado devido ao alagamento da cidade.

Coube à Força Aérea Brasileira (FAB), na semana passada, a iniciativa de abrir as bases aéreas de Canoas e Santa Maria para receber voos com carga de doações, inclusive por empresas comerciais, como Latam, Gol e Azul. Também gerou incômodo o ministro estar no Rio de Janeiro em um evento do Sebrae enquanto ocorriam debates sobre a crise.

Nesta semana, os primeiros voos comerciais de passageiros começaram a chegar em regiões do interior do estado, em aeroportos regionais. Essa nova malha foi anunciada na última quinta-feira pela pasta de Costa Filho.

Na reunião ministerial de segunda-feira, Rui Costa chamou atenção do ministro para que a divulgação de informações sobre o terminal de Porto Alegre que não seja conflitante. Um dos pedidos é para que Costa Filho monitore de perto as informações repassadas pela Fraport, que administra o local. Foi citado, por exemplo, que a empresa, inicialmentem, anunciou que o terminal ficaria fechado por dez dias, depois postergou para 30 dias, até anunciar que o espaço ficaria fechado por tempo indeterminado.

Fala à nação

A Secretaria de Comunicação Social (Secom) avalia fazer até o fim da semana um pronunciamento de Lula à nação sobre todas as ações do governo. Nesta viagem ao Rio Grande do Sul, o presidente planeja ter agendas de contato direto com a população, o que ainda não ocorreu. Nas outras duas ocasiões em que esteve no estado para tratar da crise, Lula fez reuniões com políticos em espaços restritos e reclamou do formato dos compromissos.

O presidente tem exigido uma reação mais efetiva, que demonstre que o governo não está parado diante da tragédia. Lula vê o enfrentamento da enchente como uma oportunidade para que o governo saia das cordas e preste serviço efetivo à população gaúcha. Na terça-feira, o ministro da Casa Civil afirmou que o Planalto irá nomear uma “autoridade federal” no Rio Grande do Sul.

Na segunda-feira, pesquisa Genial/Quaest sobre a próxima eleição presidencial mostra que, para a maioria dos brasileiros (55%), o presidente não merece ser reeleito em 2026. Isso em um momento em que pesquisas de opinião preocupam auxiliares de Lula, além da disseminação de conteúdo contra o governo nas redes.

Em rota de colisão

  • Carlos Lupi: sem consultar a Casa Civil, o ministro da Previdência, Carlos Lupi, anunciou o pagamento de um salário extra aos atingidos pelas chuvas. Com impacto de R$ 5 bilhões, o desembolso poderia comprometer a meta fiscal. Após o ministro Rui Costa se irritar, Lupi recuou. E o governo decidiu que o benefício será uma modalidade de crédito, opcional, e quem tomá-lo poderá pagar em até 36 meses, sem juros.
  • Wellington Dias: titular do Desenvolvimento Social, Wellington Dias adiantou o pagamento de recursos do ministério que, somados, representavam R$ 70 milhões. Os recursos já estavam reservados, mas Rui Costa ficou irritado com a falta de aviso à Casa Civil e disse que a medida só deveria ser colocada em prática depois da aprovação pelo Congresso do projeto que autoriza o governo a excluir da meta fiscal as despesas extraordinárias voltadas para o RS.
  • Silvio Costa Filho: outro colega de governo que deixou Rui Costa incomodado foi Silvio Costa Filho, de Portos e Aeroportos. Para o chefe da Casa Civil, ele demorou a dar uma resposta sobre a situação do aeroporto de Porto Alegre, agora fechado por tempo indeterminado. Foi da Força Aérea Brasileira (FAB) a iniciativa de abrir as bases aéreas de Canoas e Santa Maria para voos com doações. Também pegou mal o fato de Costa Filho ter ido a um evento do Sebrae no Rio de Janeiro durante as discussões sobre a crise gaúcha.

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