Política
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A investigação da Polícia Federal envolvendo a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) encontrou indícios de que a estrutura paralela que vigorou no órgão durante o governo de Jair Bolsonaro incluía pedidos pelo WhatsApp para seguir parlamentares e tentativa de ocultar registros de operação.

Em março de 2020, o então diretor-geral da Abin, Alexandre Ramagem, encaminhou a um subordinado uma mensagem informando sobre um jantar entre Rodrigo Maia, à época presidente da Câmara, a ex-deputada federal Joice Hasselmann e Antônio Rueda, atual presidente do União Brasil. “Jantar no Rueda ontem entre o Próprio, Joice e Rod Maia (…) Chegou com um cidadão com pasta de documento na mão…ficou 29min e saiu”, diz o texto enviado por Ramagem via WhatsApp, pedindo para checar a placa de um carro.

Após analisar dados do automóvel, um integrante da Abin informou que o veículo pertencia à Polícia Federal e era usado pelo então secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres. O carro chegou a ser fotografado pelo integrante da agência. Naquela época, Maia e Joice eram inimigos declarados do presidente Jair Bolsonaro — e faziam duras críticas ao então presidente pela condução do combate à Covid-19.

A mensagem com o relato de monitoramento dos parlamentares foi impressa na sede da Abin pelo policial federal Felipe Arlotta, cedido à agência a pedido de Ramagem. O arquivo foi recuperado recentemente pela Controladoria-Geral da União (CGU), que apura supostos desvios de conduta de servidores públicos no órgão de inteligência. A PF ainda descobriu um relatório informal intitulado “diligências Lago Sul”, com fotos do veículo utilizado por Torres, o que confirma a operação paralela.

Abin - passos vigiados — Foto: Editoria de Arte
Abin - passos vigiados — Foto: Editoria de Arte

Procurado, Maia disse não se lembrar exatamente do teor da reunião, mas conta que, na ocasião, Torres buscava ajuda para conseguir ser indicado ao cargo de ministro da Justiça. Ele viria a assumir o posto pouco mais de um ano depois, em março de 2021.

—Não sei se foi o Rueda ou ela (Joice) que levou o Anderson Torres, porque ele estava querendo ser ministro da Justiça. Só isso. Ele queria conversar com as pessoas, mas nem sei se falou sobre isso, porque eu não tinha como ajudá-lo — afirma o ex-presidente da Câmara.

Joice disse que na época do jantar em questão discutia com Maia e Rueda a fusão do PSL, então partido do presidente Jair Bolsonaro, com o DEM, de Maia. Em nota, a Abin afirmou que segue “à disposição das autoridades” e ressaltou que os fatos investigados ocorreram em “gestões passadas”. “Os casos apurados ocorreram de forma paralela ao trabalho legítimo e republicano da inteligência brasileira”, completou a agência.

Procurado, Ramagem não se manifestou. Anteriormente, o parlamentar já negou irregularidades em sua gestão à frente da agência. Bolsonaro não respondeu, mas em outras ocasiões afirmou que não havia “Abin paralela”. Arlotta não foi localizado para comentar.

Relatório informal

A investigação da PF indica ainda que havia preocupação dos integrantes da Abin ligados a Ramagem de não haver registro de algumas operações no sistema interno da agência. Uma delas envolveu Jair Renan Bolsonaro, filho mais novo do ex-presidente.

À época, a PF investigava suspeitas de tráfico de influência após a revelação pela revista Veja de que Jair Renan e seu personal trainer intermediaram uma reunião de negócios entre empresários e integrantes do governo Bolsonaro.

Naquela época, sob o comando de Ramagem, a Abin passou a seguir os passos do ex-personal trainer, numa tentativa de tirar o filho do então presidente do foco da investigação da PF, que posteriormente foi arquivada. Um integrante da agência chegou a tirar fotos do estacionamento do prédio onde morava o ex-parceiro de negócios de Jair Renan. A ação de espionagem foi flagrada pela Polícia Militar do Distrito Federal.

Em vez de repassar o relatório da operação diretamente para Ramagem, o agente da PF cedido para Abin incluiu a descrição da vigilância no sistema da agência. Por um descuido, o arquivo, registrado em 17 de março de 2021, ficou disponível para outros servidores do órgão.

Em depoimento, uma oficial da Abin contou que recebeu uma ligação de uma pessoa do gabinete da diretoria-geral da agência, sob o comando de Ramagem, pedindo para que “dessem um jeito”de “retirar o documento” ou “limitar o seu acesso” no sistema interno do órgão. A servidora disse que não tinha o que fazer, porque outras pessoas já tinham tido acesso ao relatório.

A investigação da Polícia Federal envolvendo a Abin foi iniciada após reportagem do GLOBO revelar, em março de 2023, que a agência utilizava o sistema de espionagem FirstMile. A ferramenta israelense tinha a função de monitorar a localização de alvos selecionados por meio da conexão de de rede de um celular. Ao longo da apuração, descobriu-se que políticos, assessores parlamentares, ambientalistas, caminhoneiros e professores tiveram os seus passos vigiados sem qualquer vinculação com um plano formal de operação.

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