Política
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Por O Globo — Rio de Janeiro

Após comparar a região Nordeste com “vaquinhas que produzem pouco” em entrevista ao “Estado de S. Paulo” e ser rebatido pelo consórcio de governadores da região Nordeste neste domingo, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), também foi alvo de críticas nas redes sociais. No Twitter, seu nome ficou entre os mais comentados. Usuários chegaram a resgatar o discurso feito pelo político durante um evento realizado em junho para justificar que a fala recente não foi “retirada de contexto”. Na ocasião, ele afirmou que “há uma proporção muito maior de pessoas trabalhando do que vivendo de auxílio emergencial” nas regiões Sul e Sudeste.

Zema diz que Sul e Sudeste tem mais trabalhadores do que dependentes de auxílio

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“Temos aqui uma semelhança enorme. Se tem estados que podem contribuir para esse país dar certo, eu diria que são esses sete estados aqui [das regiões Sul e Sudeste]. São estados onde, diferente da grande maioria, há uma proporção muito maior de pessoas trabalhando do que vivendo de auxílio emergencial”, disse o governador no segundo e último dia do 8º encontro do Consórcio Sul e Sudeste.

Zema chegou a alegar, na época, que foi mal interpretado, e disse que talvez não tenha usado “as palavras mais adequadas”. O governador também afirmou acreditar que o “melhor caminho” é a criação de empregos.

Em seu pronunciamento, na abertura do evento, Zema lembrou de um episódio em que uma mulher de 52 anos lhe contou, “toda satisfeita, que pela primeira vez na vida ela estava tendo a carteira de trabalho assinada”. Segundo o governador, o “auxílio é importante num momento de pandemia, num momento de recessão, mas o que vai fazer com que o brasileiro tenha dignidade, realmente, é essa geração de emprego que faz com que ele tenha essa independência”.

— Por uma questão talvez de não usar as palavras mais adequadas, eu fui mal interpretado. Porque quem conhece o brasileiro, sabe: ele quer um trabalho digno. Ele recebe o auxílio porque não está tendo opção. E nós governadores aqui do Sul e Sudeste priorizamos a criação de empregos. Nós acreditamos que esse é o melhor caminho — disse Zema.

Ainda segundo o governador mineiro, com o Consórcio Sul e Sudeste, os mandatários estariam copiando a união entre estados das regiões Norte e Nordeste. Ele disse, também, que não há "soluções milagrosas" para fazer com que as cidades e os estados funcionem, apenas o trabalho das pessoas.

Além do governador mineiro, o encontro reuniu Tarcísio de Freitas (São Paulo), Renato Casagrande (Espírito Santo), Ratinho Júnior (Paraná), Eduardo Leite (Rio Grande do Sul) e Jorginho Mello (Santa Catarina).

O principal pano de fundo da discussão deste fim de semana é o desenho da Reforma Tributária, em tramitação no Senado. Os estados do Sul e do Sudeste tiveram papel decisivo na aprovação do texto pelos deputados, com destaque para a atuação do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Já no Senado, O GLOBO mostrou que as modificações cogitadas terão maior influência dos estados do Norte e do Nordeste, com maior ênfase nas questões federativas e com sinais de apoio do governo. Um dos pontos da cisão é o Conselho Federativo, instância máxima dos 26 estados, mais o Distrito Federal, e do conjunto de municípios, que vai gerir o Imposto Sobre Bens e Serviços (IBS), união do ICMS e ISS.

O grupo de estados do Sul e Sudeste quer uma representação proporcional à população, o que poderia garantir maioria nas discussões desse Conselho. Na entrevista ao “Estado de S. Paulo”, Zema vê os estados do Sudeste em desvantagem, e compara a situação dos estados a produção das vacas:

— Está sendo criando um fundo para o Nordeste, Centro-Oeste e Norte. Agora, e o Sul e o Sudeste não têm pobreza? (...) Se não você vai cair naquela história do produtor rural que começa só a dar um tratamento bom para as vaquinhas que produzem pouco e deixa de lado as que estão produzindo muito. Daqui a pouco, as que produzem muito vão começar a reclamar o mesmo tratamento — declarou.

Políticos do Nordeste rebatem

O consórcio de governadores da região Nordeste, presidido pelo Governador do Estado da Paraíba, João Azevêdo (PSB), avaliou, neste domingo, que a fala de Zema representa “um movimento de tensionamento com o Norte e o Nordeste”, e lembrou que esses estados da Federação vêm sendo “penalizadas ao longo das últimas décadas” nos projetos nacionais de desenvolvimento.

“Negando qualquer tipo de lampejo separatista, o Consórcio Nordeste imediatamente anuncia em seu slogan que é uma expressão de ‘O Brasil que cresce unido’. Enquanto Norte e Nordeste apostam no fortalecimento do projeto de um Brasil democrático, inclusivo e, portanto, de união e reconstrução”, disse em nota o Consórcio.

O grupo também declara que as falas do governo de Minas Gerais indicam “uma guerra entre regiões”. “É importante reafirmar que a união regional dos estados Nordeste e, também, os do Norte, não representa uma guerra contra os demais estados da federação, mas uma maneira de compensar, pela organização regional, as desigualdades históricas de oportunidades de desenvolvimento”, citam.

A repercussão ultrapassou os políticos do Nordeste e reverberou entre governistas e líderes de esquerda. A presidente do PT e deputada Gleisi Hoffmann (PR) chama a percepção de Zema de preconceituosa e atrasada. “Eu sou do Sul e essa fala é inadmissível, temos orgulho no nordeste, do povo nordestino. Queremos a união do povo brasileiro por um país justo, solidário, livre de discriminação”, publicou a deputada.

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