Política
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Por Luísa Marzullo

Um grupo de dez parlamentares de esquerda apresentou nesta sexta-feira à Procuradoria-Geral da República (PGR) um pedido para que o deputado federal Ricardo Salles (PL-SP) seja investigado por "apologia à ditadura militar". A representação refere-se à oitiva do general Gonçalves Dias, na última terça-feira, na CPI do MST, da qual Salles é relator. Na ocasião, o ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL) perguntou repetidas vezes ao ex-titular do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI) sobre qual seria a opinião dele a respeito do golpe de 1964.

As provocações de Salles sobre o tema geraram intenso bate-boca na comissão, que se estendeu por mais de dez minutos. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que não havia pertinência nas perguntas, já que não existe conexão com o tema da comissão. "A senhora fala na sua vez", rebateu Salles, acalorando a discussão.

— Seus colegas, unanimemente, defendem a ação de 1964. Vou perguntar novamente, é a última oportunidade — insistiu Ricardo Salles, dirigindo-se a GDias, como o militar é conhecido.

O general chegou a se referir ao golpe como "movimento de 64", mas frisou que "não gostaria de entrar nessa seara" e fez coro com os petistas:

— Deputado, isso não é objeto da comissão. O Exército pauta a sua conduta em cima de hierarquia, disciplina e cadeia de comando, amalgamado pelos valores éticos — afirmou.

Na representação encaminhada à PGR, que inclui a transcrição de todo o diálogo, os parlamentares de PT, PCdoB e PSOL argumentam que a "postura lamentável e indecorosa" do relator da CPI "realizou de forma injustificável a defesa e apologia do regime de exceção que vigorou entre os anos de 1964 a 1985 no país". "A fala", pontuam os deputados, "para além de violação ao decoro parlamentar, configura, em tese, crime comum, além de navegar na contramão da história".

"Não se pode admitir como possível que um deputado federal, que ocupa um do cargo de representante popular e de defensor das instituições e da Constituição Federal, eleito sob os cânones democráticos, possa vir a público, numa sessão de Comissão Parlamentar de Inquérito, promover apologia a defesa, direta ou subliminar, de um regime de exceção que, em um passado recente, vitimou centenas de vidas e mutilou a ideia de democracia que conduz as nações prósperas e que se orientam no respeito da dignidade da pessoa humana", frisa um trecho do documento.

O pedido é assinado pelos deputados Padre João (PT-MG), Nilto Tatto (PT-SP), João Daniel (PT-SE), Marcon (PT-RS), Valmir Assunção (PT-BA), Paulão (PT-AL), Talíria Petrone (PSOL-RJ), Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e Daiana Santos (PCdoB-RS).

— Entramos com representação no MPF para que sejam tomadas medidas cabíveis contra esse crime de apologia à pior fase desse país. É por famílias que nunca mais viram seus parentes, pelos torturados, perseguidos e assassinados. Não vamos nos calar diante desse absurdo — disse ao GLOBO Padre João, um dos signatários da representação remetida à PGR.

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