O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quinta-feira ser favorável à ampliação da base de apoio do governo no Congresso Nacional. Ele indicou que a reforma ministerial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para acomodar partidos do Centrão vai ajudar a agenda econômica.
— Quem tem que julgar isso é o presidente da República. Eu sou a favor de ampliar a base? Sou. Penso que isso vai dar mais conforto para o governo, que precisa fazer uma transição e arrumar a desarrumação que foi feita. E isso exige apoio — disse, em entrevista à GloboNews.
Diferentes partidos, como PP e Republicanos, negociam integrar o primeiro escalão do governo. O temor é que a falta de base do governo do Congresso afete o cronograma de pautas do Executivo.
A colunista do GLOBO, Vera Magalhães, destacou em seu blog que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tem demonstrado a interlocutores descontentamento com a demora na reforma ministerial.
O ministro Haddad evitou citar os nomes cogitados na troca de comando de ministérios e órgãos de governo. Ao ser questionado sobre uma possível substituição na presidência da Caixa Econômica Federal, ele disse que mantém uma boa relação com Rita Serrano, atual comandante do banco público e comentou que ela "é uma pessoa de carreira". No momento, a ex-deputada Margarete Coelho é cogitada para uma eventual troca de comando na instituição.
Por outro lado, ele reconheceu que há "pessoas que estão sendo cogitadas" que têm "ótima relação" com o presidente Lula.
— Obviamente não é porque um ministro tem uma feição mais conservadora, que ele não tenha uma agenda aderente ao plano de governo. O presidente é uma pessoa que tem apreço por governar, ele não terceiriza o governo. É da personalidade dele querer saber o que está acontecendo com cada pasta — argumenta.
O titular da Fazenda também que o Executivo conta com no máximo 150 deputados governistas (do total de 513), e cita que o presidente Lula assumiu o terceiro mandato em uma “situação atípica” com o resultado eleitoral apertado.
— Quando o presidente, ele próprio, escolheu o slogan ‘União e Reconstrução’ estava sinalizando que pegou uma situação crítica. Uma pessoa (Bolsonaro) se desesperou para ganhar a eleição e torrou o que o país não tinha. Então ele (Lula) sabia que era uma situação onde tem (sic) que ampliar, dar conforto para que essa agenda (do atual governo) prosperar — avalia.
Pochmann no IBGE
O ministro comentou ainda que não entendeu o "frenesi" em torno de Marcio Pochmann no IBGE. O economista é uma escolha pessoal de Lula para o órgão vinculado à pasta do Planejamento e Orçamento, comandada por Simone Tebet.
— O presidente Lula comentou comigo que havia conversado com a Simone (Tebet) sobre o Pochmann assumir o IBGE. Tem um interino lá (...) Ele é uma pessoa muito próxima do presidente Lula. É um companheiro do partido. Eu não entendi o frenesi entorno desse assunto — declarou Haddad.
Haddad foi questionado sobre um episódio em que ele, em tom de piada, diz 'não ser o Marcio Pochmann', em referência à corrente de pensamento econômico dele:
— Esse episódio foi recortado. Eu estava debatendo com Marcos Lisboa no Insper. E o Marcos falava comigo e reclamava da Unicamp. Eu sou formado na USP. Uma hora eu falei pra ele: 'você está falando com Fernando Haddad, você não está falando com Marcio Pochmann'. Por que ele (Marcos) falava muito da heterodoxia da Unicamp. Eu tenho uma formação na USP em economia. E a economia da USP tem, ou tinha, uma peculiaridade: era mais plural, na minha opinião.