Por mais de duas horas, membros da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro debateram a portas fechadas sobre os pedidos de dados sigilosos e a convocação de personagens envolvidos na investigação. Em uma espécie de “reunião secreta”, parlamentares debaterem sobre procedimentos e a oposição fez reclamações sobre o vazamento de informações que revelaram movimentações atípicas nas contas bancárias do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro Mauro Cid e do próprio ex-presidente.
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Houve exaltação de ânimos e definições sobre a pauta do dia, como um acordo para pautar a convocação do hacker Walter Delgatti.
o presidente do colegiado, deputado Arthur Maia (União-BA), tenta firmar um entendimento para que a pauta tenha um equilíbrio entre pedidos da oposição e base. O governo, no entanto, tem maioria na CPI e pode derrotar os pedidos no voto.
—Meu grande esforço tem sido em construir uma pauta em que possam ser aprovados requerimentos dos dois lados— afirmou o presidente da comissão ao fim da reunião.
Em relação aos dados bancários, houve uma tentativa de acordo frustrada. A ideia era que a CPI só aprovasse apenas relatórios de inteligência financeira do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e não a quebra de sigilo bancário dos investigados. Isso significaria, na prática, que os parlamentares teriam acesso à análise do órgão, já com a identificação de movimentações atípicas e não aos dados brutos.
Hacker
Parlamentares da base do governo acreditam na aprovação da convocação do hacker Walter Delgatti na Comissão Parlamentar de Inquérito Mista (CPMI) do 8 de janeiro. Quatro pedidos para ouvir Delgatti foram apresentados ao colegiado após a operação da Polícia Federal.
Ontem, quando os pedidos foram protocolados a defesa de Delgatti afirmou ao GLOBO que o hacker comparecerá "com certeza", caso seja de fato convocado. Alvo de um mandado de prisão preventiva na quarta-feira, Delgatti relatou à Polícia Federal que o ex-presidente Jair Bolsonaro lhe perguntou se era possível invadir a urna eletrônica. O questionamento teria sido feito pelo então presidente no Palácio do Alvorada em um encontro ocorrido em agosto de 2022, conforme o depoimento de Delgatti.
Delgatti e a deputada Carla Zambelli (PL-SP) são os dois principais investigados da operação. A parlamentar foi alvo de mandados de busca e apreensão, enquanto Delgatti foi preso preventivamente.
—Zambelli trouxe o hacker para o interior do golpe com aval de Bolsonaro, por isso quero convoca-lo à CPI—afirmou o deputado Rogério Correia (PT-MG), um dos autores dos pedidos de convocação
Além dele, os deputados Duarte Junior (PSB-MA) e Jandira Feghali (PcdoB-RJ), além da relatora da CPI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA) também pediram a convocação.