Política
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Por Camila Turtelli — Brasília

Com a possibilidade de o ex-presidente Jair Bolsonaro ser condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já na semana que vem, uma parcela de seus aliados entregou os pontos e planeja o cenário com o antigo ocupante do Palácio do Planalto no papel de principal cabo eleitoral do PL, não como candidato. Na sexta-feira, já como parte do plano, ele esteve em Porto Alegre num evento de filiação de prefeitos. Na segunda-feira, participará de uma reunião em São Paulo também com o intuito de turbinar os quadros do partido.

A derrota na Corte já é admitida por aliados em conversas reservadas e, mesmo publicamente, o tom predominante sinaliza a “virada de página”. O cenário mais otimista entre integrantes do PL prevê três votos favoráveis entre os sete ministros, mas há quem tema também um revés por unanimidade.

Caso o TSE decida tornar Bolsonaro inelegível por oito anos, como defendeu o Ministério Público, o PL vai turbinar a estratégia já em andamento, que prevê um tour do presidente pelo país.

— Tenho convicção de que ele não vai ficar inelegível. Mas, se essa loucura acontecer, certamente elegeremos mais prefeitos, porque a força da palavra do Bolsonaro crescerá — disse ao GLOBO o presidente do partido, Valdemar Costa Neto.

Nesta sexta-feira, em Porto Alegre, durante um ato organizado pelo PL, 11 prefeitos e 12 vices de cidades do interior do Rio Grande do Sul formalizaram a filiação à sigla. Bolsonaro aproveitou o evento para repetir que o TSE não pode levar em consideração novos elementos incluídos com o processo em curso, como a minuta golpista encontrada pela Polícia Federal na casa do ex-ministro Anderson Torres. O ex-presidente levantou ainda a hipótese de, se for absolvido, concorrer a vereador no ano que vem e a presidente em 2026, “se estiver vivo e for a vontade do povo”.

Dentro de um terreno mais pragmático, o plano traçado pelo PL vê em Bolsonaro mais um forte cabo eleitoral do que um potencial candidato. O partido chega a falar em alcançar 1.500 prefeitos, quatro vezes mais do que os atuais 360. Em São Paulo, a intenção é comandar 150 municípios, enquanto hoje há 83 prefeitos ou vice-prefeitos — na capital, a aposta é o senador Marcos Pontes, depois que o deputado federal Ricardo Salles desistiu.

De acordo com o colunista do GLOBO Lauro Jardim, Bolsonaro e Valdemar vão se reunir na segunda com os 17 deputados estaduais do PL em São Paulo. O objetivo é aproveitar o declínio do PSDB para atrair prefeitos da sigla, que hoje são 350 no estado. Na costura política, PL e PSD vão atuar em conjunto: a meta é que 220 tucanos migrem para o PSD, enquanto 120 fiquem com o PL, restringindo o PSDB a apenas dez prefeitos no estado que governou por quase 30 anos.

PL já vê Bolsonaro fora das eleições e planeja usar capital político do ex-presidente — Foto: Editoria de Arte
PL já vê Bolsonaro fora das eleições e planeja usar capital político do ex-presidente — Foto: Editoria de Arte

No início do mês, ao inaugurar a sede do PL em São José do Rio Preto (SP), Valdemar reforçou que Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle terão participação efetiva e que o foco estará direcionado para as cidades com mais de 200 mil habitantes. Hoje, o partido só comanda uma capital, Maceió, com JHC. A sigla aposta que ex-ministros de Bolsonaro podem aumentar essa participação e estimula as candidaturas de Braga Netto no Rio; Onyx Lorenzoni em Porto Alegre; Marcelo Queiroga em João Pessoa; e Gilson Machado em Recife.

O partido tem duas armas principais para impulsionar os números. A primeira é o que vem sendo chamado internamente de a “palavra do Bolsonaro”, que, do ponto de vista de seus apoiadores, será fortalecida caso ele fique fora de eleições por decisão judicial e tenha a pecha de “injustiçado”. A segunda é a maior fatia, entre todos os partidos, de dinheiro público ao qual terá direito por ter eleito a maior bancada do Congresso no ano passado.

Fundo turbinado

Uma estimativa preliminar da consultoria Action Relações Governamentais prevê que o partido terá 17% do fundo eleitoral em 2024. Para efeito de comparação, o índice foi de 5,4% em 2022. O montante do ano que vem ainda será definido pelos parlamentares, mas se os 17% fossem aplicados ao valor liberado no ano passado, o partido teria R$ 843 milhões para financiar campanhas. Esse total se soma ao fundo partidário, destinado ao funcionamento das legendas. Em 2023, o PL receberá R$ 205 milhões.

O partido se inspira até no maior adversário, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que manteve a influência no cenário político mesmo enquanto esteve preso. Bolsonaristas acreditam ainda ter uma vantagem em relação aos petistas. Para eles, a direita tem nomes mais fortes do que o PT tinha em 2018, quando Lula foi substituído pelo atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Entre os principais cotados estão os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos); de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo); e a senadora Tereza Cristina (PP-MS). O nome de Michelle foi ventilado, mas dirigentes do PL tentam convencê-la a ser candidata ao Senado.

— Bolsonaro e Lula são inegavelmente líderes. Se o TSE cometer esse desatino de torná-lo inelegível, contribuirá para o crescimento da direita conservadora, e Bolsonaro vai liderar o processo eleitoral — avalia o senador Carlos Portinho (PL-RJ).

Aliados de outros partidos corroboram a análise. Ex-ministro e presidente do PP, o senador Ciro Nogueira (PI) lança uma provocação e afirma que o PT sequer elegerá prefeitos nas maiores cidades do país se Bolsonaro ficar inelegível. O partido de Lula hoje está fora do comando de capitais, mas tem a expectativa de um impulso a partir da popularidade do presidente.

— Se essa injustiça acontecer, vai ocorrer um sentimento de revolta muito grande. Isso será traduzido em votos aos candidatos ligados a ele — disse Nogueira. (Colaborou Diego Nuñez, especial para O GLOBO)

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