O livro "Janja: a militante que se tornou primeira-dama" (Máquina de Livros), dos jornalistas Ciça Guedes e Murilo Fiuza de Melo, será lançado nesta quinta-feira e propõe-se a "revelar quem é Janja além da imagem que o Partido dos Trabalhadores construiu para ela". Os autores descrevem Rosângela Lula da Silva como uma mulher independente e de personalidade forte, fã de futebol, ligada às fases da Lua e que causou inveja a muitas mulheres na vigília, em frente à Superintendência da Polícia Federal (PF), em Curitiba, por conquistar o coração do presidente.
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Contato com Gleisi
Janja filiou-se ainda muito nova, com 17 anos, ao Partido dos Trabalhadores, ajudando na consolidação do diretório municipal em Ponta Grossa (MT). Foi secretária da sigla e, no fim dos anos 1990, tornou-se assessora parlamentar da liderança na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). No cargo, conheceu Gleisi Hoffmann, presidente do partido desde 2017.
Veja fotos de Rosângela da Silva, a Janja
Os primeiros encontros com Lula
Foi também o PT que uniu Janja e Lula. O livro mostra que ambos se encontraram em momentos esporádicos da vida, sem qualquer interação romântica. O primeiro deles ocorreu em 1994, durante uma das edições das Caravanas da Cidadania. Mais de uma década depois, eles se veriam novamente, em Brasília. Na ocasião, a socióloga teria entregue uma bandeja feita de fibra de bananeira ao presidente como presente pelos seus 64 anos.
Os dois voltariam a se encontrar em 2011, dessa vez no Rio de Janeiro, durante uma palestra organizada pela própria Janja. Mas foi o encontro em dezembro de 2017, durante um jogo de futebol organizado pelo MST, em São Paulo, o pontapé para o relacionamento, que teve início em fevereiro de 2018. Dois meses depois, Lula seria preso. Janja, como revela a obra, teria estado com o petista no Sindicato dos Metalúrgicos, em São Paulo, antes de sua entrega à Polícia Federal (PF).
Vida sob escolta e medo de violência
Quando Janja ainda não estava sob os holofotes, seu acesso passou a ser monitorado pelo partido. A socióloga, contudo, não gostava dos seguranças por perto, alegando que não precisava. Sua opinião mudou quando um bêbado apontou uma arma para um dos advogados de Lula, Manoel Caetano.
O namoro veio à tona quando, em maio, o economista Luiz Carlos Bresser-Pereira escreveu que Lula "está apaixonado e seu primeiro projeto ao sair da prisão é se casar". Antes, "apenas os mais próximos a ele (Lula) e alguns militantes sabiam", porque "havia receio de que ela (Janja) pudesse sofrer violência", escreve a obra. A assessoria do PT queria uma atitude discreta por parte da socióloga, que logo começou a dar sinais de que não seguiria esse roteiro por muito tempo.
Telefonema para Tebet
Após o fim do primeiro turno, Janja foi responsável pelo telefonema à atual ministra do Planejamento, Simone Tebet. A candidata do MDB, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno, sinalizou então o apoio à campanha de Lula, que se concretizaria.
Janja x Múcio
Durante os ataques do 8 de janeiro, a primeira-dama rebateu a sugestão de José Múcio, ministro da Defesa, de decretar a Garantia da Lei e da Ordem (GLO). Ela foi enfática ao dizer: "GLO não! GLO é golpe! É golpe". Na ocasião, Lula decidiu decretar intervenção na segurança do Distrito Federal.
Papel no Lula 3
Janja ainda aguarda nomeação oficial no Gabinete de Ações Estratégicas em Políticas Públicas, com um cargo não remunerado. "(A relação entre Lula e Janja) cresceu na campanha, e Lula não seria Lula 3 sem Janja, assim como Janja não seria o que é hoje sem o petista", avaliam os jornalistas no livro.
Ciça Guedes e Murilo Fiuza são autores de "Todas as mulheres dos presidentes", que conta a história de 34 primeiras-damas brasileiras. O livro "não contou com o apoio ou participação de Janja, nem de seus amigos mais próximos", afirmou a assessoria da primeira-dama.
* Estagiária sob supervisão de Renan Damasceno