Política
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Por Jeniffer Gularte — Brasília

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva mapeou pontos sensíveis que podem ser explorados pela oposição na CPI dos Ataques Golpistas, a ser instalada nesta semana no Congresso. O principal deles é um eventual depoimento do general Gonçalves Dias, demitido do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) após a divulgação de vídeos que o mostram interagindo com invasores do Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro.

Embora acredite que conseguirá ter maioria na CPI, o governo teme que haja exploração de documentos que comprovem falha de avaliação ou de iniciativa de GDias, como o ex-ministro do GSI é conhecido, para evitar a invasão do Planalto. Como mostrou O GLOBO, embora a própria Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e a Polícia Federal tenham emitido alertas, o general sustenta que não os recebeu.

A preocupação de integrantes do governo também está na sua provável convocação para depor na CPI. A oposição já avisou que ele será um dos primeiros a serem chamados.

Para defender o general, amigo de Lula há 20 anos, o governo baterá na tecla de que o ex-ministro não agiu de má-fé nem foi inábil deliberadamente em favor de golpistas. O argumento principal é que, como ele estava há menos de uma semana no cargo, não houve tempo suficiente para identificar servidores bolsonaristas no GSI e exonerá-los.

— Com GDias vão explorar falta de pulso e eventual incompetência. Pode ter tido erros na condução, sim, mas eram cinco dias úteis de governo. Não significa conivência nem armação do governo com o que aconteceu — afirma o deputado federal Rogério Correia (PT-MG), cotado para integrar a comissão.

A relação com militares durante a CPI também será um ponto de atenção no Palácio do Planalto. Ao mesmo tempo em que parlamentares aliados pretendem apontar os acampamentos em frente aos quartéis do Exército como nascedouro da trama golpista, o governo não quer que a CPI se reverta em nova crise com as Forças Armadas. Desde janeiro, Lula tem feito gestos para se aproximar da caserna.

Auxiliares do petista admitem que será difícil não criar ruído com os militares, especialmente porque o Planalto pode até orientar parlamentares aliados, mas não tem controle sobre o que dirão. O temor sobre eventuais tensões entre governo e Forças Armadas é compartilhada pelo ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, que terá um assessor parlamentar acompanhando os depoimentos.

“Dar nomes aos bois”

Uma das estratégias que vêm sendo discutidas será a de “fulanizar” eventuais militares que tiveram envolvimento direto com os acampamentos. Dar “nomes aos bois” é, segundo integrantes do governo, uma forma de não tratar como um problema da instituição.

O general da reserva Gonçalves Dias — Foto:  Evaristo Sá/AFP
O general da reserva Gonçalves Dias — Foto: Evaristo Sá/AFP

Como mostrou O GLOBO, integrantes do Palácio do Planalto já têm avisado a parlamentares para evitar críticas direcionadas a generais. De acordo com articuladores de Lula, o tom do governo será de focar em pessoas suspeitas de terem cometido crimes e detectar financiadores dos atos.

Outra fragilidade identificada por integrantes do governo é a guerra digital. Com a provável escalação de bolsonaristas com milhões de seguidores na CPI, como Eduardo Bolsonaro (PL-SP), André Fernandes (PL-CE) e Nikolas Ferreira (PL-MG), o Planalto trabalha um plano de atuação nas redes sociais. A ideia é montar uma equipe de influenciadores para conseguir aumentar a capacidade de reação para eventuais derrapadas de aliados que serão exploradas pela oposição.

Para tentar minimizar pontos sensíveis do governo, o Ministério de Relações Institucionais, responsável pela articulação com o Congresso, vai coordenar pedidos de informações de outras pastas e a orientação a parlamentares da base do governo.

Temas sensíveis ao Planalto

Envolvimento de Dias

Câmeras de segurança flagraram presença de Gonçalves Dias no Palácio do Planalto — Foto: Reprodução/ CNN Brasil
Câmeras de segurança flagraram presença de Gonçalves Dias no Palácio do Planalto — Foto: Reprodução/ CNN Brasil

O Palácio Planalto vê risco de a CPI levantar documentos e provas que comprovem que o GSI foi alertado sobre o risco de invasão na primeira semana de janeiro. Até agora, o ex-ministro da pasta tem afirmado que os informes produzidos não chegaram a ele.

Participação de militares

O governo vai apontar os acampamentos montados em frente a quartéis do Exército, onde bolsonaristas se reuniram para contestar as eleições, como nascedouro dos atos 8 de janeiro. O receio é que isso acabe por criar nova crise com as Forças Armadas.

Guerra digital

Com a escalação de bolsonaristas "bons" de redes sociais para integrar a CPI. governistas planejam a um monitoramento em tempo real da repercussão da CPI no meio digital para evitar que a oposição saia vencedora do debate virtual.

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