Murilo Benício fala da reprise de 'América' no Viva, da carreira e de projeto com o filho

Murilo Benício voltará ao ar nesta segunda-feira (27) no Viva com um papel marcante da sua carreira, o Tião de “América”, novela de Gloria Perez:

— Eu gosto muito de trabalhar com a Gloria, porque ela é uma autora que sempre propõe temas novos e diferentes. Nesta novela, ela falou sobre a questão da imigração ilegal e mostrou todo aquele universo dos rodeios. É um Brasil que as pessoas do Sudeste principalmente não têm noção da força e do tamanho. Foi também uma novela muito leve, em que o elenco se divertiu demais.

Interpretando um peão de rodeio na trama, ele conta que a preparação não foi complicada, já que é dono de uma fazenda há anos e tem o costume de lidar com animais como bois e touros:

— Claro que eu nunca tinha montado um touro na vida. Mas já tinha uma familiaridade com esse universo por conta da minha fazenda. Eu passei um período me preparando com o peão que inspirou a Gloria a criar o personagem e isso me ajudou a me aproximar ainda mais.

Murilo acrescenta que era mais familiarizado com o tema da imigração para os Estados Unidos. Aos 18 anos, ele decidiu ir para lá a fim de melhorar o seu inglês:

— Eu fiquei nos EUA entre 1989 e 1991 e passei por tudo que um imigrante passa, menos a parte da viagem ilegal. Eu entrei legalmente, mas entregava pizza, lavava o chão da pizzaria, tinha duas rotas de entrega de jornal. A partir daí, eu consegui entender esse sonho de muitos. Com esses trabalhos, eu conseguia ter um carro zero e uma vida boa. Há um respeito muito maior pelo trabalho, por mais simples que seja a função. Isso não acontece no Brasil.

Este ano, Murilo gravou a série “Justiça” 2, que irá ao ar no Globoplay. Ele conta que está muito animado com o resultado do projeto e que adorou o seu personagem, um homem que abusa sexualmente da sobrinha, interpretada por Alice Wegmann:

— Gravamos boa parte em Brasília, o que foi ótimo. Primeiro porque eu conhecia muito pouco daquela região e acabei conhecendo bastante. Outra coisa interessante é que, quando você grava fora do Rio, há uma proximidade muito maior entre o elenco e a equipe. Não é como gravar nos Estúdios Globo, em que, no fim do dia, todo mundo volta para casa. Lá, todos ficam juntos e geralmente acontece aquele churrasco com cerveja nos intervalos. Essa proximidade entre os envolvidos é muito benéfica para o projeto.

Já nos cinemas, Benício lançou “Pérola”, seu segundo longa-metragem como diretor. Ele afirma que está numa fase da carreira em que, muito mais do que receber convites para projetos, quer criar os seus próprios:

— Eu estou há 30 anos sendo chamado para fazer novelas e filmes. Eu praticamente emendei “Pantanal” com “Justiça” 2, por exemplo. Isso é ótimo, mas estou numa fase em que também quero chamar as pessoas e propor trabalhos. Quero produzir. É um lugar que me preenche até mesmo como ator e traz uma reciclagem. Senão, a gente começa a se repetir.

Aos 52 anos, ele diz estar maduro e se vê no seu auge profissional:

— Eu nunca me senti tão preparado para a profissão como agora, principalmente como ator. A experiência na direção me deu uma visão completa do set e de todos os problemas que podem acontecer. Isso melhorou a minha atuação. Antes de dirigir, às vezes eu era um pouco impaciente com as coisas. Hoje eu tenho certeza de que, quando eu sou chamado para um papel, eu tenho uma habilidade para colocar no personagem que eu não tinha há alguns anos. E querendo ajudar, somar e trabalhar em grupo. Isso vem dessa vivência de querer fazer coisas, querer empreender e realizar os meus projetos.

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Um desses projetos é o desenvolvimento de um filme junto com o filho mais velho, Antonio Benicio, fruto do relacionamento com Alessandra Negrini. Ele comenta a parceria.

— É maravilhoso e às vezes difícil. A gente precisa estar muito atento à questão da intimidade. Entender que, quando nos reunimos para falar do projeto, não estamos falando como pai e filho. Como as reuniões acontecem na minha casa, é ainda mais complicado, porque é sempre algo mais descontraído. Esse é um projeto que exige muita pesquisa e leitura, algo que o Antonio sempre adorou. Então, ele se encaixou muito bem – conta Murilo, ressaltando não poder ainda entrar em detalhes sobre o filme.

Já o filho mais novo, Pietro, do casamento com Giovanna Antonelli, seguiu pelas artes por outros caminhos. Ele é músico e acaba de assinar contrato com uma agência de modelos:

— O Pietro está com 18 anos e se encontrou totalmente na música. A gente dá todo o suporte e incentiva totalmente. Essa parte da moda eu não sei se é realmente uma paixão. Ele é um rapaz bonito e está aproveitando uma oportunidade.

Nos próximos dias, o ator e os dois filhos irão viajar em família para a Europa, onde passarão as festas de fim de ano. Lá, Murilo encontrará a namorada, a jornalista Cecilia Malan, correspondente da Globo em Londres:

— Estamos muito animados. Vai ser a primeira vez do Pietro em Londres. Depois a gente vai para Paris. Vai ser uma viagem boa.

Sobre o fato de viver um relacionamento à distância, o ator avalia que há dois lados:

— Não dá para dizer que é fácil nem que é ruim. Estamos há um tempão juntos, e tem dado super certo. Não sei se estaria tão bom se ela estivesse aqui. Sempre que a gente se encontra, parece que ainda é uma novidade. Isso não existe num romance em que os dois moram perto. Claro, o lado ruim é a saudade.