Washington Olivetto
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A Oxford University Press, da Inglaterra, todos os anos elege a palavra do ano.

Em 2023, elegeu a palavra rizz, que significa capacidade de encantar, facilidade de atrair, ser sedutor, ter charme. O jornalista brasileiro Flamínio Fantini chegou à conclusão de que rizz em inglês é uma espécie do velho e bom borogodó em português. A escritora Marta Góes comentou que rizz lembra a palavra it, usada no Brasil dos anos 1970. Para um rapaz fazer sucesso com as meninas, não bastava ser um pão. Tinha de ter it.

Novos sentidos e novas expressões surgem de tempos em tempos. Poucas ficam; a maioria desaparece. Na época do programa de televisão Jovem Guarda, estrelado por Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa, surgiu a expressão é uma brasa, mora, que fez sucesso durante dois anos e meio, depois sumiu.

Teve quem comentou, baseado em suposições, que aquela frase era uma referência a um cigarro de maconha aceso. Na verdade, o que se pode confirmar, baseado em constatações, é que a palavra baseado, com o passar do tempo, se eternizou como sinônimo de cigarro de maconha. Aceso ou apagado.

Drogas e sexo produziram palavras com diferentes sentidos e também novas expressões. A palavra carreira, que definia progresso profissional, passou a definir também uma fileira de cocaína, droga pesada que, diga-se, já destruiu muitas carreiras promissoras. O filme “Let’s get lost”, sobre a vida do trompetista Chet Baker, mostra isso.

A expressão entrou areia, segundo o que muitos dizem, refere-se a sexo na praia. Em princípio, parece ter lógica, mas quem sabe?

Da música popular, surgiram várias novidades. Simbora e deixa cair começaram no repertório de Wilson Simonal no seu auge. Simbora ganhou vida própria, virou simbora ler, simbora assistir, simbora comer, simbora viajar. Deixa cair continuou só no repertório do Simona.

Caetano popularizou a palavra odara, extraída do candomblé. Odara, além de canção popularíssima e dançável, virou também nome de patrulha, na época em que Cacá Diegues criou a imortal expressão patrulhas ideológicas.

Voltando ao sexo, são inúmeras as palavras que definem os órgãos sexuais masculinos e femininos. A maioria delas grosseiras e, por causa disso, imerecedoras de ser lembradas. Outras engraçadas, como a expressão tremendo pé de mesa, que apelidou homens com membros avantajados.

Do futebol, saíram expressões para o mundo dos negócios, como fazer o meio de campo, definindo o gesto de estabelecer aproximações, e saíram expressões que definem optar pela ausência, como dar um chapéu. Ainda dos esportes, derrapada, que era do automobilismo, virou sinônimo de falha, e pegar no basquete, nome de um esporte, virou sinônimo de trabalho.

Mais que popular, a famosa expressão definidora de rompimentos amorosos, levar um pé na bunda, já está até em dicionários, assim como a expressão habitual para comentar falências, a antiquíssima foi para o beleléu.

No capítulo abreviações, a abreviação sifu, que sinaliza alguém que se saiu mal em alguma coisa, foi popularizada pelo jornal O Pasquim. Já a abreviação mifu surgiu tempos depois e é uma espécie de sifu na primeira pessoa.

Entendidos, sim, entendidos, era como os gays dos anos 1960, da geração do poeta Roberto Piva, se denominavam. Curiosamente, hoje um homem que namora outros homens é chamado de viado, no masculino, enquanto um homem que namora muitas mulheres é chamado de galinha, no feminino.

Voltando à palavra rizz, que deu origem a este texto, sinceramente não acho que sobreviva por muito tempo, muito menos vou dar uma de Miguel, fingindo que acredito que ela se transformará numa alternativa à palavra carisma, como imaginam alguns jovens ingleses.

Carisma é uma palavra belíssima, que vem do grego e, em livre tradução, quer dizer “a cara de Deus”. Uma coisa que poucos possuem, apesar de, nos últimos anos, terem se estabelecido controvérsias sobre quem tem e quem não tem carisma.

Exemplos dessas controvérsias são Donald Trump, Jair Bolsonaro e Javier Milei. Para seus eleitores, são carismáticos. Para as pessoas normais, são apenas caricatos.

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