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O número semanal de casos prováveis de dengue no Brasil mostra tendência forte de desaceleração, como esperado para esta estação do ano. O pico aconteceu entre os dias 17 e 23 de março, quando houve 415.697 registros. No final de abril, o número já caíra à metade. Na semana encerrada em 4 de maio, os casos reportados não passaram de 73.439. Ao todo, 22 estados divulgaram dados em queda. Os únicos com estabilidade foram Ceará, Maranhão, Pará e Tocantins. Em alta, apenas Mato Grosso.

A notícia é motivo para alívio, mas não para relaxamento. Como lembrou a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel, o problema pode ter diminuído de tamanho, mas continua grande: “Mesmo que tenhamos passado pela fase de maior número de casos, de muita aceleração, continuamos com muitas confirmações. Ainda é um quadro de preocupação”. Prova disso é a movimentação em hospitais de inúmeras cidades brasileiras. Não é por outro motivo que Distrito Federal e nove estados (todos os do Sul e Sudeste, além de Goiás e Amapá) ainda mantêm decretos de emergência.

O ano de 2024 não chegou nem à metade, mas já é, disparado, o recordista em casos prováveis de dengue, com 4,5 milhões (o recorde anterior era de 2015, quando foram diagnosticados 1,7 milhão em 12 meses). Outros indicadores ajudam a ter uma dimensão mais precisa da crise. Foram confirmadas 2.336 mortes até agora, alta de 203% na comparação com todo o ano de 2023, até então o mais letal. Ao todo, outras 2.439 mortes ocorridas desde janeiro estão sob investigação. O número de casos graves ou com sinais de alarme está em 49.371, concentrados na faixa etária entre 20 e 50 anos.

Transmitida pelo Aedes aegypti, a dengue é influenciada pelas condições climáticas. As chuvas do início do ano são sempre favoráveis à proliferação do mosquito. Quando perdem força a partir de abril, a incidência tende a cair, como acontece agora. Neste ano, o governo enviou 2,7 milhões de doses de vacina para grupos da população com maior risco de contrair a doença em 1.330 municípios. Até o final de abril, a campanha tinha obtido resultados pífios. Apenas 34% das doses tinham sido usadas, segundo os dados mais recentes do Ministério da Saúde. As 200 mil aplicadas em abril ficaram abaixo da marca registrada nos dois meses anteriores.

É responsabilidade dos governos federal, estaduais e municipais incentivar a adesão. Trata-se de um disparate o país investir na compra e distribuição de uma vacina ainda rara e cara para o esforço ter efeitos muito abaixo do esperado. Campanhas de conscientização para combater focos de mosquitos em caixas- d’água destampadas e outros depósitos de água parada também são fundamentais. Atacar o mosquito ainda é o método mais eficaz de combater a doença.

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