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A opinião do GLOBO.

Por Editorial

O Ministério da Saúde precisa regularizar com urgência os estoques de insulina no SUS. Em diferentes estados, pacientes com diabetes que fazem uso regular do medicamento têm relatado dificuldades para obtê-lo, como mostrou reportagem do GLOBO. Quando não o encontram no sistema público, são obrigados a recorrer a grupos de ajuda ou a comprar em farmácias, onde o tratamento custa em torno de R$ 200 por mês.

Não se pode dizer que o governo tenha sido surpreendido. O próprio ministério sabia que os estoques acabariam a partir de maio. No fim de março, o Tribunal de Contas da União (TCU) chamara a atenção para o risco de faltar insulina nos estados. O alerta foi feito depois uma inspeção, realizada a pedido do Congresso, para apurar irregularidades na compra, na entrega e no armazenamento de insumos, vacinas e remédios. Diante da ameaça de desabastecimento, o ministério orientou os estados a substituir as canetas de insulina pelo medicamento em frascos, mas a solução não é ideal, porque a ação é mais lenta.

Nos dois últimos pregões feitos pelo governo, em agosto de 2022 e janeiro de 2023, nenhuma empresa apresentou proposta. Com a redução dos estoques, o governo fez uma compra emergencial para tentar sanar o problema, mas parece ter escolhido o caminho errado. Fechou acordo para comprar 1,3 milhão de tubetes da chinesa Globalx Technology Limited, produto sem registro na Anvisa. A emergência não justifica a compra de medicamentos não aprovados, mesmo que o fabricante tenha garantido a segurança e eficácia do produto.

A situação se torna ainda mais insólita quando se lembra que lotes do medicamento que hoje falta para pacientes com diabetes foram descartados pelo Ministério da Saúde nos últimos anos, por não terem sido usados no prazo previsto. Segundo o TCU, foi perdido quase 1 milhão de tubetes de insulina de ação rápida, com prejuízo de R$ 12,5 milhões aos cofres públicos.

Não importa que o problema tenha sido herdado do governo anterior. O Planalto trocou de comando faz mais de quatro meses, tempo suficiente para pôr a casa em ordem. São evidentes as falhas de logística na distribuição do medicamento. Não só do Ministério da Saúde, pois há municípios sem insulina, apesar de ainda ser encontrada nos depósitos dos estados. É inaceitável que os pacientes com diabetes paguem o preço de tamanha inépcia. É fundamental recompor logo os estoques públicos. De preferência com produtos aprovados pela Anvisa. E na quantidade certa, para que novos lotes não acabem no lixo como tem acontecido.

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